domingo, 30 de junho de 2013

O Tabernáculo - A Casa de Deus - Redenção e Remissão Pelo Sangue de Jesus

Tanto a bíblia, como a Torah começam com a letra Bet בּ, empregada na primeira palavra das escrituras, Bereshit בְּרֵאשִׁי , 'no princípio'.

Bet significa [bayit בית , 'casa']. A idéia de casa é um conceito básico que está presente em três níveis, tanto no material, como no da alma e da espiritualidade.

No nível material, casa é referida como a construção que experimentamos passar muitas horas da nossa vida, como quando voltamos do trabalho, da escola ou da igreja.

Esse é o mais básico sentido da palavra, que quer dizer prédio ou construção.
Nós estudamos, nos divertimos, trabalhamos ou vivemos em algum tipo de prédio, seja em uma casa baixa, de um andar apenas ou de vários. Casa aqui traz esse significado implícito que compreende toda a realidade física, concreta e palpável.
No nível da alma, o corpo é a casa da alma. Todas as pessoas vivem essa experiência, mesmo que não acreditem, de terem suas almas habitando dentro de si mesmos.
E no nível espiritual, toda a criação é uma 'casa' intimamente relacionada à habitação divina. Isso explica o porquê das escrituras serem iniciadas com a letra Bet (casa), pois da perspectiva de Deus, o mundo e o universo inteiro constituem a sua morada.
Veja que a palavra Bereshit 'no princípio' pode ser quebrada em outras duas, Bayit בית 'casa' e Rosh רֹאשׁ 'cabeça'. Ao que parece querer transmitir uma grande verdade, Deus é o 'cabeça' da criação, que realiza nesta realidade e neste universo a sua 'casa'.
tabernaculo                                O Tabernáculo no Centro das Doze Tribos de Israel.

E é enigmático as razões e os motivos que Deus teria para desejar uma habitação em um nível mais baixo, como a que este mundo físico representa. Mas somos ensinados pela sua palavra que este mundo foi criado para que o ser humano pudesse existir.
Assim, na verdade, esse desejo de Deus por habitar essa realidade mais baixa, seria motivada na sua soberana vontade de encontrar a sua veradeira casa, aquela que Deus amou, e que ama habitar, e hoje sabemos que o Senhor realiza a sua morada em nosso coração e em nossa alma, à quem devemos construir a nós mesmos como sua casa santa.
O Tabernáculo [do hebraico משכן‎, mishkan, "residencia" ou "lugar de habitação"] seria assim o primeiro passo, ainda que provisório e representativo, para que o Altísssimo, quem está presente na mais alta e poderosa luz, pudesse realizar o seu ardente desejo de habitar junto ao humilde e ao quebrantado de coração.
Naquela tenda, Deus desceu para acampar juntamente com seu povo. Desta forma, os Hebreus puderam ver a auto-revelação de Deus, pois o modo como Ele se fazia presente mostrava e remetia à sua vontade de não ser somente uma divindade, mas muito mais além, de se fazer amigo dos homens.
Neste sentido, essa é a mensagem central da bíblia. Quando nós lemos a Torah, os livros de Moisés, podemos perceber a história de Deus visitando o homem, que culmina com o Senhor acampando juntamente com o homem no deserto, em um tabernáculo desenhado e projetado para manifestar o seu propósito, poder e a glória da sua divina presença.
O Novo Testamento, de forma semelhante, traz essa brilhante narrativa que descreve como Deus 'acampou' definitivamente com o ser humano.
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." João 1:1
"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade." João 1:14
O fato é que Deus criou o homem para um profundo relacionamento de amizade e comunhão, e Ele não desistirá até que esta comunhão seja restaurada totalmente, não apenas no mundo físico, mas também no plano espiritual, nos céus por toda a eternidade.
"Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer." João 15:15
Assim, o Tabernáculo representava dois fatos importantes na vida dos filhos de Israel. Representava a presença de Deus no meio do seu povo, a quem Ele havia chamado da escravidão do Egito, sendo fixado no centro do acampamento.
E também tipificava o meio pelo qual o homem pecador poderia se aproximar de Deus, que noutro tempo era inacessível, pois o ser humano não sobreviveria à sua santíssima glória e a sua inefável majestade.
O Tabernáculo foi objeto de ensinamento para os filhos de Israel por aproximadamente quinhentos anos, desde Moisés até Davi. Foi só no reino de Salomão que ele foi substituído por uma construção mais duradoura, o grande Templo de Salomão.
E neste estudo vamos ver melhor esta tipificação de Jesus, pois o simbolismo do tabernáculo encontra o seu cumprimento em Jesus Cristo. Ele é o Sacerdote, o Altar e o Sacrifício.

O Estabelecimento do Tabernáculo

Quando Surgiu

Os filhos de Jacó, que foram peregrinos na terra de Canaã, se tornaram o povo redimido por Deus, segundo a promessa feita aos patriarcas Abraão e Isaque. E eles estavam saindo do Egito pela mão forte do Senhor, sendo libertos da escravidão. E para que Deus pudesse morar no meio deles, teriam que atravessar o Mar Vermelho para que a redenção fosse completada.
Deus costumava visitar a Adão no Jardim do Éden, e se comunicou aparecendo aos patriarcas da nação israelita, porém até que Ele tivesse redimido o seu povo para fora do Egito, nada é revelado sobre a construção de um santuário para que Ele pudesse habitar.
O Tabernáculo era a prova de uma redenção, alcançada pela compra através do poder. Uma promessa de que não só os israelitas ficariam abrigados e protegidos debaixo do sangue do cordeiro aspergido no altar. E eles atravessaram o Mar Vermelho pelas mãos que detêm o poder e a autoridade.

O Local

O Tabernáculo não foi erguido no Egito, nem previamente em Canaã, mas sim no meio do deserto. E há uma mensagem muito importante neste fato. O Egito, a certa altura da história, passou a representar a terra da idolatria, do pecado e da escravidão. Por isso, lá não havia lugar para a habitação do Senhor.
Devido ao simbolismo da presença de quem representava, o Tabernáculo também não poderia ter sido construído anteriormente na terra prometida.
O Tabernáculo foi erigido específicamente para o povo que estava peregrinando no deserto, com o Egito atrás deles, e a terra de Canaã, a terra prometida à sua frente. Esse ensinamento é tremendo e está intimamente relacionado à nossa vida como peregrinos neste mundo, enquanto fazemos o nosso caminho para a Canaã celestial.
Essa nossa existência é o nosso 'deserto' à caminho da 'terra prometida' por Jesus, a habitação celeste.
O Tabernáculo, enquanto estava no deserto, sempre foi montado sobre a areia, e não havia piso ou algo que cobrisse o solo, fazendo com que o sacerdote ficasse com seus pés em contado direto com a areia do deserto. Isto era para lembrá-los que eles estavam em uma jornada e não tinham chegado ao destino final.
Esta é uma outra lição profunda de que o nosso destino, o nosso descanso não é neste mundo. Temos por destino uma alta e elevada pátria, coisa que muitos não podem compreender. É algo que está na dimensão espiritual.
o lugar santo e o santo dos santos no tabernáculo

O lugar Santo e o Santo dos Santos

O Propósito do Tabernáculo

Por quase quinhentos anos o Tabernáculo serviu como o lugar para que Deus habitasse no meio do povo de Israel e como local onde os seus filhos pudessem ter comunhão com Ele. Por toda a história de Israel, o povo teve uma tendência a se envolver com a idolatria.
Mesmo em tempos de idolatria, o Tabernáculo permaneceu como uma testemunha silenciosa, que lembrava visualmente ao povo da aliança do verdadeiro e único Deus. Ele ajudou a manter Israel longe do culto aos ídolos, que era praticado pelos povos ao redor, enquanto estavam peregrinando pelo deserto.
Embora o Tabernáculo tenha tornado possível a acessibilidade à Deus pelos israelitas, era somente permitido uma aproximação com o devido temor e santidade. A estrutura e o serviço do Tabernáculo mostrava ao pecador como ele deveria chegar diante da santidade de Deus, para o servir, adorar e oferecer o sacrifício pelos pecados.
Cada aspecto do Tabernáculo, como o altar de bronze onde eram oferecidos os sacrifícios pelos pecados, e até a figura do sumo sacerdote, quem ofertava o sangue sacrificial no propiciatório, apontava para o plano da redenção do homem, traçado por Deus.
O povo só poderia se aproximar de Deus através do sangue expiatório e de um sacerdócio intercessor. Ambos são figuras belíssimas que se tipificam no ministério de Jesus, que deixou a sua habitação celeste para morar com o seu povo.
Em Cristo nós temos o Sumo Sacerdote e o perfeito sangue para expiação dos pecados de todos aqueles que o reconhecem e que Nele confiam.

Local Central do Culto

O Tabernáculo era o ponto central da comunidade e da vida dos filhos de Israel. As doze tribos acampavam em torno de seus quatro lados. No lado esquerdo, habitavam aproximadamente 186 mil pessoas das tribos de Issacar, Judá e Zebulom. No norte estavam 157 mil das tribos de Aser, Dan e Naftali.
No lado direito residiam 108 mil pessoas das tribos de Manassés, Efraim e Benjamim. Ao sul estavam 151.400 das tribos de Simeão, Ruben e Gade. Sem contar Moisés, Arão e os Levitas que eram aproximadamente 22.300 pessoas alocadas em todos os quatros lados do Tabernáculo.
O número de homens acima dos 20 anos, sem incluir os Levitas, era de 603.550. Incluindo as mulheres e crianças, o número de pessoas acampadas ao redor do Tabernáculo girava em torno de 2 milhões e meio a 3 milhões. E com os animais que os Israelitas trouxeram do Egito, fazia desse um acampamento gigantesco no meio do deserto.

As Medidas do Tabernáculo

O átrio exterior media 45,72m de comprimento por 22,86m de largura, fechado por uma cortina de linho fino trançado de 22,28m de altura. O seu portão estava localizado no lado oriental do átrio e media 9,14m de largura.
A cortina de linho fino trançado era sustentada por 60 pilares feitos de madeira de acácia coberta com bronze.
O Tabernáculo, propriamente dito, tinha 13,71m de comprimento por 4,57m de largura e 4,57m de altura. E estava dividido em duas seções, o lugar santo (4,57m de largura x 9,14m de comprimento), e o santo dos santos (4,57m x 4,57m).

O Altar de Bronze

O altar de bronze estava localizado no átrio externo, próximo ao portão, logo à frente do Tabernáculo. Os sacrifícios eram oferecidos neste altar, e o sangue dos animais ofertados era derramado pelos pecados do povo.
O altar de bronze tipificava a obra redentora de Jesus Cristo na cruz em nosso favor, onde todos aqueles que crêem no seu sangue derramado são justificados e recebem a remissão de seus pecados. Assim como era impossível para os filhos de Israel entrar na presença de Deus sem sacrificar primeiro no altar de bronze, igualmente hoje em dia é impossível se chegar a Deus sem invocar primeiro a graça redentora do sacrifício eterno de Jesus na cruz.
altar de bronzeO Altar de Bronze no Átrio Exterior.
A Pia de Bronze
A pia de bronze também ficava no átrio exterior, entre o altar de bronze e o Tabernáculo. A pia era de uso exclusivo dos sacerdotes, que tinham que se lavar antes de entrarem no Tabernáculo. Enquanto se lavavam na pia de bronze, podiam ver seus rostos refletidos em espelhos. Era um lembrete de como Deus os via.
A pia falava de Jesus, como aquele que nos santifica. Somos lembrados de que Cristo nos santifica pela lavagem dos nossos pecados, através da água viva que é a sua palavra.
"Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra" Efésios 5:26
Depois de se lavar na pia, o sacerdote andava alguns passos e entrava no lugar santo, onde poderia conversar com Deus, em um relacionamento de profunda amizade. Deus gosta de gente. Deus ama o ser humano e deseja ter essa amizade, esse relacionamento com todos nós.
pia de bronze                                  A Pia de Bronze Onde os Sacerdotes se Lavavam.
O Lugar Santo

A Mesa dos Pães da Proposição

O lugar santo continha três tipos de móveis, que simbolizavam o nosso relacionamento com o Senhor. A mesa dos pães da proposição ficava no lado direito do lugar santo. Havia 12 pães da proposição sobre a mesa, representando as 12 tribos de Israel.
Os pães da proposição tipificavam Jesus. Ele é o pão que desceu do céu, e todo aquele que comer desse pão, que é o seu corpo, partido na cruz, tem a vida eterna. O pão da vida sustenta a vida espiritual de todos aqueles que Dele se alimentam. Estes já passaram da morte para a vida.
"Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo." João 6:51

A Menorá מנורה Candelabro de Ouro

No lado esquerdo do lugar santo estava a menorá (do hebraico מנורה menorah, "lâmpada, candelabro"), um candelabro de ouro batido com sete braços, que falava de Jesus como a luz do mundo. A luz da vida é a mesma que deu forma ao mundo no princípio e que iluminará a Jerusalém celestial, nosso novo lar, eternamente.
"Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida." João 8:12

O Altar de Incenso

O altar de incenso ficava no lugar santo, bem em frente do véu que o separava do local santíssimo. Brasas retiradas do altar de bronze eram colocadas sobre o altar de incenso, sobre o qual era derramado um suave incenso diariamente. A fumaça, que subia do incenso sobre as brasas, representava as orações do povo de Deus.
"Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde." Salmos 141:2

O Véu Que Separava

O pesado véu que estava entre o lugar santo e o santo dos santos, separava o Deus santíssimo de um povo vil e pecador. Porém com a morte de Jesus na cruz do calvário, o véu foi rasgado de alto a baixo, abrindo o caminho direto a Deus, através do sangue derramado de Cristo.
Assim, pelo sangue de Jesus, podemos chegar diante do trono da graça, do qual recebemos o perdão e a misericórdia.
o veu que separava                                    Um Véu Espesso Separava o Lugar Santo do Santo dos Santos.
O Santo dos Santos
Logo ao passar pelo véu, adentrando o santo dos santos, podia-se contemplar a arca da aliança, uma caixa retangular coberta de ouro por dentro e por fora. No topo da arca havia dois querubins, um de frente para o outro, olhando para baixo em direção ao propiciatório, com suas asas estendidas para cima.
Era no propiciatório que o sumo sacerdote aspergia o sangue, do cordeiro sacrificial, com seu dedo por sete vezes, no dia da expiação. A fumaça que vinha da queima do incenso ocultava o sacerdote de ver 'a face de Deus', para que não perecesse ali mesmo.
Todo o povo esperava do lado de fora do Tabernáculo, ansiosamente para saber se o sumo sacerdote reapareceria, pois este era o sinal de que Deus havia aceitado o sangue da expiação e que os pecados foram cobertos por mais um ano.

A Igreja é Prefigurada no Tabernáculo

O Tabernáculo era também a figura tipificada da igreja e dos discípulos de Jesus em todos os tempos da história.
"No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito." Efésios 2:21-22
A palavra 'templo' empregada nos versículos acima, não se refere às paredes de uma construção, mas sim ao santuário interior, o santo dos santos. Hoje em dia, Deus não habita em estruturas físicas, mas Deus mora no corpo espiritual, nas pessoas que constituem o corpo místico de Cristo, a que chamamos de 'igreja'.
O Tabernáculo era um lugar santo e separado para Deus. E nós, templos verdadeiros e reais de Deus, também fomos separados para o servir e o adorar. Deus habita em cada um de nós, na pessoa do seu Santo Espírito, que encontra em nós o seu templo, a sua casa.
O povo de Israel nunca teve esse privilégio. Somento o sumo sacerdote podia entrar uma vez ao ano no santo dos santos para poder estar na presença de Deus. Enquanto que nós podemos sentir a Sua doce e suave presença constantemente em nossas vidas.
"Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?" 1 Coríntios 6:19
fonte:www.rudecruz.com

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O Homem que perdeu a Aliança


Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mesma hora.
Furou-lhe um pneu. Com dificuldade ele encostou o carro no meio-fio e preparou-se para a batalha contra o macaco. Conseguiu fazer o macaco funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando o porta-malas quando a sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão.
Ele deu um passo para pegar a aliança do asfalto, mas sem querer a chutou. A aliança bateu na roda de um carro que passava e voou para um bueiro. Onde desapareceu diante dos seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no carro e seguiu para casa.
Começou a pensar no que diria para a mulher. Imaginou a cena. Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-las.
- Você não sabe o que me aconteceu!
- O quê?
- Uma coisa incrível.
- O quê?
- Contando ninguém acredita.
- Conta!
- Você não nota nada de diferente em mim? Não está faltando nada?
- Não.
- Olhe…
E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.
- O que aconteceu?
E ele contaria. Tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A aliança no asfalto. O chute involuntário. E a aliança voando para o bueiro e desaparecendo.
- Que coisa – diria a mulher, calmamente.
- Não é difícil de acreditar?
- Não. É perfeitamente possível.
- Pois é. Eu…
- SEU CRETINO!
- Meu bem…
- Está me achando com cara de boba? De palhaça? Eu sei o que aconteceu com essa aliança. Você tirou do dedo para namorar. É ou não é? Para fazer um programa. Chega em casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma história em que só um imbecil acreditaria.
- Mas, meu bem…
- Eu sei onde está essa aliança. Perdida no tapete felpudo de algum motel. Dentro do ralo de alguma banheira redonda. Seu sem vergonha!
E ela sairia de casa, com as crianças, sem querer ouvir explicações.
Ele chegou em casa sem dizer nada. Por que o atraso? Muito trânsito. Por que essa cara? Nada, nada. E, finalmente:
- Que fim levou a sua aliança? E ele disse:
- Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto. Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.
Ela fez cara de choro. Depois correu para o quarto e bateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu. Disse que aquilo significava uma crise no casamento deles, mas que eles, com bom-senso, a venceriam.
- O mais importante é que você não mentiu pra mim.
E foi tratar do jantar.
O meu povo perece por falta de conhecimento. Oséas 4:6
E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. Tiago 1:5

PARA QUE NOSSO SACRIFÍCIO DE GRATIDÃO SEJA ACEITO

Levítico 22.29-30.



DIA DE AÇÕES DE GRAÇAS

Encontramos em Levítico um convite bastante estranho à nossa cultura, mas de valor universal:
 
“Quando vocês oferecerem um sacrifício de gratidão [sacrifício de ação de graças -- ARA] ao Senhor, ofereçam-no de maneira que seja aceito em favor de vocês. Será comido naquele mesmo dia; não deixem nada até a manhã seguinte. Eu sou o Senhor" (Levítico 22.29-30).
 
Certamente o verso 30 nos surpreende, ao dizer que se devia comer no mesmo dia a oferta oferecida ao Senhor. 
Lembremo-nos que no Antigo Testamento os sacrifícios eram de dois tipos: feitos de carne (logo, cruentos, com a morte do animal sacrificado) e de frutos da terra (logo, incruentos), constituindo de frutos da terra, como grãos e seus derivados (pães e bolos) e vinho.
Os sacrifícios de ações de graças consistiam no oferecimento de carne (pelo sacrifício de animais) e de alimentos derivados dos grãos.
A leitura de Levítico 7.12-15 nos ajuda no entendimento do assunto:
 
“Se alguém a fizer por gratidão, então, junto com sua oferta de gratidão [animal sacrificado], terá que oferecer bolos sem fermento e amassados com óleo [azeite], pães finos [coscorões -- ARA] sem fermento e untados com óleo [azeite], e bolos da melhor farinha bem amassados e misturados com óleo [azeite]. 
Juntamente com sua oferta de comunhão por gratidão, apresentará uma oferta que inclua bolos com fermento. 
De cada oferta trará uma contribuição ao Senhor, que será dada ao sacerdote que asperge o sangue das ofertas de comunhão. 
A carne da sua oferta de comunhão por gratidão será comida no dia em que for oferecida; nada poderá sobrar até o amanhecer" (Levítico 7.12-15).
 
Esses alimentos eram comidos pelo sacerdote e pelos cultuantes. A razão para que fosse ingerido no mesmo dia tem um componente higiênico, para que ninguém comesse alimento estragado (Levítico 7.18).
Podemos pensar num outro motivo, de natureza espiritual: o que foi oferecido é para ser dividido, distribuído, não guardado. Imaginemos: o ofertante chega com o seu animal e seus bolos. Uma parte é queimada; outra parte fica para o sacerdote; a terceira parte é para ser comida (festivamente) por todos. No entanto, quem levou pode reter... para amanhã. Não: se foi oferecida, não lhe pertence mais. A instrução é didática, para ensinar o que é uma oferta de ações de graças.
 
A partir daí, podemos derivar outras aplicações, mas antes precisamos registrar, para que os cristãos não esqueçam. Os sacrifícios foram abolidos ainda ao tempo do Antigo Testamento. Quando o segundo templo foi destruído (ano 70 d.C), os sacrifícios foram extintos, permanecendo, no entanto, entre os samaritanos (onde ainda persiste). Já antes do fim do segundo templo, os sacrifícios começaram a ser criticados pelo seu formalismo, já que sua prática não implicava necessariamente em atitude do coração. Por isto, muitos profetas protestaram: 
. “Para que me oferecem tantos sacrifícios?”, pergunta o Senhor. “Para mim, chega de holocaustos de carneiros e da gordura de novilhos gordos. Não tenho nenhum prazer no sangue de novilhos, de cordeiros e de bodes!" (Isaías 1.11).
. "Desejo misericórdia, e não sacrifícios; conhecimento de Deus em vez de holocaustos" (Oseias 6.6).
Jesus tem a mesma visão, quando ensinou: "Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores" (Mateus 9.13).
 
Os cristãos nunca praticaram qualquer tipo de sacrifício, cruento ou incruento. Os cristãos, no entanto, reconhecem que é preciso um sacrifício para a expiação da culpa, mas este sacrifício foi feito por Jesus Cristo na cruz. Ali, "por meio de um único sacrifício", Jesus "aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados" (Hebreus 10.14).
Não há que se falar em sacrifício, portanto, exceto num sentido simbólico (ou poético), nunca real.
Usamos a palavra, mas com outro sentido, que preserva a intenção dos antigos sacrifícios. O apóstolo Pedro fala na dimensão espiritual desses sacrifícios depois do ministério de Jesus Cristo: "vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo" (1Pedro 2.5).
 
Com estas lembranças, podemos retornar às instruções em Levítico.
 
“Quando vocês oferecerem um sacrifício de gratidão [sacrifício de ação de graças -- ARA] ao Senhor, ofereçam-no de maneira que seja aceito em favor de vocês. Será comido naquele mesmo dia; não deixem nada até a manhã seguinte. Eu sou o Senhor" (Levítico 22.29-30).
 
O que é sacrifício de gratidão?
 
1. Sacrifício de gratidão é oferta feita como uma forma agradecer. Ação de graças é gesto de quem não espera receber de Deus. Como recebeu, agradece a Deus. Quem dá louvor a Deus não o faz para receber mais; é porque já recebeu
 
2. Sacrifício de gratidão é oferta feita com confiança. É por isto que Levítico instrui que não se deve guardar o que Deus deu. Ele dará de novo. Isto é confiança. Deus é nosso pastor e nos conduziu por pastos verdejantes e continuará conduzindo. Quem agradece sabe que nada lhe faltou: nada lhe faltará.
 
3. Sacrifício de gratidão é alegria pela salvação. Graças à salvação oferecida na cruz, não é preciso mais sacrifício. O sacrifício que precisava ser feito foi feito por Jesus.
 
4. Sacrifício de gratidão implica em confessar os nossos pecados. O autor aos Hebreus nos pede: "Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome" (Hebreus 13.15).
 
5. Sacrifício de gratidão deve ser contínuo. O mesmo autor aos Hebreus que lemos nos convida a que "ofereçamos CONTINUAMENTE a Deus um sacrifício de louvor" (Hebreus 13.15). Quando nos encontrarmos com Jesus na nossa casa final, repetiremos dia e noite sem cessar: “Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir” (Apocalipse 4.8).
 
6. Sacrifício de gratidão se manifesta na partilha do que se tem. A Bíblia é clara: "Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus se agrada" (Hebreus 13.16).

7. Sacrifício de gratidão é um olhar para as pessoas como homens e mulheres a quem Deus ama e que devem recebidas com simpatia e, se necessário, compaixão e, sempre, também gratidão. Enquanto escrevia este texto, recebi a seguinte mensagem eletrônica: "Meditando na vida, no meu coração cresceu um forte desejo de te escrever para agradecer. (...) Agradecer por sua presença marcante em muitos momentos decisivos na minha vida. Agradecer por sua amizade. Tenho muito apreço por você e pela relevância de sua vida nas nossas".
Ouso sugerir: assim que puder, escreva um email para alguém, nestes termos, telefone, convide para um lanche. Agradeça o presente da amizade, com palavras e mais que palavras.
 
8. Sacrifício de gratidão é olhar para todas as coisas da vida, sobretudo as mais simples e comuns, como dádivas de Deus.
 
Li há muitos anos uma crônica de Leonardo Boff:
“Há uma caneca de alumínio. Daquele antigo, bom e brilhante. O cabo já está partido, mas dá-lhe um ar de antiguidade. Nela já beberam os 11 filhos, desde pequenos a grandes. Ela acompanhou a família nas muitas mudanças que fez. Da aldeia para a vila, da vila para a cidade. Houve nascimentos. Houve mortos. Ela participou de tudo. Andou sempre conosco. É a continuidade do mistério da vida na diferença das situações vitais e mortais. Ela permanece. Sempre brilhante e antiga". (BOFF, Leonardo. Os Sacramentos da Vida e a Vida dos Sacramentos. Petrópolis: Vozes,1992, p. 16)
Desde então dou graças a Deus pelo meu travesseiro, alto, para aliviar minha hérnia de hiato; pelo meus dois pares de sapato, sempre da mesma marca, nas cores preta e marrom; pela minha coleção das obras de Machado de Assis. Já dei graças pela minha máquina de escrever, porque detesto escrever a mão. Ainda dou graças pelo meu ouvido 100%, que compensa a nulidade do outro. Sim, eu dou graças por coisas, mesmo sabendo que são apenas coisas, mas coisas de Deus na minha vida.
Por isto, escrevi para esta mensagem esta oração:
 
"Eu te agradeço, Senhor, pela manhã
que me vê despertar sobre dois pés
 
que me fazem deixar o dócil leito 
que me aconchegou como bebê em seu peito
que me põem no prazer das águas do chuveiro
que acordam, limpam e renovam meu corpo por inteiro
 
Eu te agradeço, Senhor, pela cadeira
em que, ainda anoitecido, me assento
para o esperado primeiro alimento
pela água que ainda fumega na chaleira
pela caneca que harmoniza o leite com o café
pela faca que distribui nos pães as margarinas
pelo jornal que tão cedo posso ler
pelos lábios que sorvem estas matinais vitaminas
 
Eu te agradeço, Senhor, pelo beijo
que um "bom dia" me deseja
ou um "Deus-te-abençoe" me diz
pela porta que se fecha atrás de mim
pelo corredor que me leva adiante
pelo elevador que me poupa esforço
pelo janitor que a saudação não disfarça,
pelo expositor de manchetes de graça
pelo condutor do ônibus e do vagão
pelos degraus que subo ou desço
pelas calçadas, de pedras portuguesas ou brasileiras
até aquelas em que (ai!) tropeço
 
Eu te agradeço, Senhor, todo suado
pelo trabalho, mesmo o que me deixa estressado
pelo almoço, em pé ou sentado
pelo cafezinho, suave ou encorpado
pelo descanso, que me deixa reanimado
 
Eu te agradeço, Senhor, por ter voltado
aos meus e à minha casa, feliz e cansado
 
Eu te agradeço, Senhor, pelo lazer
pelo descanso, pela comunhão perene
pelo telefone que me deixa conectado
pelo videogame, pelo twitter, pelo facebook, pelo msn
pelos sites e por todos os e-mails trocados
pelo jornal, pela novela e pelo futebol televisionado
 
Eu te agradeço, Senhor, pelo Livro sagrado
em cujas paginas sou docemente orientado.
 
Eu te agradeço, Senhor, por este teclado
e por este sono que está ficando pesado
para me dizer que logo precisarei despertar
e com todo o meu fôlego te festejar:
ALELUIA! "
(LOUVOR PELAS COISAS)
 
9. Sacrifício de gratidão é o reconhecimento do prazer da leitura Palavra de Deus. Nós somos abençoados, privilegiados, desafiados, animados, confortados, orientados pela Bíblia, este volume impresso que temos em casa e carregamos por ai.
Quero agradecer então também por uma noite destas. Recostado numa deliciosa cadeira estofada reclinável pela qual sonhei a vida inteira e que minha esposa me convenceu a comprarmos, abri, ao acaso, a Bíblia. Li uma passagem, tantas vezes percorrida, e não consegui ler o resto da conhecida história:
 
"Quando Daniel soube que o edital [que o condenava a morte, na boca de leões na cova] estava assinado, entrou em sua casa, no seu quarto em cima, onde estavam abertas as janelas que davam para o lado de Jerusalém; e três vezes no dia se punha de joelhos e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer". (Daniel 6.10)
Eu fiquei chocado: o condenado dava graças a Deus! O condenado agradecia a Deus três vezes ao dia e de joelhos!
 
10. Sacrifício de gratidão é um transbordamento de alegria, cantado magistralmente pelo salmista, mas, antes, preciso falar de dois instrumentos: trombeta, lira, harpa, tamborim, instrumento de corda, flauta e címbalo.
Trombeta é o shofar (instrumento de sopro em forma de chifre). 
Lira e harpa são instrumentos de corda; a lira era o principal instrumento do templo (desde Davi, que o tocava bem), sendo tocado com uma palheta; a harpa (ou saltério [vi um no Museu Imperial de Petrópolis] tem cordas estendidas e pedais. 
Tamborim (ou adufe) é tambor, instrumento de percussão tocado com as duas mãos frontais, muitas vezes usado na dança de roda.
Instrumento de corda é a citara, também tocada com palheta e derivada da lira.
As flautas são bem conhecidas ainda hoje
Os címbalos (ou sistros) são pratos de metais com diferentes potências.
 
Então, podemos ler com todo vigor:
 
"Aleluia! Louvem a Deus no seu santuário, louvem-no em seu magnífico firmamento.   
Louvem-no pelos seus feitos poderosos, louvem-no segundo a imensidão de sua grandeza! 
Louvem-no ao som de trombeta, louvem-no com a lira e a harpa, 
louvem-no com tamborins e danças, louvem-no com instrumentos de cordas e com flautas,  
louvem-no com címbalos sonoros, louvem-no com címbalos [instrumento parecido com o cravo] ressonantes.  
Tudo o que tem vida louve o Senhor! Aleluia!" (Salmo 150)
 
Que o compromisso do poeta bíblico, que e o meu, seja o seu também:
"Oferecerei a ti um sacrifício de gratidão e invocarei o nome do Senhor" (Salmo 116.17).
 
ISRAEL BELO DE AZEVEDO
 
fonte: www.prazerdapalavra.com.br