quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

DEVOTADO À VONTADE DE DEUS



Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus, sendo fortalecido com todo poder, segundo a força de sua glória, em toda perseverança e longanimidade; com alegria, dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz. Colossenses 1:9-12.
O apóstolo Paulo estava escrevendo esta carta a uma igreja que ele não conhecia pessoalmente. Ele havia recebido as notícias do crescimento da igreja, por meio de Epafras, seu amado conservo e fiel ministro de Cristo, em Colossos. Mas, logo, que tomou as informações, foi motivado para orar continuamente, pela necessidade fundamental que todos têm, do transbordamento completo, do conhecimento da vontade de Deus. Paulo colocou a ênfase marcante de uma vida agradável, frutífera, robusta, perseverante e alegre como resultado do conhecimento profundo da vontade de Deus. Ele não enxergava outra alternativa para o progresso cristão, senão pelo discernimento claro do que é a vontade de Deus.
Enquanto Protágoras, um dos expoentes da sofística, resume a sua doutrina a respeito do conhecimento na frase : O homem é a medida de todas as coisas; Ambrósio, um dos doutores da Igreja, sintetizava: A vontade de Deus é a medida das coisas. Não é o homem nem a sua vontade que servem de padrão para o cálculo que valida as bitolas de uma vida equilibrada. A regra normativa que baliza os termos da vida compensada, proporcional e harmônica é a suficiência do conhecimento da vontade de Deus. Certamente que os limites da vontade finita do homem não podem concorrer com as dimensões absolutas da inquestionável vontade de Deus. Toda atitude que pretenda rivalizar estas vontades, promovendo um concurso que ressalte a vontade humana acima da vontade de Deus, acaba criando uma crise insustentável.
A segurança que mantém o desenvolvimento da personalidade está configurada no terreno da soberana vontade de Deus. Todos aqueles que vivem afinados com a direção divina não precisam sofrer com o drama da consciência. Não há zuretas hospedados nos abrigos da providência celestial, nem desorientados velejando nos mares dos seus propósitos eternos. Deus sempre ilumina seus túneis. Por isso, a luz de sua Palavra focaliza muito bem a direitura dos nossos caminhos. João Calvino costumava dizer: O Senhor não brilha sobre nós, exceto quando tomamos sua Palavra como nossa luz. Buscar conhecer a vontade de Deus mediante a sua Palavra é todo o programa de uma vida devotada à vontade de Deus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual é a vontade do Senhor. Efésios 5:17. O que Deus pretende, ele decreta: o que permite, já previu. Uma fé repousada nos ditames da suprema vontade de Deus nunca apela para os acasos ou eventualidades. O mesmo Deus que controla o sol cuida do pardal.
Sendo a vontade de Deus a única rota que devemos palmilhar para chegar no destino proposto, cabe a nos tomarmos algumas decisões para a dedicação deste programa. Vamos aqui obedecer algumas sugestões oferecidas pelos ministros do evangelho, que em outro tempo procuraram traçar os marcos que identificam esta caminhada. Se você pensa que está vendo a arca de Deus a cair, pode estar certo de que está tendo vertigens, dizia John Newton. Deus nunca ficou sem testemunho neste mundo e jamais deixou de demarcar nitidamente a sua vontade. Por este motivo é bom observar atentamente estes pontos relevantes, que especificam a vida configurada com a vontade de Deus.
Primeiro: Qualquer coisa que não seja a vontade de Deus, não é correta para o cristão. A fôrma exclusiva que é capaz de moldar apropriadamente o caráter cristão, sem deixar cicatrizes ou deformações, é a simples conformação com a vontade de Deus. Ainda que a vontade de Deus seja frontalmente contrária à nossa vontade, se quisermos ter uma vida ajustada e segura, não resta outra extravagância. Alinhar-se totalmente com a soberana vontade de Deus é a única alternativa viável, para a correção moral e espiritual de quem quer que seja. Todas as obrigações morais são resolvidas na obrigação da conformidade com a vontade de Deus. O salmista percebeu que a sua felicidade encontrava-se no contentamento de fazer a vontade de Deus. Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração está a tua lei. Salmo 40:8.
Segundo: A vontade de Deus não é apenas algo que devemos entender: é algo que devemos empreender. Esta visão da vontade não é mera informação teórica. Não estamos falando de fantasmas do conhecimento, mas de empresários dos propósitos divinos. Não basta saber qual é a vontade de Deus é preciso executá-la. Tornai-vos, pois, praticantes da Palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da Palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, para logo se esquecer de como era a sua aparência. Tiago 1:22-24. Estamos diante de uma tarefa que exige dedicação e não simples recreação especulativa. Somos chamados para sermos empreiteiros de um programa que envolve as intenções e os desígnios de Deus, e não excursionistas veraneando pelos deleites da investigação pretensiosa.
Terceiro: Deus sempre revelará sua vontade a alguém que esteja disposto a cumpri-la. Deus conhece tão bem o coração do homem, que jamais se ilude com os seus discursos. Não basta dizer; é imperioso querer. Todos aqueles que investem no objetivo de conhecer, para desempenhar com inteireza a vontade de Deus, são aquinhoados com a revelação providencial da vontade divina. Deus jamais sonegou a sua boa vontade aos homens que estão prontos a viver segundo a sua vontade. Mas, quando alguém sussurra entre os dentes: Deus jamais apontou para mim a sua vontade, faz uma declaração que denuncia muito mais a sua falta de envolvimento sério com Deus, do que a desconsideração divina com aquela pessoa. Não há sociedade do céus com os impostores, nem a vontade de Deus se torna viável aos insinceros. Contudo esta vontade se atualiza cada vez que nos submetemos com a inteireza de coração, e reivindicamos: Venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Mateus 6:10.
Quarto: A santificação com a vontade divina é o melhor remédio que podemos aplicar aos infortúnios. Ninguém pode roubar a felicidade de uma pessoa que se encontra habitando nos termos seguros da vontade Deus, pois feliz é o homem que vê Deus envolvido em tudo de bom e de mau que acontece na vida. Desde que não há casualidades na vida do cristão, tudo que lhe acontece tem algum propósito determinado pelo conselho da vontade soberana. Nenhuma aflição pode perturbar permanentemente a tranqüilidade de um coração, que reconhece a providência divina em todas as coisas que lhe sucedem. Saber, portanto, contabilizar os lucros decorrentes das perdas é uma graça excêntrica, conseqüência poderosa da operação radical, que a vontade de Deus permitiu em nossa jornada de santificação. Assim, enquanto a tempestade se aproxima, regozijemo-nos pela fé, por causa de nosso lugar atrás da porta fechada _ em Cristo.


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