segunda-feira, 24 de junho de 2013

AGRADECIDOS

1Tessalonicenses 5.13-25.

Em 2005, uma atleta brasileira (Natália Falavigna) conquistou o título de campeã mundial de taekwondo. Ainda na cidade onde obtivera a inédita vitória, ela comentou:
-- Quando voltar ao Brasil, sei que vou precisar treinar ainda mais, porque os meus objetivos agora são o Pan-Americano e os jogos olímpicos.
Em outras palavras, no mundo dos esportes não há lugar para descanso.
Na vida cristã, temos um constante desafio: ser íntegros. E neste caminho, não há descanso. Descansar é cair. Descansar é retroceder. Descansar é deixar de ser íntegro.
Há uma diferença, no entanto, entre o atleta e o cristão. O atleta conta apenas com sua forca mental e física. A meta do cristão é ser preservado íntegros e irrepreensíveis desde agora e até a volta de Jesus Cristo ou a nossa partida desta história. O atleta faz seu caminho; Deus faz o caminho do cristão. Ele é chamado para ser íntegro por Deus; sua tarefa é por-se a caminho e deixar que Deus complete o que começou na sua vida. É isto que nos afirma a Bíblia pela voz do apóstolo Paulo: "Que todo o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam preservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Aquele que os chama é fiel, e fará isso" (1Tessalonicenses 5.23b-24). O atleta conta com a sua vontade. O cristão conta com o Deus que o chama e com a sua vontade de ser conduzido pelo Deus fiel.
O maior desafio de um cristão, portanto, é ser íntegro.
Estamos sendo ameaçados de falhar em nossa integridade. Nossas falhas, no entanto, não desautorizam o Evangelho, embora nos desmoralizem como evangélicos. Isto se aplica a um líder de igreja ou um participante da igreja.
A Bíblia nos pede: "Afastem-se de toda forma de mal" (1Tessalonicenses 5.22). Nosso corpo busca o mal, embora o Espírito Santo em nós nos afaste dele. Esta é a verdadeira batalha espiritual: apagar o Espírito Santo em nós para que Ele não nos afaste do mal ou manter aceso o fogo do Espírito Santo em nós para que Ele nos afaste do mal, do mal procedimento, e afaste de nós o mal, o mal que nos tenta para nos derrotar.

Nesta seção da carta, o apóstolo Paulo pavimenta o caminho da integridade, com três elementos.

A BUSCA DA PAZ
O apóstolo começa por mostrar que a integridade se desenvolve no plano dos relacionamentos humanos. É claro que uma vida relacional saudável entre uma pessoa e outra começa com um relacionamento saudável dessa pessoa com Deus. Se você está mal com o próximo é porque está mal com Deus, e aqui a ordem das palavras não altera o sentido da frase.
Preferimos pensar na vida cristã como sendo uma vida de relacionamento com Deus; sim, é verdade, mas ela se evidencia no horizonte de nossos encontros. Então, o autor da carta nos pede: "Vivam em paz uns com os outros. Exortamos vocês, irmãos, a que advirtam os ociosos, confortem os desanimados, auxiliem os fracos, sejam pacientes para com todos. Tenham cuidado para que ninguém retribua o mal com o mal, mas sejam sempre bondosos uns para com os outros e para com todos". (1Tessalonicenses 5.13b-15)
Devemos viver em paz com os que se empenham em viver em paz conosco, e quando buscamos a paz com estas pessoas, precisamos saber que nossa virtude não merece qualquer elogio, porque este é um caminho fácil. É caminho difícil, mas deve ser o nosso também, viver em paz com os que não se empenham em viver em paz conosco.
O apóstolo Paulo menciona três tipos de pessoas que nos desafiam à vida de paz: os ociosos, que devem ser advertidos; os desanimados, que devem ser consolados, e os fracos, que devem ser apoiados.
Os ociosos são aqueles que vivem dos esforços dos outros. Provavelmente o apóstolo se referia a pessoas que se recusavam a viver do trabalho, sob a justificativa de que Jesus voltaria logo. Em todos os tempos há pessoas que se escondem em vocações religiosas para não trabalhar duro. Podemos acrescentar que o Paulo se referia também aos desinteressados em desenvolver sua própria fé, como se pudessem depender da fé dos outros, sejam amigos, pais ou pastores. Ociosos (ou insubmissos, como trazem outras versões) são ainda aqueles que se recusam a ouvir as instruções que a Bíblia lhes traz, preferindo seguir suas próprias instruções. Eles devem ser advertidos porque seu caminho pode nos seduzir. Viver em paz com eles implica em corrigi-los para o bem deles e o nosso.
Já os desanimados também nos seduzem, pela força de sua influência; conviver com um desanimado requer atenção, para não nos tornarmos iguais. O perigo maior também é outro: os desanimados ou aqueles que se sentem inadequados, como se estivessem fora de lugar, podem nos cansar. Assim mesmo somos chamados a viver em paz com ele, confortando-os.
Os fracos são os que estão sendo tentados a viver dissolutamente. São fracos também os que têm pouca fé, que experimentam pouca fé, que não encontram força na fé. Por isto, dependem dos outros e somos chamados a auxiliá-los para que deixem de ser fracos.
Viver em paz com os ociosos ou insubmissos, desanimados e fracos é ser longânimo para com eles.
Como estamos nesta caminhada? Avançando em paciência? Retrocedendo, tendendo à intransigência? Retribuindo o mal com o mal? Fazendo aos outros os que nos fazem?
Talvez precisemos de um choque de bondade, que nos leve outra vez a tratar as pessoas como um dia as tratamos, com interesse, respeito e paciência. Precisamos renovar nosso compromisso de não retaliar e não esperar retribuição. As palavras de Jesus (Mateus 5.38-47) nos devem soar como convite:
Vocês ouviram o que foi dito: 'Olho por olho e dente por dente'. Mas eu lhes digo: `Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra. E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa. Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas. Dê a quem lhe pede, e não volte as costas àquele que deseja pedir-lhe algo emprestado`.
Vocês ouviram o que foi dito: 'Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo'. Mas eu lhes digo: `Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos. Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa vocês receberão? Até os publicanos fazem isso! E se saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso!`(Mateus 5.38-47)

A FORÇA DA GRATIDÃO
Depois destas recomendações, o apóstolo Paulo acrescenta uma outra: "Alegrem-se sempre. Dêem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus. (!Tessalonicenses 5.16 e 18)
Eis o recado de Paulo para nós:
. Alegre-se em Deus, sempre. Quando as coisas estiveram sob nosso controle e segundo o nosso desejo, mas também quando parecem fora de nosso controle e distantes dos nossos desejos.
. Alegre-se em Deus, não com as circunstâncias, sejam elas boas ou ruins. Como Deus está acima das circunstâncias, olhe para Ele e viva. Se você olhar para Ele, vai vê-lO sorrindo.
. Seja grato a Deus. Devolva-lhe o sorriso. Ser grato é sorrir para Deus. Ser grato é estar aberto para mais bênçãos. Ser grato é preparar o corpo para receber graça sobre graça. A murmuração impede a chegada do amor de Deus.
. Regozije-se. Não deixe que as coisas derrubem você. Lembre-se que você tem o recurso da companhia do Espírito Santo. Lembre-se ainda em que, em todas as situações, na pior das hipóteses, Deus está nos ensinando algo.

Sempre me intrigou a instrução segundo a qual devemos dar graças é da vontade de Deus para nós em Cristo Jesus. Por que?
Primeiro, porque Deus sabe que dar graças faz bem. Reclamar faz mal, além de não resolver o problema que origina a reclamação.
Segundo, porque esta era a atitude de Jesus. Ele dava graças. Então, quando fazemos isto, nós nos parecemos com Jesus, que é a nossa meta.
Para entendermos a recomendação, precisamos nos lembrar que a ingratidão é o estilo predominante de vida em muitas pessoas. Quando Jesus curou dez leprosos, apenas um voltou para agradecer; e este que voltou foi curado e salvo. Quando saíram do Egito, os hebreus não paravam de murmurar contra Moisés por lhes ter libertado do cativeiro. Essas pessoas só viram o negativo, como se tivessem medo da felicidade.
Até hoje, e no mesmo plano, há aqueles que são incapazes de dizer um “muito obrigado” que não seja formal. “Obrigadas” são, para elas, as pessoas que lhe prestam algum serviço.
O apóstolo Paulo adverte para não sermos como aqueles que murmuram e sempre acham motivos para reclamar (Filipenses 2.14)
Ser grato é ser sábio, é ser obediente, é reconhecer o que Deus fez. Temos recebido muitos benefícios de Deus, especialmente o de sermos sua feitura (Efésios 2.10). Se olhar para as nossas biografias, veremos que temos encontrado pessoas dispostas em nos ajudar. Apesar disso, só seremos gratos se percebermos que não nos bastamos a nós mesmos: só Deus tem mesmo poder (Efésios 3.20). Seremos gratos quando soubermos que interdependemos uns dos outros (Efésios 5.21).

EMPENHO NA ORAÇÃO E NA LEITURA DA BIBLIA
O apóstolo Paulo nos pede outro empenho: que nos apliquemos à oração e à leitura da Bíblia: "Orem continuamente. Não apaguem o Espírito. Não tratem com desprezo as profecias, mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom" (1Tessalonicenses 5.17, 19-21).

1. Oremos sem cessar.
Orar sem cessar é orar e continuar orando, feliz porque a resposta veio, esperante porque a resposta ainda não veio.
Orar sem cessar é orar dependendo de Deus, a quem a vontade é submetida. Não é gritar até Deus responder; quem ora assim é profeta de baal. Não é dar ordem a Deus para Ele responder; quem ora assim é cristão que se deixou levar pelo paganismo. Orar sem cessar é descansar na graça de Deus.

2. Não apaguemos o Espírito.
Devemos manter o Espírito Santo aceso. Este é o perigo: nós podemos apagar o Espírito Santo. O Espírito Santo se manifesta como um fogo santificador, um fogo encorajador. No Pentecoste, sua presença foi experimentada em meio a labaredas como que de fogo (Atos 2). A finalidade deste fogo é nos capacitar para uma vida íntegra, em que os dons do Espírito estão presentes, no culto e na vida, sem os dons do Espírito é uma vida sem o fruto do Espírito. Uma vida sem o fruto do Espírito não é uma vida, mas um simulacro.
Apagar o Espírito Santo é fazer o que é errado e continuar a fazer o que é errado. Deixar aceso o Espírito Santo é parar de fazer o que é errado e por-se a fazer o que é bom.

3. Valorizemos as profecias.
Devemos valorizar as profecias. Profecia é uma declaração do que está na mente de Deus. O profeta, em todos os tempos, é a boca de Deus. É boca de Deus todo aquele que tem os ouvidos atentos à voz de Deus. Um pregador pode pregar de si mesmo, mas deve pregar o que vem de Deus. Seus ouvintes devem um ouvido nele e em outro Deus, para ver se ele é a boca de Deus ou a voz de si mesmo.
Quem lê a Bíblia, a palavra de Deus, não vai de um lado para o outro, seja uma doutrina, seja um costume, seja uma idéia, seja uma prática. A leitura da Bíblia nos capacita para uma consciência crítica.
Precisamos valorizar ainda mais a pregação. Os pregadores devemos nos empenhar em expor a palavra de Deus com seriedade, temendo e tremendo, do preparo à comunicação. Os ouvintes devem testar, pondo à prova, o conteúdo da pregação, mas sem desprezar a pregação.

FIRMADOS EM DEUS
Por último, o apóstolo deseja: "Que o próprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam preservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Tessalonicenses 5.23-24).
Ser íntegro, ensina-nos Paulo, não é meta que alcançamos sozinhos. E estamos sozinhos quando achamos que assumimos o controle das nossas vidas. E quando o fazemos, passamos a achar que subjugamos nosso temperamento, controlamos nosso caráter e domesticamos nosso desejo. E quando isto acontece, estamos prontos para ser levados pelo nosso desejo, destruído pelo nosso caráter e assolado pelo nosso temperamento. O conselho bíblico é claro: precisamos que Deus, que começou a obra de educação do nosso temperamento, de restauração do nosso caráter e de sujeição do nosso desejo, continue o seu trabalho, com a nossa cooperação; nós cooperamos com Ele, e não o contrário.
A vida em paz é a integridade que o ser humano deseja e que o ser humano pode ver, porque sempre desafiada, sempre desejada.
O Deus da paz deseja que vivamos em paz.

A BÊNÇÃO QUE DEVEMOS BUSCAR
O apóstolo Paulo prossegue seu argumento em 2Tessalonicenses 2.16-17.

1. A bênção de Deus sobre nossas vidas é uma ação conjunta da Trindade divina. Dela participam todas as pessoas da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo)
O apóstolo Paulo nos recorda das ações do Filho para consco. Jesus Cristo é Deus e não um mestre ou ser evoluído, como querem crer alguns. Ele tem poder, tal como o Pai, para operar em nossos corações a sua graça.
O apóstolo Paulo nos recorda das ações do Pai para conosco: Ele nos ama, dá-nos eterna consolação (contra as consolações fugazes de palavras e remédios), dá-nos uma boa esperança, porque fundada na pessoa concreta do seu Filho Jesus.
O apóstolo Paulo nos recorda das ações do Pai e do Filho para conosco: Eles dão consolo ao coração e confirmam (fortalecem) uma vida cristã consistente com boas palavras e boas ações.
O apóstolo Paulo nos recorda das ações do Espírito Santo para conosco: Ele nos separa (santifica) para si mesmo, selando o ministério cristão. Nós não nos santificamos a nós mesmos; esforço do crente é a sua parte no processo, que foi iniciado pelo Espírito de Deus.
A bênção de Deus sobre nossas vidas decorre do amor de Deus para conosco. Ele nos escolheu para amar desde a eternidade. Seu amor é parte do seu projeto para nós, antes que nascêssemos. Seu amor inclui, não exclui, A boa doutrina da predestinação é aquela que afirma que Deus nos predestinou para sermos amados por Ele. A recusa está em nós; nunca é um gesto dEle. O acesso a esta consolação é privativa daqueles que dão crédito à verdade de Deus. Estes são os justificados. São os que acolhem o amor de Deus para serem salvos (verso 10).
A bênção de Deus sobre nossas vidas é fruto de Sua eterna consolação para conosco. Como é eterna, esta consolação (que é o ato de estar ao lado) não pode ser abalada, nem mesmo por um terremoto moral ou espiritual ou profissional de nove pontos na Escala Richter (que vai até dez!). Esta consolação nos tranqüiliza quanto às coisas próprias do fim (que é o contexto desta bênção paulina), as quais não são animadoras (em função da apostasia). Esta consolação nos conduz a alcançar a glória de Cristo (na sua segunda vinda).

2. A bênção de Deus sobre nossas vidas nos aponta para uma vivência coerente por palavras e ações.
Somos chamados para uma vida cristã de sonhos (ideais) e lutas (concretas). Por isto, grande é o nosso privilégio (consolo pela ação e pela Palavra de Deus para conosco); imenso é o nosso compromisso (confirmação para a ação e para a palavra de nossa parte). A diferença é que nisto somos ajudados por Deus. Não estamos sozinhos.
A vida cristã consiste de um conjunto de sólidas boas ações e boas palavras. Tendemos pecaminosamente a uma dicotomia (dualidade, oposição) entre nossas palavras e nossas ações, dicotomia que não pode existir quando são boas palavras e boas ações.
Como nos deixamos levar pelas palavras dos outros, pela aparência de boas que têm! Aliás, toda a segunda carta aos crentes de Tessalônica é sobre o perigo da iniqüidade, baseada na mentira, na palavra de boa aparência.
Cada experiência que o cristão faz derivar desta graça é, ao mesmo tempo, graça em si mesma e um modo de confirmação e de certeza que a obra de Deus nele será consumada até à perfeição.



fonte: www.prazerdapalavra.com.br
 

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