segunda-feira, 24 de junho de 2013

AGRADECER É MANDAMENTO

Deuteronômio 8.10-20

Quem não agradece fica refém da amargura, ao lembrar sempre das coisas ruins e esquecer sempre as boas. O idólatra tem um dicionário com verbetes só de queixas e lamúrias, sem nenhuma letra para agradecimentos e boas memórias.
Ah se nós soubéssemos disto.
AGRADECER É MANDAMENTO

ISRAEL BELO DE AZEVEDO
Pensando sobre a natureza humana e em nossa dificuldade de ter corações gratos, deparei-me com a recomendação que Moisés nos legou sobre a gratidão (Deuteronômio 8.10-20). A instrução faz parte de seus discursos didáticos, em que faz um resumo das ações e atitudes que produzem felicidade.


[Deuteronomio 8]
(10)  Depois que tiverem comido até ficarem satisfeitos, louvem o Senhor, o seu Deus, pela boa terra que lhes deu.
(11) Tenham o cuidado de não se esquecer do Senhor, o seu Deus, deixando de obedecer aos seus mandamentos, às suas ordenanças e aos seus decretos que hoje lhes ordeno.
(12) Não aconteça que, depois de terem comido até ficarem satisfeitos, de terem construído boas casas e nelas morado, (13) de aumentarem os seus rebanhos, a sua prata e o seu ouro, e todos os seus bens, (14) o seu coração fique orgulhoso e vocês se esqueçam do Senhor, o seu Deus, que os tirou do Egito, da terra da escravidão.
(15) Ele os conduziu pelo imenso e pavoroso deserto, por aquela terra seca e sem água, de serpentes e escorpiões venenosos. Ele tirou água da rocha para vocês, (16) e os sustentou no deserto com maná, que os seus antepassados não conheciam, para humilhá-los e prová-los, a fim de que tudo fosse bem com vocês.
(17) Não digam, pois, em seu coração: 'A minha capacidade e a força das minhas mãos ajuntaram para mim toda esta riqueza'. (18) Mas, lembrem-se do Senhor, o seu Deus, pois é ele que lhes dá a capacidade de produzir riqueza, confirmando a aliança que jurou aos seus antepassados, conforme hoje se vê.
(19) Mas se vocês se esquecerem do Senhor, o seu Deus, e seguirem outros deuses, prestando-lhes culto e curvando-se diante deles, asseguro-lhes hoje que vocês serão destruídos.
(20) Por não obedecerem ao Senhor, o seu Deus, vocês serão destruídos como o foram as outras nações que o Senhor destruiu perante vocês.

1. Como a nossa natureza é propensa à ingratidão...
... Deus nos deixa o mandamento de agradecer.
A expressão "dêem graças" aparece 17 vezes na Bíblia. A ordem está implícita nos Dez Mandamento (Êxodo 20.9-11) na determinação de um dia para descanso e adoração.
A gratidão é um mandamento de Deus para nós porque o Senhor sabe o mal que a ingratidão nos faz. Em Deuteronômio, Moisés, do alto de sua intimidade com Deus, instrui: "tenham cuidado". Quem não agradece...
... é vaidoso, confiando em sua própria capacidade (força e inteligência).
... é presunçoso, achando que o que tem foi obra apenas de suas mãos e mentes.
... é idólatra, seja de si mesmo ou da sua inteligência ou do seu dinheiro, capaz de fazer qualquer "negócio" para ter mais de si mesmo

O preço da ingratidão é muito alto. Moisés é duro (versos 19-20): Mas se vocês se esquecerem do Senhor, o seu Deus, e seguirem outros deuses, prestando-lhes culto e curvando-se diante deles, asseguro-lhes hoje que vocês serão destruídos. Por não obedecerem ao Senhor, o seu Deus, vocês serão destruídos como o foram as outras nações que o Senhor destruiu perante vocês.

Quem não agradece fica sozinho. Ninguém agüenta só quem lhe suga.
Quem não agradece fica refém da amargura, ao lembrar sempre das coisas ruins e esquecer sempre as boas. O idólatra tem um dicionário com verbetes só de queixas e lamúrias, sem nenhuma letra para agradecimentos e boas memórias.
Quem não agradece se acha auto-suficiente, imaginando que não precisa de ninguém.
Ah se nós soubéssemos disto.

2. Como não sabemos naturalmente agradecer, Deus nos ensina a dar graças.
O poeta-rei Davi inventou uma expressão que se repete na Bíblia dezenas de vezes. Quando inagurou sua casa em Jerusalém, casa sonhada por décadas, Davi escreveu uma letra e encomendou uma melodia aos seus compositores em que dizia: "Dêem graças ao Senhor, porque ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre". (1Crônicas 16.34).
Neste mesmo poema, ouvimos: "Dêem ao Senhor a glória devida ao seu nome. Tragam ofertas e venham à sua presença. Adorem o Senhor no esplendor da sua santidade" (1Crônicas 16.29).
Aprendemos neste salmo duas formas de gratidão: o louvor, como expressão de gratidão, e a oferta, como expressão de gratidão. O louvor habita a região dos lábios. A oferta percorre a região do bolso.
Pelo louvor e pela oferta, nós nos aproximamos de Deus, porque exercitamos nossa confiança nEle.
Ao louvar, reconhecemos duas óbvias realidades: Deus existe e é bom. É por isto que é difícil louvar a Deus na hora da dificuldade, como se as sombras nos impedissem de ver a glória de Deus. (Que glória, se estamos sofrendo?) Não importa como estejamos, a glória a Deus é devida: é uma dívida para com Ele.
Ao ofertar, afirmamos nossa confiança em Deus e nosso desejo de viver com confiança e não na ansiedade. Em Levítico 22.29-30, lemos o seguinte mandamento: "Quando vocês oferecerem um sacrifício de gratidão ao Senhor, ofereçam-no de maneira que seja aceito em favor de vocês. Será comido naquele mesmo dia; não deixem nada até a manhã seguinte. Eu sou o Senhor". Como oferecer um sacrifício que seja em nosso próprio beneficio? (verso 29). A resposta, um pouco cifrada, é: comendo tudo hoje, sem guardar para amanhã. Parece um conselho à imprevidência. Quando Jesus nos ensinou a orar, também recomendou que pedíssemos apenas "o pão de hoje" (ou de "cada dia").
Entendamos: no Antigo Testamento, todo o culto público tinha um momento de ofertas, constituído de sacrifícios de carne ou de cereais. Parte desta comida ficava com os sacerdotes, para seu sustento, e parte era comido pelos que prestavam culto.  A instrução era para que não guardassem alimento para o dia seguinte, já que fora tudo oferecido a Deus. O verso termina assim: "Eu sou o Senhor". Se Ele é o Senhor que deu o alimento hoje, dará amanhã. Não se trata de um convite ao quietismo (de braços cruzados), mas de confiança em Deus (com as mãos postas). A história do mana nos ajuda a entender a ordem divina. Quem deu o mana, vindo do céu hoje, dará amanhã. Quem confia não precisa ficar ansioso. Precisa confiar e trabalhar. A oferta é, portanto, uma forma de confiança e confiança é o posto de ansiedade
Ah se nós lembrássemos disto.

3. Como é invisível, Deus nos coloca seres humanos, visíveis, como alvos objetivos de nosso anunciado amor a Ele.
O louvor a Deus pode ser uma traição, no sentido que pode ser apenas uma experiência estética, como algo que pode não significar o que nós realmente pensamos e vivemos sobre Deus e, sobretudo, diante de Deus.
Ele, então, estabeleceu o serviço ao próximo como um critério de validação do nosso louvor. No Novo Testamento, encontrarmos esta advertência: Jesus "nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão" (1João 4.21). Para o nosso bem, as palavra são duras, como as de Moisés: "Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade" (1João 3.18).
A argumentação é cristalina: "Se alguém afirmar: 'Eu amo a Deus', mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê" (1João 4.20). "Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? (1João 3.16-17).
Além de nos pedir um louvor íntegro, demonstrado na pratica de amor com os outros, seremos humanos como nós somos, Deus nos deu dons para o exercício deste serviço.
Ao longo do Novo Testamento, encontrei 30 destes dons (cf. Romanos 12.6-8, 1Coríntios 7.7, 12.7-11, 12.27-31, 13.13, 1Pedro 4.9, Efésios 4.11, Atos 11.19-26):

Administração
Apostolado
Celibato
Contribuição financeira
Curas
Discernimento de espíritos
Encorajamento
Ensino
Ensino coletivo (Professor)
Evangelização
Exorcismo

Hospitalidade
Intercessão
Interpretação de línguas
Liderança
Martírio
Misericórdia
Missões
Operação de milagres
Palavra de Conhecimento
Palavra de Sabedoria
Pastorado
Pobreza
Profecia circunstancial
Profecia expositiva
Profecia proclamadora
Serviço
Socorro
Variedade de línguas

Nenhum desses dons visa o bem de quem o recebe, que o recebe para abençoar os outros; nem mesmo o dom de línguas, falado na solidão de um quarto, é um fim em si mesmo. É, portanto, um escândalo a privatização dos dons. Especialmente em Paulo, há um pressuposto em sua teologia acerca dos dons: todos os dons são para a edificação dos outros na igreja. Alguns desses dons são claramente dons das mãos estendidas,
O primeiro alvo do dom é quem o tem. O segundo alvo do dom é quem recebe um benefício de quem o tem. Quem tem o dom só é abençoado quando o põe em ação, alcançando o outro. É por isto que é feliz quem estende as mãos para o outros, não o que retém. Todas as pessoas felizes que conheço são pessoas agradecidas. E todas as pessoas agradecidas que conheço são pessoas cujas mão se estendem para os outros.
Ah se vivêssemos isto.

As palavras de Moisés nos soam como um convite permanente:

[Deuteronomio 8]
(11) Tenham o cuidado de não se esquecer do Senhor, o seu Deus, deixando de obedecer aos seus mandamentos, às suas ordenanças e aos seus decretos que hoje lhes ordeno.
(12) Não aconteça que, depois de terem comido até ficarem satisfeitos, de terem construído boas casas e nelas morado, (13) de aumentarem os seus rebanhos, a sua prata e o seu ouro, e todos os seus bens, (14) o seu coração fique orgulhoso e vocês se esqueçam do Senhor, o seu Deus
(17) Não digam, pois, em seu coração: 'A minha capacidade e a força das minhas mãos ajuntaram para mim toda esta riqueza'. (18) Mas, lembrem-se do Senhor, o seu Deus, pois é ele que lhes dá a capacidade de produzir riqueza, confirmando a aliança que jurou aos seus antepassados, conforme hoje se vê.


Vamos agradecer?
AÇÕES DE GRAÇAS

Codifiquei a lista porque me proibi de pedir,
não que, para mim e até para os outros, não tenha
o que esperar para que o Senhor intervenha
para que possa, satisfeito com Seu cuidado, sorrir.

Nem que seja por um dia, eis o que decidi:
não farei do louvor na oração uma senha
como um pedinte que apenas se empenha
em agradar para merecer mais o que pode vir.

Assim respondo alegre à divina ordenança
que se acende sobre mim como uma tocha
para confiar nAquele me dá água tirada da rocha.

Quero ser o satisfeito que adora, como uma criança,
como o abençoado que não esquece a força
do Pai que, para o bem dos filhos, a história trança.




fonte: www.prazerdapalavra.com.br
 

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