quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O Senhor Pelejará Por Ti

Todo o livro de Deuteronômio consiste em um único discurso de Moisés, feito pouco antes de sua morte. Esse discurso faz uma revisão dos quarenta anos que Israel tinha passado vagando no deserto. E Moisés o faz dirigido à nova geração de israelitas.

À época o povo estava colocado nos altos de Cades-Barnéia, um lugar importante em sua história. Estavam na fronteira de Canaã, a terra prometida. Era o mesmo local onde seus pais haviam estado trinta e oito anos antes. Era também o lugar onde Deus havia impedido a velha geração de entrar na terra prometida. O Senhor os enviou de volta ao deserto, para vagar até que toda a geração morresse, com exceção de Josué e Calebe.

Agora Moisés relembrava à nova geração a história de seus pais. Ele queria que eles soubessem exatamente porque a geração precedente havia morrido - e fora considerada desesperadamente rebelde aos olhos de Deus. Moisés insistia em que aprendessem a partir dos erros trágicos dos pais, dizendo algo como:

"Vocês conhecem a história de seus pais. Eram um povo chamado, escolhido e ungido por Deus. Mas perderam a visão. O Senhor os amou de tal maneira que os pegou nos braços, e os pôs no colo inúmeras vezes. Contudo, vez após vez, eles murmuraram e reclamaram dEle, entristecendo-O."

"Finalmente, a paciência de Deus chegou ao fim. Ele viu que eles tinham se comprometido com a incredulidade. E não havia nada que Ele poderia fazer para que mudassem de opinião; nenhum milagre que Ele realizasse conseguiria lhes persuadir totalmente quanto à Sua fidelidade e bondade. Seus corações eram como granito. Então Deus lhes disse: 'Nenhum de vocês entrará na terra prometida. Pelo contrário, agora mesmo vocês vão fazer a volta - e retornar ao deserto."'

Que palavras poderosas. Mas Moisés não estava falando apenas à nova geração de israelitas. Ele também estava se dirigindo a cada uma das gerações de crentes que se seguiriam, incluindo nós hoje. Como todos os registros do Velho Testamento, esse foi escrito "para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado" (I Coríntios 10:11).

Moisés está nos mostrando o perigo da incredulidade. E previne que a menos que levemos essa questão a sério, sofreremos as mesmas terríveis conseqüências daqueles que caíram antes de nós: "A fim de que ninguém caia, seguindo o mesmo exemplo de desobediência" (Hebreus 4:11). Ele está dizendo, basicamente: "Não importa que tipo de coisa impossível vocês estejam enfrentando, ou o quanto à situação pareça desesperadora. Vocês não devem cair no mesmo pecado de incredulidade. Caso contrário, irão acabar em um deserto terrível, como eles. E vagarão por ele pelo resto da vida".

"Deus é fiel para lhes guiar. E Ele levou seus pais a crises por um motivo: para ensiná-los a confiar nEle. Ele queria um povo inabalável na fé. Eles deveriam sair do deserto com uma fé provada - pura como ouro. Ele queria que fossem um testemunho para o mundo da bondade dEle para com o Seu povo."

Acredito que a nossa geração tem aceito o pecado da incredulidade de maneira muito leviana. E agora mesmo, estamos vendo os trágicos resultados. Vejo muitos crentes atualmente cheios de depressão e inquietude. Claro, alguns sofrem estas coisas por razões físicas. Mas muitos outros suportam tal sofrimento devido à situação espiritual. Em minha opinião, a depressão de tais pessoas é resultado do desagrado de Deus pela incredulidade contínua.

O Senhor sempre usa linguagem forte ao se referir à incredulidade em meio ao Seu povo - termos como ira, cólera, abominação, tentar a Deus. Moisés levanta esse ponto ao lembrar os jovens israelitas quanto a isso: "Vistes que o Senhor, vosso Deus, nele (deserto) vos levou, como um homem leva a seu filho, por todo o caminho pelo qual andastes... Tendo, pois, ouvido o Senhor as vossas palavras (de incredulidade), indignou-se e jurou, dizendo: Certamente, nenhum dos homens desta maligna geração verá a boa terra que jurei dar a vossos pais" (Deuteronômio 1:31, 34-35).

Moisés então descreve o trágico erro que os pais haviam cometido em Cades-Barnéia. Aconteceu pouco após a travessia do mar Vermelho. Deus havia ordenado que Israel avançasse ousadamente à Canaã. E havia lhes dado poderosas palavras de segurança:

"Eis que o Senhor, teu Deus, te colocou essa terra diante de ti. Sobe, possui-a, como te falou o Senhor, Deus de teus pais: Não temas e não te assustes... Não vos espanteis, nem os temais. O Senhor, vosso Deus, que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, segundo tudo o que fez conosco, diante de vossos olhos, no Egito" (Deut. 1:21, 29-30). Que promessa incrível. Nenhum de seus inimigos conseguiria enfrentá-los (v. 7:24).

Mas Israel vacilou diante da promessa de Deus. Ao invés de aceitá-Lo segundo a Sua palavra, insistiram em enviar espiões à Canaã. E esses espiões trouxeram "más notícias", cheias de incredulidade. Falaram de gigantes e de cidades cercadas por altas muralhas. E o povo acreditou nesse relatório que trouxeram: "Porém vós não quisestes subir, mas fostes rebeldes à ordem do Senhor, vosso Deus" (1:26). Agora Moisés diz à nova geração: "Eles deveriam ter se movido na mesma hora segundo a palavra de Deus. O Senhor havia dito que lutaria por eles. Mas eles se rebelaram".

Dá para você ver o quê aconteceu com a velha geração? O envio daqueles espiões para Canaã foi um ato de incredulidade. E enquanto esses espiões estiveram lá, foram influenciados por Satanás. Ficaram sujeitos às mentiras do inimigo porque não haviam seguido a palavra de Deus. E assim voltaram ao acampamento como instrumentos do diabo.

Após ouvir o relatório maldito, o povo agitou os punhos contra Deus acusando: "O Senhor nos abandonou, Deus. O Senhor nos trouxe aqui para morrer". Poucos meses antes, este mesmo povo havia sido separado por Deus, tornado especial aos Seus olhos, e milagrosamente salvo. Mas agora o acampamento todo se via confuso. Eles perguntavam entre si: "Será que Deus não está mais conosco?". Logo começaram a chorar pelos filhos: "Os nossos filhos vão morrer de fome neste deserto. Deus nos odeia!".

Moisés lembra os jovens israelitas das acusações dos pais: "Murmurastes nas vossas tendas e dissestes: Tem o Senhor contra nós ódio; por isso, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus e destruir-nos" (1:27).

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Cades-Barnéia é Onde Deus Leva Todos os Seus
Filhos Para o Teste Definitivo da Fé
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Cades-Barnéia é o local da coisa assumidamente impossível. A própria palavra vem da raiz hebraica significando "fugitivo, vagabundo, vagante". Resumindo - se você tomar a decisão errada aqui, acabará vagando por um deserto o resto da vida.

Muitos cristãos estão exatamente nesse ponto agora. Deus lhes deu Suas promessas de Aliança; lhes deu um passado histórico maravilhoso consigo, lhes concedendo milagre após milagre de libertação. Mas o diabo foi a eles com mentiras, dizendo que não conseguiriam acabar a carreira. Ele os convenceu de que não eram bons o suficiente, de que Deus ainda estava zangado com eles devido a pecados passados, e que nunca os perdoaria.

Diga: você começou a aceitar estas mentiras? Você acha que Deus irá falhar quando a sua crise chegar? Se é assim, então em algum ponto de seu caminhar você deixou de aceitar a Deus segundo a palavra d'Ele. Você não agiu segundo o Seu comando. E o quê foi verdadeiro para Israel é também verdadeiro para você: o teste que você enfrenta em Cades-Barnéia irá determinar o curso de seus anos restantes.

Como Israel, você tem sido carregado nos braços de Deus em meio a um terrível deserto. Ao olhar para trás, você pode recordar as tremendas provações que enfrentou, os dolorosos fracassos que suportou. Você passou por lutas que jamais pensou que iria superar. Mas Deus lhe foi fiel em cada uma delas. Toda vez, Ele misericordiosamente se inclinou e lhe levantou. E agora você pode dizer: "Deus nunca falhou comigo. Estou aqui hoje pela Sua graça. É verdade - Deus me pôs em Seus braços, do jeito que um pai pega o filho".

E mais, Deus o trouxe para fora a fim de o colocar dentro. Há uma terra prometida à sua frente, da mesma maneira que havia para Israel:

"Portanto, resta um repouso para o povo de Deus" (Hebreus 4:9). Deus o salvou para levá-lo a um lugar de repouso. O quê é esse repouso? É um lugar de fé e de confiança inabaláveis no Senhor. É um lugar de dependente confiabilidade em Suas promessas - de que elas cuidarão de você em meio a seus períodos mais difíceis.

Mas para chegar a esse lugar de repouso, você primeiro precisa passar por Cades-Barnéia. Chegando lá, você estará face a face com uma batalha tão intensa, que superará tudo que já viveu. Há inimigos, gigantes, altas muralhas, coisas que lhe parecem totalmente insuperáveis. E você precisa submeter totalmente a sua confiança ao Senhor para prosseguir.

Já vimos como os israelitas hesitaram em agir segundo a palavra de Deus em Cades-Barnéia. Como resultado, Satanás os colocou sob a influência de dez mentirosos inspirados pelo demônio. Qual o resultado? O resultado é que o povo acabou pensando que Deus estava resolvido a lhes destruir. E o mesmo se mantém verdade para nós hoje. Quando nos recusamos a agir rapidamente em cima das promessas de Deus, nos abrimos a espantosas mentiras demoníacas. E essas mentiras têm o objetivo de destruir a nossa fé.

Satanás quer que pensemos que Deus nos deixou lutando sozinhos; nos diz que as muralhas à frente são altas demais, que não há como escalá-las para a vitória. Diz que vamos fracassar, que todo o nosso caminhar com Jesus foi em vão. Ele cochicha que não adianta continuar, que é melhor desistir. Lhe digo o seguinte: é por isso que Deus sempre quer que ajamos rapidamente segundo a Sua palavra. Ele não quer que o diabo tenha chance de nos assaltar com mentiras.

Alguém pode pensar: "Eu nunca iria acreditar que Deus me odeia. Como vou achar que o Senhor esteja a fim de me destruir?". Mesmo assim, se ouvirmos as mentiras de Satanás, é exatamente isso que acabaremos dizendo: "Deus me levou a uma situação impossível. Não há sinal de Ele estar arranjando uma saída para mim. No entanto, Ele diz que não permitiria que eu suportasse algo acima de minhas forças. E agora mesmo o que estou passando é mais do que posso suportar". Tais pensamentos são acusação direta contra Deus. Eles O acusam de não estar conosco em meio ao sofrimento.

Vemos novamente esta incredulidade em Israel quando chegaram a Refidim. Este era o local mais seco do deserto, e outro lugar de crise. Logo o povo começou a agonizar de sede. E uma vez mais, perderam toda a confiança em Deus: "Está o Senhor no meio de nós ou não?" (Êxodo 17:7), querendo dizer: "Se Deus estivesse conosco, nós não estaríamos nessa crise. Desta vez é insuperável".

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No Fundo, o Motivo da Incredulidade de Israel,
é o Mesmo Motivo da Incredulidade da Igreja Hoje.
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Simplificando: a palavra de Deus não foi suficiente para Israel. O Senhor lhes havia dado promessas incríveis; contudo em meio à crise, Israel nunca confiou em Sua palavra. A despeito de cada uma das promessas, de cada compromisso férreo de cuidar deles, eles entenderam Sua palavra como algo inútil. Como? Eles nunca a juntaram à fé: "A palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé" (Hebreus 4:2).

Em vez disso, o povo sempre pediu uma nova palavra de Deus. Vemos isso em seu questionamento: "Deus está conosco, ou não?". Em outras palavras: "Temos de saber se Deus está conosco nessa crise, não na crise anterior. Precisamos de uma nova revelação dEle, para essa nova situação". Eu lhe pergunto: como alguém poderia esquecer tão rapidamente tudo que Deus havia feito por eles? Israel havia removido da lembrança todos os exemplos passados de libertações feitas por Deus. Eles jamais permitiram que Seus atos sobrenaturais passados edificassem sua fé nEle.

Mesmo assim, a despeito das acusações contra Ele, Deus proferiu uma outra palavra para Israel. Ele instruiu Moisés a lhes dizer: "Não vos espanteis, nem os temais (os inimigos). O Senhor, vosso Deus, que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, segundo tudo o que fez conosco, diante de vossos olhos, no Egito" (Deut. 1: 29-30).

Ora, essa promessa não era nova. Deus estava apenas reafirmando o que já havia dito ao Seu povo: "O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis" (Êxodo 14:14). Ele os estava lembrando: "Lhes disse no Egito que Eu iria à frente. Disse que habitaria em seu meio, e lutaria por vocês contra todos os inimigos". E Ele havia feito exatamente isto. Deus os havia livrado todas as vezes, à cada provação.

Vez após vez Deus lhes havia dito: "Estou com vocês. Vou lutar por vocês. Agora então, apropriem-se desta promessa, e não a esqueçam". Mesmo assim, cá estavam eles em Cades-Barnéia, tremendo diante do inimigo, e se concentrando na própria fraqueza. Finalmente, raciocinaram assim: "Não estamos capacitados para irmos contra eles". Isso era duvidar escandalosamente - duvidar do chamado de Deus para as suas vidas, duvidar que Ele os havia enviado, duvidar de Sua presença em seu meio.

Você pode achar que nunca iria reagir dessa maneira. Contudo muitos cristãos hoje dizem coisas similares: "Senhor, Tu estás realmente comigo? Sei o quê o Senhor me prometeu. Mas isso é verdade mesmo? Posso confiar no que o Senhor disse? Preciso novamente ouvir algo novo de Ti. Preciso de uma nova palavra. Por favor, me dê um pouco mais de segurança".

Acabamos tremendo diante do inimigo de nossas almas. E tudo porque não cremos no que Deus nos prometeu. Agimos como se Ele nunca tenha dito uma palavra a nós. E é precisamente aí que O "tentamos". Mesmo que Ele já tenha se provado a nós inúmeras vezes, nós continuamente pedimos que outra vez nos prove a Sua fidelidade, que nos envie mais uma palavra para edificar a fé. Mas Deus dirá apenas uma palavra: "Creia no que Eu te disse".

Você treme diante de um pecado que lhe assedia, e que cresce diante de si como uma cidade murada? Se é o caso, o que Deus lhe disse quanto a essa fortaleza inimiga? Por toda a Sua palavra, Ele promete: "Eu lutarei por ti. Você não precisa ter medo. Maior é o que está em ti, do que o que está no mundo. Não há pessoa ou inimigo que possa te arrancar da Minha mão. Eu te purificarei e santificarei, pelo Meu Espírito. Confie na Minha palavra revelada a ti".

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A Incredulidade é Até Um Pecado Maior no
Novo Testamento do que no Velho
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Jesus veio como profeta e operador de milagres à Sua própria casa, Israel. No entanto somos informados de que "não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles" (Mateus 13:58). Que afirmação incrível. A incredulidade limitou até o poder de Cristo para operar.

Vemos outros resultados trágicos da incredulidade por todo o Novo Testamento. Os discípulos não conseguiram expulsar um demônio de uma pequena criança devido à incredulidade. E Jesus os repreendeu por isso (v. Mateus 17:14-21). Após a ressurreição, Cristo ficou chocado novamente devido à incredulidade deles: "e censurou-lhes a incredulidade e dureza do coração" (Marcos 16:14). E também, Paulo diz o seguinte sobre os judeus: "Pela sua incredulidade, foram quebrados" (Romanos 11:20).

Por que o julgamento de Deus quanto à incredulidade é tão severo no Novo Testamento? É porque os crentes de hoje receberam algo que os santos do Velho Testamento somente podiam sonhar. Deus nos abençoou com o dom do Seu Espírito Santo. Sob a Velha Aliança, os crentes eram visitados pelo Espírito de Deus só ocasionalmente. Eles tinham de ir ao templo para experimentar a presença do Senhor. Mas hoje Deus faz Sua habitação no Seu povo. Nós somos o Seu templo, e a Sua presença habita todo crente.

No Velho Testamento, Abraão só ocasionalmente era visitado por um anjo, ou recebia uma palavra de Deus. E ele cria no que lhe era dito. Abraão confiava que Deus era capaz de cumprir tudo que prometia. Ele "não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus" (Romanos 4:20). Contudo hoje, Jesus está disponível a nós a qualquer hora do dia. Temos habilitação para apelar a Ele a nossa vida toda, e sabemos que Ele responderá. Ele nos convida a irmos ousadamente à Sua sala do trono, para tornarmos conhecidas as nossas petições. E nos dá consolação e direcionamento através do Espírito Santo.

Mesmo assim, a despeito destas bênçãos, ainda duvidamos de Deus nas ocasiões de provações extremas. Jesus repreende essa incredulidade, dizendo: "Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do homem, achará, porventura, fé na terra?" (Lucas 18:7-8). Se Cristo fosse voltar hoje, Ele acharia fé em você?

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Aqui Estão as Conseqüências da Incredulidade
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"Também foi contra eles a mão do Senhor, para os destruir...até que toda aquela geração dos homens... se consumiu..." (Deuteronômio 2:15,14). Cá está uma das linguagens mais duras de toda a Bíblia em relação à incredulidade. Você pode achar: "Mas isso não é linguagem da graça. Deus não trata da incredulidade com essa severidade hoje em dia".

Não é assim. A Bíblia diz que hoje, sob a graça, "Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam" (Hebreus 11:6). Aqui estão algumas conseqüências da incredulidade:

• A incredulidade contamina todas as áreas da vida. Esse pecado não pode ser reduzido a um ponto único em nossa vida. Ele derrama em cima de tudo, infectando todos os detalhes do nosso caminhar.

A dúvida de Israel não se limitava à habilidade de Deus em matar os inimigos. A dúvida se derramava sobre a confiança deles quanto às provisões diárias. Eles duvidavam da habilidade de Deus quanto a proteger os filhos deles. Eles duvidavam quanto a Ele levá-los à terra prometida. Eles duvidavam até se Ele estava com eles. É por isso que Deus lhes disse: "Virai-vos e parti para o deserto... não estou no meio de vós" (Deuteronômio 1:40,42).

Se temos incredulidade numa área, isso se espalha como câncer a todas as outras, contaminando o nosso coração inteiro. Podemos confiar em Deus em alguns assuntos, tais como crer que Ele nos salva pela fé, que é todo-poderoso, que o Seu Espírito habita em nós. Mas confiamos nEle quanto ao nosso futuro? Cremos nEle para nos prover quanto à saúde e finanças, para nos dar vitória sobre o pecado?

• A incredulidade leva ao pecado da presunção. Presunção é a ousadia de acharmos que sabemos o que é o certo. É uma arrogância que diz: "Sei o caminho", e age por si.

Cá está ainda outro pecado que Israel cometeu em sua incredulidade. Quando Deus os mandou voltar ao deserto, eles não quiseram obedecer. Antes, foram até Moisés dizendo: "Ok, nós pecamos. Mas agora já resolvemos isso. Estamos prontos para obedecer à ordem de Deus para marcharmos contra o inimigo". E resolveram eles mesmos definir a situação.

Aqui está aonde muitos crentes em dúvida cometem um engano trágico: quando fracassam em uma questão da fé, eles se voltam para a carne. Fazem o que acham que tem de ser feito, mas em sua própria sabedoria e capacidade. A fé, no entanto, sempre resiste a agir com medo. Ela espera que Deus aja. A fé nunca quer fazer alguma coisa acontecer indo à frente de Deus.

Esse grupo de israelitas foi à frente de Deus organizando um pequeno exército. Planejaram uma estratégia e se puseram a caminho por vontade própria. Mas quando os inimigos os viram, perseguiram os soldados israelenses "como fazem as abelhas" e os destruíram (Deuteronômio 1:44).

Vi casos terríveis de cristãos que jamais conseguiram entrar no repouso de Deus. O Senhor os levou a um ponto de tremendas provações - crise familiar, problemas financeiros, problemas conjugais - mas eles não esperaram que Deus agisse. Pelo contrário, acusaram-nO de negligência, e tentaram eles mesmos resolver a situação. Hoje, tais crentes não têm repouso, não têm paz e o senso da presença de Deus. Antes, vivem em dúvida constante. E parecem ir de crise em crise. Só conseguem falar do último problema que tiveram. Contudo cada pedacinho dessa confusão é causado por uma coisa: incredulidade.

O salmista diz: "Acabam-se os nossos anos como um conto ligeiro" (Salmo 90:9). O salmista está falando do incrédulo. Qual é o título do seu conto? É: Viveram e Morreram em Vão. É a mesma história que ouvimos as pessoas contando sobre avós não crentes: "Viveram seus anos na dor e na amargura. A única coisa que faziam era murmurar e reclamar. E morreram sós e esquecidos".

Esse é o horror da incredulidade. Ela amputa o seu histórico espiritual, tal que a única lembrança que têm de você é o de uma vida que se perdeu. Quando a geração jovem de Israel perguntava, "E o vovô e a vovó?", lhes respondiam: "Eles só murmuravam e reclamavam. Eles não tinham porquê viver - então ficaram sentados esperando a morte".

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Muitos Cristãos Ainda Têm de Entrar
no Repouso que Deus Tem Para Eles
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"Resta entrarem alguns nele" (Hebreus 4:6). O crente verdadeiro está determinado a confiar em Deus mesmo se a sua oração não é respondida. Não importa se todos os seus bens são levados, ou mesmo se enfrenta a morte. Ele deseja entrar no repouso de Deus. Qual é a evidência de uma vida assim? Uma pessoa assim, "ele mesmo descansou de suas obras" (4:10). Não passam mais a noite em claro tentando resolver os problemas em sua própria sabedoria, ou com a sua própria habilidade. Antes, lançam tudo sobre Jesus. Não importa se ganham ou se perdem. Eles se concentram unicamente no fato de que Deus tem um plano, e que Ele está operando isso em suas vidas.

Quero terminar com uma experiência que tive há pouco. Numa noite de sábado, desci até o cruzamento de Times Square em Nova York, em meio ao alvoroço de turistas e de outros fazendo as compras de fim de ano. Estima-se que nas horas de pico, quase 250.000 pessoas passam por aqui. Então, enquanto estava lá, eu orava observando as multidões passando.

Certa hora o Espírito Santo cochichou para mim: "David, dê uma olhada nessa aglomeração. Multiplique-a várias vezes, e esse será o quanto de gente que morreu no deserto. Em toda essa multidão, só dois entraram no meu repouso, Josué e Calebe. Todos os outros morreram antes da hora, em desespero e em incredulidade".

Esse pensamento me foi aterrador. Olhei mais de perto a massa de pessoas entrando nos teatros da Broadway, nos restaurantes, lojas. Vi gente rica, pessoas desabrigadas, gente da classe média, homossexuais, drag queens...e entendi que Deus provavelmente não estava no pensamento de nenhum deles. Pensei no estádio de futebol, nos ginásios de basquete e de hockey, e em todas as pessoas que os enchiam, com só uns poucos que verdadeiramente amam a Deus. Olhei em torno vendo todos os cinemas ali, e pensei nos milhares ali sentados, zombando de tudo que é santo.

Observando toda essa gente, entendi que todos eles tiveram a mensagem do evangelho ao seu dispor alguma vez, através da televisão, do rádio, literatura, até de Bíblias gratuitas em quartos de hotéis. Se apenas eles quisessem saber, seriam informados de que o mesmo Deus que operou milagres para o antigo Israel, faz o mesmo para todos os que O amam hoje. Porém são pessoas que não O querem conhecer. Se vêem alguém entregando folhetos evangelísticos, eles se apressam e o rejeitam. Não têm nenhum deus além do prazer, do dinheiro e das posses.

De repente, comecei a ver o valor de um crente único diante dos olhos de Deus. E ouço Jesus fazendo a mesma pergunta hoje: "Quando Eu voltar, encontrarei fé na terra?". Vejo Cristo, O que sonda o coração dos homens, esquadrinhando todos os bairros, e encontrando poucas pessoas, se tanto, que verdadeiramente O amam. Eu O vejo procurando nos campus universitários, perguntando: "Quem aqui vai crer em Mim?". Eu O vejo pesquisando na capital de nosso país, em busca de quem O aceitaria, e encontrando poucos. Eu O vejo buscando em países inteiros, e achando só um remanescente. Vejo-O buscando dentro da moderna igreja apóstata, e não encontrando fé, apenas mortandade.

Finalmente, Ele pesquisa a Sua igreja, procurando servos com genuína fé. Porém, o que Ele vê parte o Seu coração, e O entristece profundamente. Ouço-O chorando como fez por Israel: "Jerusalém, Jerusalém... Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não quisestes!" (Mateus 23:37).

Qual o motivo da angústia dEle? Deus enviou o Seu Filho para revelar o amor do Pai aos filhos amados. Enviou o Espírito Santo para confortar e guiá-los. Mesmo assim, multidões dentro da Sua casa não têm fé. Não crêem que Ele responda orações. Murmuram e reclamam, acusando-O de negligenciá-los. E ficam com medo e em desespero, como se Deus os tivesse abandonado.

Como ministro do Senhor, carrego a carga do meu Pastor. E sinto a Sua dor. Nesse momento, ouço-O dizendo: "Mesmo em Minha casa, vejo tão poucos com fé. Muitos dos Meus próprios filhos, incluindo os Meus pastores, fraquejam na hora das lutas. Não confiam em Mim quanto às suas famílias, seus empregos, seus futuros. Em verdade, muitos fizeram a sua escolha".

Então, e você? O Senhor vem a cada um de nós, perguntando: "Você crê em Mim? Você confia em Mim? Quando Eu vier, encontrarei fé em ti?". Como você responderá? 
 
Autor: David Wilkerson

Amigo de Pecadores

"Veio o Filho do homem...amigo de publicanos e pecadores!" (Mateus 11:19). Em Lucas 7 lemos a história de um fariseu chamado Simão, que convida Jesus à sua casa para uma refeição. Esse pio homem também convida um seleto grupo de líderes religiosos como ele para se ajuntarem à mesa. O mais provável é que esses convidados fossem também fariseus.
Era claramente uma reunião muito religiosa. Simão e seus companheiros fariseus observavam e guardavam a lei, davam os dízimos meticulosamente e iam à casa de Deus todos os dias. Eram escrupulosamente retos a seus próprios olhos, e se imaginavam ser os homens mais santos de sua geração.

Não tenho muita certeza quanto a porque um fariseu convidaria Jesus para jantar, mais ainda quanto a trazer outros homens estritamente religiosos para comer com Ele. Uma razão possível para o convite seria que Simão e seus amigos queriam determinar se Jesus era profeta ou, na verdade, descartá-Lo como tal. A passagem deixa claro que Simão conhecia a reputação que Jesus tinha como profeta (v. Lucas 7:39).

Naquela cultura, era costume saudar todo convidado com uma bacia de água e um pano, para lavar o pó dos pés da visita. (Não havia estradas pavimentadas na época, e assim os pés das pessoas estavam sempre empoeirados de suas viagens.) O convidado também era saudado com um beijo de cada lado do rosto. A seguir recebia um ungüento oleoso para passar nos cabelos, pois estes geralmente estariam necessitando se hidratar.

Ao ler esta passagem, parece que Simão havia arranjado de jeito que os outros convidados se assentariam antes de Jesus chegar. E, quase certo, esses outros convidados seriam refrescados segundo o costume. Afinal, nenhum fariseu queria ter a reputação de não ser hospitaleiro dentre os companheiros.

No entanto a passagem deixa evidente que Jesus não recebeu tal hospitalidade. A única coisa que recebeu quando chegou foi condescendência. Não houve água para lavar a poeira de Seus pés, nem beijo de cortesia na face, nem ungüento para a cabeça (v. Lucas 7:44-46). Em vez disso, foi levado à uma mesa reclinada como um visitante menor, e teve de se reclinar em meio aos demais com os pés ainda empoeirados.

As escrituras não dizem o que esse grupo discutia em torno da mesa da ceia, mas podemos assumir que tinha a ver com teologia. Os fariseus se especializavam nesse assunto, e haviam tentado pegar Jesus em outras ocasiões com perguntas fantasiosas. Mas Cristo sabia o quê estava no coração destes homens, e isso logo ficou claro.

A próxima coisa que lemos é que uma mulher das ruas, "pecadora", quebrou a cena. De algum jeito essa mulher, já conhecida no meio, passou dentre os empregados da casa e subiu até a mesa onde os religiosos jantavam. Lá ela chegou aos pés de Jesus, agarrada a um vaso de alabastro com perfume, e chorando.

Simão e seus amigos devem ter ficado muito abalados para agir; em verdade, provavelmente ficaram paralisados pelo choque. Eles reconheceram a mulher como sendo uma grande pecadora na cidade. (Ela pode ter sido prostituta.) Posso imaginar o que esses religiosos começaram a pensar: "Que coisa embaraçosa, uma pecadora destas invadindo a 'reunião de Jesus'. Estávamos conversando aqui sobre teologia, e de repente essa mulher de rua irrompe desse jeito".

A mulher pecadora se ajoelha, envolve os pés empoeirados de Jesus com as mãos, e começa a banhá-los com suas lágrimas. Diante disso, os fariseus devem ter respirado fundo, dizendo "Oh não. Como Jesus pode permitir que essa mulher O toque? É contra a lei ter contato com qualquer pessoa impura. Ele não deveria nem deixá-la tocar Suas roupas. Mesmo assim está permitindo que uma prostituta pegue os Seus pés".

Nesse momento, ela faz algo impensável: ela solta os cabelos. Nenhuma mulher judia decente faria um ato destes em público. Mas essa mulher de má reputação usou os cabelos para deixar os pés de Jesus limpos. Finalmente, ela abre o vaso de alabastro e derrama perfume sobre os pés de Cristo.

Os fariseus agora ficam indignados, pensando: "Que vergonha! Isso é erotismo. Jesus não pode ser profeta. Se Ele fosse realmente enviado de Deus, saberia que essa mulher é má e pararia essa exibição de carnalidade agora mesmo". Em verdade, as escrituras dizem que foi exatamente isso que Simão pensou (v. Lucas 7:39).

Mas Jesus leu a mente do anfitrião e anunciou: "Simão, uma cousa tenho a dizer-te" (7:40).

Quero fazer uma pausa aqui para avaliar as palavras de Jesus a Simão. Na verdade, o fato é que após ler essa história várias vezes, fui parado pelo Espírito Santo e O ouvi cochichando a mim: "David, uma coisa tenho a dizer-te nessa história". Em realidade, creio que o Senhor tem algo a dizer a todos nós aqui.

Me senti estimulado a me colocar nessa história, e a examinar a mim mesmo à luz da sua verdade. Imediatamente, vi que há dois tipos de espíritos agindo nessa passagem: o espírito do farisaísmo, e o espírito perdoador e restaurador de Cristo. Os fariseus deixam fluir um espírito condenatório, do tipo "sou mais santo do que você", e estavam julgando tanto a conhecida mulher quanto Jesus. Mas Cristo manifestou o espírito de perdão e de restauração, e disse a Simão que tinha algo a lhe dizer.

Confesso que ao me colocar dentro desta cena, o meu primeiro pensamento foi: "Claro, tenho o espírito de Jesus. Sou amigo dos pecadores. Passei anos ministrando a viciados, alcoólatras, prostitutas, aos piores dos pecadores. Não tenho farisaísmo algum em mim".

Ou assim pensava eu. Na verdade, a maioria de nós pensa assim, "Não sou esse tipo de crente. Eu não julgo as pessoas". Mas é o espírito do farisaísmo que argumenta: "Não sou como os outros. Sou mais justo, mais santo". Às vezes a maioria de nós permite que a inveja, o ciúme ou a raiva dêem cor à nossa opinião sobre os outros.

Para mim, a melhor definição de fariseu é "aquele que monitora os pecados dos outros, enquanto justifica a si próprio". Jesus ilustra isso apontando para a oração do fariseu no templo: "Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros...jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho" (Lucas 18:11-12).

Simplificando, o espírito farisaico diz: "Todos os demais estão no erro. Por toda volta, vejo apenas pecado e pessoas fazendo concessões. Mas eu faço certo. Sou um defensor da verdade".

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O que Jesus Tinha a Dizer para Simão?
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Cristo contou a Simão uma parábola sobre dois homens que deviam dinheiro a um credor: "Um lhe devia quinhentos denários, e o outro cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?" (Lucas 7:41-42).

Simão parece que entendeu a mensagem. O versículo seguinte diz: "Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou" (7:43). Qual foi exatamente a mensagem de Cristo a esse fariseu? Resumindo, Ele estava dizendo a Simão: "É você que precisa perdão".

Veja, quando Jesus de início disse a ele, "Uma coisa tenho a dizer-te", quis dizer, "Quero mostrar o quê está em teu coração. Esse momento em torno da mesa não tem a ver com essa mulher que aqui chegou. Tem a ver contigo, Simão. Tem a ver com o espírito que há em ti, com o teu orgulho religioso, a tua arrogância, o teu espírito condenatório, a tua falta de compaixão".

Creio que Jesus estava dizendo ao orgulhoso fariseu, basicamente: "Essa mulher assim chamada 'ímpia' conhece as profundidades da depravação. Ela sabe que merece condenação. Ela admite a desesperança e vê a si própria como a pior das pecadoras. A razão crucial para ela ter vindo aqui e fazer isso, é por estar tão agradecida pela misericórdia e pela purificação".

"Essa mulher vê o teu desdém por ela, Simão. Ela ouve os cochichos entre vocês todos, e sente a tua ira condenando-a. Mas por sua vez, ela não te julga. Não, ela te ama a despeito disso. Isso porque ela conhece do quê foi perdoada. Ela é capaz de amar a todos, por ter sido tão amada apesar dos seus pecados. Agora ela sente que não tem o direito de julgar os outros."

"Mas você, Simão, não vê a depravação do teu próprio coração. Você confortavelmente condena essa mulher, que se mostra partida - mas não vê que precisa tanto ou mais dessa misericórdia. Você está pensando que ela necessita de muito perdão e você de pouco. Mas não é assim."

Avalie o que Jesus havia previamente dito aos fariseus: "O que sai do homem, isso é o que o contamina. Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem" (Marcos 7:20-23).

Em meus cinqüenta anos de ministério, vi tanta tolice, tanta coisa falsa, tanto mercantilismo do evangelho e falsas doutrinas. E sei que isso tudo feriu o Senhor. Jesus expulsou os cambistas em Seus dias e mostrou o que era falso. Mas reservou suas denúncias mais incisivas para o farisaísmo. Os registros dos evangelhos me convencem de que não havia nada que Cristo odiasse mais.

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A Minha Oração nas Últimas Semanas Tem Sido
Para que o Senhor Mostre o Farisaísmo em Meu Próprio Coração
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Tenho orado: "Jesus, antes de eu pregar outro sermão sobre a situação da Tua igreja -- antes de eu falar uma palavra sobre os defeitos de outros ministérios -- por favor, mostre-me o meu próprio coração. Santo Espírito, poderoso cirurgião, corte fundo o meu câncer e radiografe o meu coração. Mostre-me o orgulho e a dureza do meu próprio coração".

Li recentemente que há 3.700 denominações pentecostais nos Estados Unidos e cerca de 27.000 pelo mundo. Além destas, há milhares de grupos carismáticos e pequenas denominações. No Brasil, Argentina, Nigéria e outros países africanos há centenas destas. Os batistas não estão muito aquém no número de vários grupos.

Muitas destas denominações são doutrinariamente boas, fazem um grande trabalho, e estão levantando igrejas espirituais. Estão poderosamente pregando o evangelho e ganhando um grande número de almas. Mas há também muita coisa que é blasfema, muitos falsos profetas, e muito pedido de dinheiro dos pobres.

Assim também era nos dias de Cristo. Havia tantos tipos de fariseus, tantos ramos de saduceus, tantos sacerdotes se debatendo. As falsas doutrinas abundavam, viúvas eram roubadas e os idosos tinham suas casas roubadas, tudo por motivos "religiosos".

Jesus deixa claro que um dia os perpetradores destes atos tão pecaminosos serão todos julgados. Irá cada um ficar diante dEle naquele dia, e dar contas pelo que fez. Mesmo assim enquanto ministrava na terra, Ele se recusava a gastar tempo monitorando os negócios dessas pessoas. Ele ainda não estava assentado sobre o Seu trono de Juiz; pelo contrário, Ele colocava a concentração seriamente na obra do reino.

Nos próximos dias veremos um crescimento nas tolices e na falsidade dentro da igreja como nunca antes houve. Anjos de luz irão surgir - serão pastores e evangelistas possuídos por demônios, com um discurso cheio de lábia, enfático e sedutor. Tais homens terão força com sua presença, e suavidade na pregação de uma palavra totalmente inspirada pelo Diabo.

Há não muito tempo vi um evangelista destes na televisão apresentando um trabalho de levantamento de fundos. Contou uma história louca sobre uma mulher que deu 100 dólares para o seu ministério, e dentro de semanas recebeu uma herança de mais de 800.000 dólares.

Fiquei preso na cadeira em choque, ao assistir essa sedução caminhando. Logo fui me esquentando com raiva, e gritei aos céus, "Vou desmascarar este homem!". Mas, a próxima coisa que entendi foi o Senhor cochichando ao meu coração: "Não, você não vai. Você vai deixá-lo em paz. Um cego guia outro cego, e todos acabam caindo no barranco".

Acredito, de verdade, que o meu desejo era defender o evangelho, mas eu estava reagindo na carne. O fato é: Jesus já fez uma declaração sobre esse mesmíssimo assunto. Os discípulos vieram até Ele um dia dizendo, "Mestre, Tu estás ofendendo os fariseus com o Teu ensino". Jesus lhes respondeu: "Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco" (Mateus 15:14).

Fui compelido a trazer muitas palavras fortes durante meus anos de ministério, palavras fortes contra o falso e as tolices. Eu não estou recuando diante do que disse, apesar de saber que algumas vezes me orientei mal em meu zelo. Mas as coisas vão ficar tão ruins, com tantas coisas ofendendo o Senhor, que poderíamos facilmente ficar o tempo todo tentando apagar estes incêndios. Cristo nos diz que não é nisso que temos de nos concentrar. Pelo contrário, Ele nos dá uma palavra clara sobre qual deve ser o nosso propósito nestes últimos dias.

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Somos Chamados a Restaurar os Caídos
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Preste atenção no outro espírito que estava manifesto na casa do fariseu Simão aquela noite: o espírito de perdão e de restauração. As escrituras nos dizem: "E, voltando-se para a mulher" (Lucas 7:44). Aqui eu vejo Jesus mostrando onde o nosso foco deve estar: não na falsa religião, não nos falsos mestres, mas nos pecadores.

Desviando o olhar de Simão e seus convidados, Jesus se volta para a mulher e diz: "Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muito pecados, porque ela muito amou...A tua fé te salvou; vai-te em paz" (7:47,50). Jesus estava revelando aqui porque Ele veio: para favorecer e restaurar os que caíram, os sem amigos, os derrubados pelo pecado. E está nos dizendo hoje: "Esse é o Meu ministério".

Igualmente, diz o apóstolo Paulo, é aí que devemos nos concentrar. Não devemos julgar os que caíram, mas buscar restaurá-los e remover deles as repreensões e censuras. O fato é que ele fez disso o teste da verdadeira espiritualidade: a prontidão para restaurar aquele que caiu. "Se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado" (Gálatas 6:1).

Quando Paulo usa a frase "olhando por ti mesmo", está pedindo aos gálatas para recordarem-se da própria necessidade que tiveram de misericórdia no passado. Em outras palavras: "O quê Cristo perdoou em vós? Qual acusação em teu passado a misericórdia removeu? Deus cobriu esses pecados? Agora veja todos os atos e pensamentos maus em sua vida diária, e a sua própria necessidade da graça e do perdão contínuos de Cristo".

O teólogo João Calvino diz, basicamente: o cristão que julga o pecado dos outros, sendo ele mesmo culpado, é como um criminoso condenado o qual ascende à cadeira do juiz para condenar um outro. Daí a advertência de Paulo: "Olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado".

Paulo então rapidamente acrescenta essa instrução sobre o caminhar com Cristo: "Levais as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo" (6:2). Qual é a lei de Cristo? É o amor: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros" (João 13:34).

A verdade é que o pecado é a carga mais pesada do homem. Não podemos simplesmente fazer vistas grossas ou deixar passar o pecado nos outros. Mas há um modo de ajudar a sustentar os outros em suas cargas, e é a correção branda e amorosa. Devemos restaurar os irmãos arrependidos com brandura e amor.

Paulo escreve a Timóteo sobre como tratar com os que estão nos "laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele, para cumprirem a sua vontade" (2 Timóteo 2:26).

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É Importante que Compreendamos Totalmente
O que Paulo Está Dizendo Nesse Versículo
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Quando lemos as instruções de Paulo "levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo", temos de nos perguntar: "Eu quero realmente viver agradando ao Senhor, cumprindo Sua palavra?".

Oh, as muitas, muitas maneiras pelas quais tenho tentado agradar a Deus. Tenho orado, "Oh Senhor, prostra-me diante de Tua presença. Que eu chore quebrantado. Torna-me contrito, desnude o meu espírito, não deixe que mornidão alguma me infecte. Dê-me uma paixão maior pela Tua palavra".

Todas estas coisas são boas, são bíblicas, e fazendo-as nos sentimos bem, pois estamos fazendo coisas que agradam a Deus. Mas Paulo diz, "Eis aqui o quê o Senhor mais quer de nós. Aqui está a Sua palavra sobre como cumprir a lei de Cristo: leve as cargas dos outros. Restaure os que caíram".

Não consigo tirar de mim essas palavras de Paulo. Elas me deixam perguntando: "Senhor, como exatamente levo a carga de alguém? Não dá para eu levar o pecado do outro; isso é obra unicamente de Cristo. Mas Senhor, Lhe ouço dizer que é isso que desejas. Portanto isso deve ser algo que eu deveria saber o quê é, mas não sei. Qual é a orientação?".

Eis o que ouço do Espírito Santo: devo pedir que Ele descubra todo o meu orgulho, a minha inveja, todo o meu ciúme, o meu hábito de julgar os outros, e o meu zelo enganoso. E devo pedir que me dê o Seu espírito de perdão, de contenção e autodomínio. Em resumo, devo buscar o espírito que Jesus teve na casa de Simão.

Quando temos esse espírito em nós, isso age como uma força magnética que atrai os que precisam da misericórdia de Deus. É o que atraiu aquela conhecida mulher ao espírito de compaixão de Jesus. Sabemos ser obra do Espírito Santo ganhar e atrair os pecadores a Cristo. Mas por que o Espírito Santo enviaria para nós uma pessoa necessitada de perdão, se não temos o espírito perdoador?

O grande evangelista George Whitefield e João Wesley foram dois dos maiores evangelistas da história. Eram homens que pregaram a milhares de pessoas em cultos ao ar livre, nas ruas, parques e prisões, e através de seus ministérios muitos foram levados a Cristo. Mas uma disputa doutrinária surgiu entre eles quanto a como uma pessoa é santificada. Ambos os lados doutrinários defenderam suas posições intensamente, e algumas palavras fortes foram trocadas, com seguidores de ambos os lados discutindo de um jeito inadequado.

Um seguidor de Whitefield foi até ele um dia e perguntou: "Nós vamos ver João Wesley no céu?". Ele na verdade estava perguntando, "Como João Wesley pode ser salvo se prega um erro desses?".

Whitefield respondeu, "Não, não veremos João Wesley no céu. Ele estará tão nas alturas junto ao trono de Cristo, tão perto do Senhor, que não teremos capacidade de vê-lo".

Paulo chama esse tipo de espírito de "alargamento do coração". E ele o possuía em si mesmo ao escrever ao coríntios, uma igreja na qual alguns o haviam acusado de dureza, e desdenhado seu ministério. Paulo lhes assegura, "Para vós outros, ó coríntios, abrem-se os nossos lábios, e alarga-se o nosso coração" (2 Coríntios 6:11).

Quando Deus alarga o seu coração, subitamente tantos limites e barreiras são removidos. Você deixa de enxergar através de lentes estreitas. Pelo contrário, você se vê sendo dirigido pelo Espírito Santo aos que sofrem. E os que sofrem são atraídos ao seu espírito de compaixão por meio da tração magnética do Espírito Santo.

Então - você possui suavidade de coração quando vê pessoas que sofrem? Quando vê um irmão ou irmã que tropeçou no pecado...que está tendo problemas...que possa estar a caminho de um divórcio...você é tentado a lhe dizer no que está errado? Eles não precisam que alguém lhes diga isso, pois muito provavelmente eles já o sabem. O quê Paulo diz que tais pessoas que estão em sofrimento necessitam, é serem restauradas em um espírito de mansidão e delicadeza. Eles precisam de um encontro com o espírito que Jesus demonstrou na casa de Simão.

Eis o clamor do meu coração para os dias que me restam: "Deus, remova toda a estreiteza do meu coração. Quero o Teu espírito de compaixão pelos que sofrem...o Teu espírito perdoador quando vejo alguém que caiu...o Teu espírito de restauração, para afastar deles as acusações. Carregue esse exclusivismo do meu coração, e alargue minha capacidade de amar meus inimigos. Quando me aproximar de alguém que esteja em pecado, que eu não vá julgando. Pelo contrário, permita que as fontes de água que brotam em mim sejam um rio do amor divino para com eles. E que o amor que lhes é mostrado faça acender dentro deles o amor pelos outros". 
 
 
Autor: David Wilkerson

Lembre dos Seus Livramentos

Como esquecemos rapidamente os grandes livramentos operados por Deus em nossas vidas. Como é fácil a gente tomar como certo os milagres que Ele operou em nosso passado. Porém inúmeras vezes a Bíblia nos diz: "Lembre dos seus livramentos".
Somos tão iguais aos discípulos. Eles não entenderam os milagres de Cristo quando Ele de modo sobrenatural alimentou milhares de pessoas com uns poucos pães e peixes. Jesus operou esse milagre duas vezes, alimentando 5.000 pessoas uma vez e uma multidão de 4.000 pessoas na outra. Contudo, poucos dias depois, os discípulos tinham removido esses acontecimentos da memória.

Aconteceu quando Jesus os preveniu quanto ao fermento dos fariseus. Os discípulos acharam que Ele havia dito isso por terem se esquecido de trazer pão para a jornada. Mas Cristo lhes respondeu: "Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantos cestos tomastes? Nem dos sete pães para os quatro mil e de quantos cestos tomastes?" (Mateus 16:9-10).

Segundo Marcos, Cristo ficou abismado com a rapidez com a qual os discípulos haviam esquecido Seus incríveis atos. Jesus disse: "Ainda não considerastes, nem compreendestes? Tendes o coração endurecido? Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais de quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes?" (Marcos 8:17-19).

O quê essas passagens nos dizem? Está claro que nenhum dos discípulos parou para levar em conta o quê estava acontecendo quando estas milagrosas alimentações se operavam. Tente pintar um quadro desses homens andando em meio à multidão carregando cestos, passando os pães e peixes que se multiplicaram milagrosamente à frente dos seus olhos. Você poderia pensar que esses discípulos teriam caído de joelhos, gritando, "Como isso é possível? É simplesmente impressionante; está totalmente fora de uma explicação humana. Oh, Jesus, Tu és verdadeiramente Senhor!". Eu os imagino encorajando as pessoas às quais serviam: "Peguem aqui - alimentem-se desse alimento milagroso, enviado da glória. Jesus providenciou isso. Contemplem o nosso Deus, e O adorem!".

Os discípulos viram essas obras maravilhosas com seus próprios olhos. No entanto, a significação dos milagres não ficou registrada neles. E agora, pouco tempo após, eles estavam cheios de dúvidas e questionamentos quanto a "não ter pão". Jesus teve de mostrar-lhes, "Como esquecem depressa dos milagres que Deus teceu para vocês. Vocês não compreenderam os seus livramentos".

Eu também me pergunto: por que essas multidões, que haviam sido alimentadas tão milagrosamente, não se levantaram para adorar Jesus? Por que não louvaram a Deus em altas vozes e com braços levantados? Evidentemente, elas tampouco compreenderam seus milagres. E foi pela mesma razão que você e eu rapidamente nos esquecemos dos milagres de Deus em nossas próprias vidas. Os livramentos de ontem são rapidamente esquecidos em meio às crises de hoje.

Do Gênesis ao Apocalipse,
a Palavra Literalmente Nos Berra:
"Lembre-se! Lembre-se!"

Ao longo dos dois Testamentos, lemos: "Lembre-se do poderoso braço do Senhor, para realizar milagres em teu favor. Lembre-se de todos os livramentos passados". Preste atenção à exortação de Moisés a Israel após o milagre do mar Vermelho:

"Disse Moisés ao povo: Lembrai-vos deste mesmo dia, em que saístes do Egito, da casa da servidão; pois com mão forte o Senhor vos tirou de lá...Quando teu filho amanhã te perguntar: Que é isso? Responder-lhe-ás: O Senhor com mão forte nos tirou da casa da servidão...E isto será como sinal na tua mão e por frontais entre os teus olhos; porque o Senhor com mão forte nos tirou do Egito" (Êxodo 13:3,14,16).

Os fariseus interpretaram esse último versículo ao extremo. Fizeram filactérios, caixinhas contendo leis escritas, que enrolavam no braço ou prendiam à testa. Porém o que Moisés estava descrevendo aqui era uma metáfora, um ministério espiritual. Era uma ordem para que todo israelita indelevelmente selasse na mente todo o impressionante livramento que haviam visto. O Senhor estava lhes dizendo, basicamente: "Guarde isso na memória, e o deixe à mão. Conserve-o sempre fresco em sua mente. Toda vez que enfrentar uma crise, toda vez que enfrentar um gigante, toda vez que um inimigo agressivo lhe atacar, você deve se lembrar de todos os milagres que Eu te concedi. Jamais se esqueça do livramento que experimentou. Mantenha um diário mental deles, e lembre cada detalhe. E aí se assegure de contar tudo aos seus filhos. Continue falando dos seus milagres, de geração a geração. Isso edificará a tua fé, e a fé de toda geração que vier".

Ninguém viu maiores milagres de libertação que a geração de Moisés. Começou com as impressionantes dez pragas que caíram sobre o Egito. Enxames de gafanhotos, invasões de rãs, rios se transformando em sangue, escuridão tão negra que podia ser apalpada - todas essas coisas trouxeram caos e confusão sobre os egípcios. Contudo durante todo esse tempo, Israel ficou seguro em seu acampamento, protegido de tudo.

Estes mesmos israelitas viram uma nuvem de glória se colocar atrás deles, ocultando-os do exército do faraó que se aproximava. Viram o céu da noite se iluminar com uma coluna de fogo, aquecendo-os durante as noites frias do deserto. E viram um mar inteiro se abrindo à frente, formando altas muralhas de cada lado. Eles caminharam em meio a ondas que formavam paredes, em terra seca. E no dia seguinte, Israel viu o exército do faraó destruído de forma sobrenatural, quando essas mesmas muralhas de água tombaram sobre seus perseguidores, eliminando-os. Que livramentos impressionantes Israel conheceu! Contudo não compreenderam nenhum deles. Em verdade, logo os esqueceram. Como sabemos disso? Está registrado: "Nossos pais, no Egito, não atentaram às tuas maravilhas; não se lembraram da multidão das tuas misericórdias e foram rebeldes junto ao mar, o mar Vermelho" (Salmo 106:7).

Como Israel foi rebelde a Deus no mar Vermelho? Ora, apenas três dias após o milagroso livramento, acusaram Deus de os ter levado ao deserto para que morressem de sede. "Tornaram a tentar a Deus, agravaram o Santo de Israel. Não se lembraram do poder dele, nem do dia em que os resgatou do adversário; de como no Egito operou ele os seus sinais e os seus prodígios...e converteu em sangue os rios deles, para que das suas correntes não bebessem" (Salmo 78:41-44). "Cedo, porém, se esqueceram das suas obras e não lhe aguardaram os desígnios...Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera cousas portentosas, maravilhas na terra de Cam, tremendos feitos no mar Vermelho" (106:13,21-22). Exatamente aquilo que Moisés havia repreendido em Israel acabou acontecendo. Ele havia prevenido: "Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas cousas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos" (Deuteronômio 4:9).

Vejo a mesma coisa acontecendo hoje na igreja de Jesus Cristo. Somos ordenados pela palavra de Deus a nos "vestirmos com os nossos livramentos". Devemos vesti-los todas as manhãs, assim como pomos nossas roupas. E devemos mantê-los à mão, sempre exibi-los diante dos olhos. E então lhe pergunto: quantas libertações milagrosas do passado você está vestindo agora mesmo? Você está mantendo vivos em sua mente os milagres que Deus lhe fez? Eles estão tão próximos, tão à mão que você poderia se levantar já e testificar de cada glorioso detalhe?

Quando o Espírito Santo pôs esta questão em mim, fiquei atônito. Eu só consegui lembrar com alguns detalhes, de uns poucos livramentos. Esqueci tantos. E tomei já como certos e garantidos muitos outros. Pior, eu não havia me lembrado deles na hora mais importante: quando enfrentava outras crises. A lembrança dos meus livramentos poderia ter alimentado minha fé durante tais provações.

Somos ordenados a contar aos nossos filhos e netos sobre todas as grandes coisas que Deus fez por nós. Até devemos ter isso escrito, um diário de nossos livramentos. Agora, por que esse mandamento de nos lembrarmos é tão importante?

1. Devemos nos Lembrar dos Livramentos Passados
Para Aumentar a Nossa Fé Diante das Lutas de Agora


É para o nosso próprio benefício que Deus nos manda recordar. A lembrança de nossos livramentos passados nos ajuda a aumentar a fé diante do que estamos enfrentando no momento. Você está enfrentando uma crise? Você tem diante de si a ameaça gigante de um problema no lar, no trabalho, na família? A única maneira de se enfrentar um gigante é fazer como Davi fez: lembre-se do leão e do urso. Foi assim que Davi pôde atacar Golias sem medo: lembrando-se da fidelidade de Deus para com ele, nas crises anteriores. Explico.

Quando Davi foi voluntário para lutar contra Golias, "Saul disse a Davi: Contra o filisteu não poderás ir para pelejar com ele...Respondeu Davi a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai; quando veio um leão ou um urso e tomou um cordeiro do rebanho, eu saí após ele, e o feri, e livrei o cordeiro da sua boca...O teu servo matou tanto o leão como o urso; este incircunciso filisteu será como um deles" (I Samuel 17:33-36).

É possível que Davi tenha testificado a Saul: "Me lembro do tamanho do urso que me atacou. Eu protegi as mãos com um pano, lhe agarrei a boca, desloquei sua mandíbula. Depois peguei a pele dele. Fiz um abrigo com ela, e a dei ao meu pai, como testemunho do poder de Deus para me livrar".

Davi sabia do perigo que enfrentava contra Golias naquela hora. Ele não era um principiante, um garoto ingênuo cheio de bravatas e procurando briga. Não, Davi estava simplesmente se lembrando dos livramentos passados. E agora ele olha o inimigo direto nos olhos e afirma: "O Senhor me livrou das garras do leão e das do urso; ele me livrará das mãos deste filisteu" (17:37).

Multidões dentre o povo de Deus hoje enfrentam gigantes por todos os lados. Porém muitos se agacham com medo. Isso descreve você? Você já se esqueceu da vez em que esteve tão doente e próximo à morte, mas o Senhor o levantou? Lembra-se daquele desastre financeiro em que disse, "Acabou - estou falido" - mas o Senhor lhe cuidou o tempo todo, e o guardou até o dia de hoje?

Veja esses relatos de provação vindos de pessoas que escreveram ao nosso ministério:

- Um casal de idosos sofre com o procedimento terrível de seu filho ministro. O jovem pastor deixa esposa e dois filhos, abandonando o ministério para adotar a vida gay. Seus pais ficam arrasados, pensando especialmente no efeito disso sobre os netos.
- Um pastor e esposa se afligem com uma filha a qual foi tirada do leito de morte por orações deles. Após se curar, a jovem começou a usar drogas e acabou se casando com um homem que se tornou criminoso. Agora ele está na cadeia, e a garota em pânico está perdendo o controle, tendo pensamentos de suicídio. Nesse momento os pais lamentam a cura dela, imaginando até se não seria melhor ela não haver se curado.

- Uma jovem mãe com três filhos se prostra sozinha em sua casa alugada. O marido morreu há pouco, deixando-a sem seguro ou sustento. Ela está só e sem um tostão.
- Um negociante está sendo processado pelo sócio, pessoa que se chama de cristão. O sócio tenciona roubar o negócio que esse homem começou. O negociante quer apenas discutir o assunto com o sócio, mas este se recusa a falar com ele. Agora os tribunais estão tomando o partido do sócio, apesar de este negociante ter apenas feito o certo em relação a ele.

- Um senhor de 55 anos foi dispensado de seu emprego rendoso. Agora ele se martiriza pensando: "Quem vai empregar um indivíduo de 55 anos?". Ele tem débitos e também estava auxiliando os filhos financeiramente. Agora chega o pânico, e ele sai todo dia, envergonhado de ficar parado em casa fazendo nada.

Esses são apenas alguns dos gigantes que os crentes estão enfrentando. Muitos outros santos nos escrevem de seus sofrimentos cruciantes, dizendo, "Eu não entendo". São todos crentes fiéis que confiam na palavra de Deus e andam no Espírito. Como pastor do Senhor, o que vou dizer a eles?

A verdade é a seguinte, há muitas coisas que não compreendemos, e simplesmente não as compreenderemos enquanto não estivermos no lar celestial com Jesus. Mas eu creio em termos absolutos que Deus pode curar, e que Ele tem saída para todas as situações. A pergunta para nós é, onde vamos encontrar a fé, a coragem, para nos levantarmos e ganhar vitória nEle?

Ela só vem pela lembrança do leão e do urso. Vem quando você é capaz de relembrar a incrível fidelidade de Deus, e todas as vitórias passadas que Ele lhe deu. Olhe, você não pode enfrentar um gigante enquanto não for capaz de visualizar e compreender a majestade e a glória de Deus em sua vida. Para fazer isso, insisto para que volte bem para o início, no seu começo com o Senhor.

Você se lembra como era antes de Jesus lhe salvar? Você realmente sabe o quão estava perto do inferno, alguns talvez perto do suicídio, outros prestes a se tornarem possuídos pelo demônio? Lembra-se do milagre, da transformação que ocorreu, do livramento que lhe retirou do abismo em que estava?

Você se lembra de como ficou livre de tentações crescentes, de armadilhas que o diabo lhe armou? Você chegou perto de desistir de tudo? Será que quase jogou tudo para cima? Será que ficou tão desencorajado, tão aniquilado, que achou ser inútil prosseguir junto ao Senhor?

Lembre-se: o Espírito de Deus veio sobre si. Você se arrependeu, e Ele o atraiu de volta para Si mesmo. O Senhor o desatou da armadilha do diabo, naquela ocasião e em muitas outras. Pergunte-se: quantas preces desesperadas o Senhor lhe respondeu?

Vou Lhe Oferecer Uma Maneira Pela Qual
Você Pode Transformar um Gigante Numa Formiga


Se possível, pegue uma estrada interiorana à noite. Lá, olhe para a lua e para as milhões de estrelas. Então lembre do seu Criador Deus e de toda obra de Suas mãos.
O astronauta Charlie Duke uma vez falou ao nosso grupo na Igreja de Times Square. Comentou como é estar numa cápsula minúscula a 448.000 quilômetros da terra, voando em direção à Lua. Quando a nave ficou de lado, alguém exclamou: "Olhem que vista incrível!".

Era a terra, suspensa maravilhosamente no espaço negro. Lá estava, gigantesca, a esfera brilhante, sustentada por nada. Toda a tripulação ficou atônita com a visão. Eles sabiam que só um Deus Criador incrível poderia tecer isso.

Em verdade, esse foi o mesmo plano que Deus usou para tirar Jó de sua dor. O Senhor fez com que aquele homem sofredor voltasse os seus olhos para os fundamentos da terra, e perguntou: "O quê está prendendo a terra, Jó? O que a segura no espaço?". Deus prosseguiu, dizendo, "Quem deteve os mares em suas margens? Quem diz ao oceano poderoso, 'Venha só até esse ponto, mas não o ultrapasse'? O quê impede que as ondas avancem sobre a terra? Por que você não está se afogando com a água subindo, Jó? E onde estão as nascentes de onde provêm os mares?

Como a luz é separada da escuridão? Como são os ventos divididos e dispersos? Como nasce a chuva? O homem pode produzir relâmpagos, trovões, nuvens? Quem você acha que dispôs todas essas forças da natureza em seus lugares, Jó? Quem pôs a ferocidade e a bravura na natureza dos animais?".

Deus literalmente levou Jó a assistir um "Curso de Poder", revelando Sua criação passada. Em meio a isso, foi dizendo a Jó: "Você se esqueceu quem Eu sou. Você me acusa de negligência. Você duvida do meu interesse por ti, e do meu poder para te livrar. No entanto estou lhe mostrando o quanto me preocupo por toda essa enorme criação minha" (v. Jó caps. 38-40).

O Senhor prosseguiu, até que finalmente Jó se viu aniquilado diante de tudo isso. Então Jó olha para os seus problemas e diz: "Fui tolo. Os meus olhos estavam no lugar errado, em vez de estarem em Ti. Oh Senhor, eu havia me esquecido de todas essas coisas sobre Ti. Sei que Tu podes fazer tudo. E sei que nenhum pensamento pode ser retido de Ti" (v. Jó 42:2-3).

2. Devemos Lembrar de Nossos Livramentos Passados
Como uma Arma Contra o Medo

O medo não consegue sufocar o coração de alguém cujos olhos estejam cheios da visão da grandeza e da majestade de Deus.
Neemias entendeu bem esse princípio. Ele ia de um lado para o outro sobre as muralhas de Jerusalém, enquanto um remanescente esgotado e cansado abaixo tentava reconstruir a cidade. Os israelitas estavam cercados por temíveis adversários, uma coalizão de três nações dirigida por Sambalá e o pérfido Tobias. Agora o medo estava começando a se infiltrar. Os muros da cidade não estavam acabados, e havia montes de entulho por todo lado. Os trabalhadores esgotados eram forçados a labutar com um martelo numa mão, e uma espada na outra. Como responder aos seus temores? Como prosseguir em vez de fugir? Então Neemias traz à lembrança deles o quão grande e tremendo o seu Deus é:

"Inspecionei, dispus-me e disse aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo: não os temais; lembrai-vos do Senhor, grande e temível, e pelejai" (Neemias 4:14).

Prezado santo, você está com medo de sua situação? Será que o problema lhe atingiu, abalando sua confiança no Senhor? Se é assim, lembre o quão grande e temível o seu Deus é. Foi exatamente assim que Moisés tratou com o medo em seu grupo. Ele disse a Israel: "Se disseres no teu coração: Estas nações são mais numerosas do que eu; como poderei desapossá-las? Delas não tenhas temor; lembrar-te-ás do que o Senhor, teu Deus, fez a Faraó e a todo o Egito...Não te espantes diante deles, porque o Senhor, teu Deus, está no meio de ti, Deus grande e temível" (Deuteronômio 7:17-18, 21).

Moisés estava dizendo: "Vocês enfrentarão tremendos inimigos muito mais poderosos que vocês. E se perguntarão como de algum modo conseguirão ter vitória tendo tão poucas chances. Mas a única coisa que deverão fazer é se lembrar de quão grande e forte é o teu Deus. Lembrem-se do quê Ele fez aos seus inimigos no passado, e como Ele foi fiel ao libertá-los".

Temos de Nos Lembrar de Quão Grande é Deus
- do Quê Ele Fez no Passado Para Nos Livrar -
E Invocar Esse Poder Majestoso Diante da Provação Desse Momento

Moisés insta junto a Israel: "Ele fez tudo isso por vocês. E vocês devem se apropriar do poder dEle". "Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez estas grandes e temíveis cousas que os teus olhos têm visto" (Deuteronômio 10:21).
Davi pergunta: "Quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para ser teu povo? E para fazer a ti mesmo um nome e fazer a teu povo estas grandes e tremendas cousas, para a tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste do Egito, desterrando as nações e seus deuses?" (2 Samuel 7:23).

Deus declara a nós: "Porque eu, o Senhor, não mudo" (Malaquias 3:6). E hoje Ele ainda procura mostrar a Sua grandeza a todos que crêem e se apropriam do Seu poder. "Quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele" (2 Crônicas 16:9).

As palavras de Moisés ao morrer, dirigidas ao povo de Deus foram: "Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos atemorizeis diante deles, porque o Senhor, vosso Deus, é quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará" (Deuteronômio 31:6).

Finalmente, ouvimos o apóstolo Paulo. Ele ora para que se abram os olhos de cada um dos santos, para verem a grandeza do poder de Deus para conosco: "Que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder" (Efésios 1:17-19- itálicos meus).

Dentre as coisas mais importantes que me lembro, a maior delas é a memória que compartilhamos toda semana à Santa Ceia. Nos recordamos da morte do Senhor, do maior de todos os milagres. O nosso Senhor Jesus Cristo conquistou a morte, e hoje se mostra vitorioso sobre qualquer provação que você enfrente. E ainda mais, Ele está com você em sua provação. Insisto consigo: erga os olhos da dor, e lembre das maravilhosas obras que Ele fez por você. Então terá uma visão da majestade e da glória do Deus que é o seu livramento. 
 
 
Autor: David Wilkerson