terça-feira, 19 de março de 2013

A Justificação Pela Fé – Rom. 5.1-17

Definição

É um ato judicial de Deus, no qual Ele declara, com base na justiça de Jesus Cristo, que todas as reivindicações da lei estão satisfeitas a favor do pecador (At 13.39; Rm 5.1,9; 8.30-33; 1 Co 6.11; Gl 2.16; Gl 3.11). Na justificação estão incluídos o perdão, a adoção, a substituição vicária e a imputação.

O uso na Bíblia do termo justificar indica uma declaração legal da parte de Deus, na qual Ele nos declara justos, nos justifica (Rm 3.20, 26, 28; 5.1; 8.30; 10.4, 10; Gl 3.24; Is 50.8). A idéia de que a justificação é uma declaração legal fica clara no contraste com a condenação (Rm 8.33,34).

A justificação é um ato forense de imputação da justiça de Cristo ao crente e não uma infusão de santidade no indivíduo. Ou seja, não é o caso de tornar uma pessoa boa, mas declará-la justa. Justificação é um ato judicial de Deus que ocorre no tribunal divino e não na alma humana, como a regeneração.

Na regeneração, Deus age em nós; na justificação Ele age por nós. Se justificar fosse tornar bom, justo, não fazia sentido textos onde Deus condena quem justifica o culpado (Pv 17.15; Is 5.23), pois tornar alguém uma boa pessoa é agradável a Deus.

A justificação envolve dois aspectos:

a) O perdão dos pecados – não temos mais que pagar pelos pecados cometidos. (Rm 8.1, 33, 34; 4.6-8; Jo 5.24; Lc 18.14). Entretanto, se Deus apenas nos perdoasse, ficaríamos em situação neutra diante dele. Mas Ele faz muito mais do que isto.: Ele nos imputa a justiça de Cristo.

b) A imputação da justiça de Cristo – Deus considera a justiça de Cristo como sendo nossa (Rm 4.3; 5.17,19).

Na Bíblia, vemos três vezes a imputação de culpa ou justiça:

1. Quando Adão pecou, sua culpa foi imputada a nós;
2. Quando Cristo morreu, nossos pecados foram imputados a Ele;
3. Na justificação, a justiça de Cristo é imputada a nós.

Não se trata de nossa justiça própria, a justiça de Jesus que gratuitamente é atribuída ao homem (Fp 3.9; 1 Co 1.30).

A justificação é efetuada inteiramente pela graça de Deus e não pelos méritos humanos (Rm 3.20, 23, 24). Não é por causa de nossa bondade, mas unicamente pela bondade de Deus, revelada na obra de Cristo (Rm 5.17-19).

A base da justificação encontra-se na obra mediadora de Cristo, pois Ele satisfez a justiça divina por seu sacrifício propiciatório, como representante do homem. A justificação não ocorre por causa de nenhuma boa obra humana.

Se nossa justiça provém da obediência à Lei, Cristo morreu em vão (Gl 2.21). Não é por muitos anos de serviço na igreja, mas tão somente pela graça divina em nosso favor (Gl 3.24).

Como alcançamos a justificação?

Apropriamo-nos desta dádiva divina através da fé em Cristo (Gl 2.16; Rm 3.25, 26, 30; 5.1). A fé demonstra nossa dependência de Cristo no que tange à nossa salvação (Rm 4.16). No entanto, a fé não é o fundamento da justificação, mas apenas a mão estendida para aceitar o dom de Deus.

A justificação envolve três partes, todas voluntárias: Jesus dispõe-se voluntariamente a morrer por nós e unir-se com o pecador; O pecador dispõe-se a aceitar esta salvação, unindo-se a Cristo; O Pai aceita isto de bom grado. Assim, tudo é completamente ético e legal.
Fé e obras

A Epístola de Tiago diz que somos justificados por obras e não por fé somente (Tg 2.24). Porém, Tiago está usando a palavra justificado num sentido diferente de Paulo; não “declarar justo”, mas “provar ser justo” (Lc 16.15; 10.28,29; Mt 11.19; Lc 7.35; Rm 3.4). Tiago está argumentando contra aqueles que dizem ter fé, mas não apresentam mudança alguma em suas vidas (Tg 2.18).

A Bíblia é clara em declarar que a justificação não é pelas obras (Ef 2.8-10), mas indica que o crente justificado deve praticar obras apropriadas à sua nova natureza (2 Co 13.5; Gl 5.19-24).

A imputação da justiça vem sempre acompanhada da santificação interna (1 Co 6.11). Se a nossa culpa do pecado foi removida pela obra de Cristo e somos agora novas criaturas, devemos andar de forma diferente do tempo em que vivíamos na perdição, longe de Deus (1 Pe 4.2). S

e os crentes vivem na mentira, na desobediência, na sensualidade igual aos incrédulos, que diferença haverá?

Consequências do Pecado

É necessário fazer-se a distinção entre as consequências temporais e eternas do pecado. Quando alguém é justificado, as consequências eternas do pecado são canceladas, mas as consequências temporais não são necessariamente removidas. Davi, por exemplo, sofreu as consequências do seu pecado, mesmo tendo sido perdoado (2 Sm 12.13,14).

O ladrão da cruz morreu agonizando ali, apesar de ter sido perdoado (Lc 23.43; Jo 19.31,32). O pecado é algo grave. Mesmo o perdão de Deus sendo ilimitado e acessível, o pecado trará consequências graves.

Importância desta doutrina

1. É a verdadeira esperança para pecadores que nunca poderiam justificar-se a si mesmos, mas que pela fé em Cristo serão justificados por Ele.

2. Dá-nos confiança de que Deus nunca nos fará pagar por pecados perdoados pelos méritos de Cristo.

3. Traz-nos paz com Deus (Rm 5.1) e preserva-nos da Sua ira (Rm 5.9). Temos a certeza da glorificação final (Rm 8.30) e a libertação presente da condenação (Rm 8.33,34), além da herança da vida eterna (Tt 3.7).

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