sábado, 16 de fevereiro de 2013

A ARMADURA DE DEUS SEGUNDO EFÉSIOS 6:10-18

Introdução
1. O apóstolo Paulo estava preso em Roma. Possivelmente acorrentado e vigiado por um soldado romano durante a maior parte do tempo. Observando a armadura e o afazer deste soldado recebe a revelação do mesmo caráter do cristão como soldado de Deus, descreve a natureza do conflito espiritual e as diferentes peças da armadura de Deus.
2. Paulo teve em sua vida e ministério grande e fortíssimas experiências relacionadas com a batalha espiritual. Ele lutou com todas as ferramentas que o Senhor Jesus Cristo lhe deu para alcançar a vitória. O mesmo fato de estar preso na cadeia romana era uma forma que Satanás procurou para derrotá-lo. Ainda, naquela situação espantosa da testemunha do poder de Deus na sua vida como a única causa de seu permanecer na batalha, e que ainda estar preso era parte da estratégia do Senhor para a extensão do evangelho: Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo mais abundantemente além daquilo que pedimos o pensamos, segundo o poder que em nós opera. A essa glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, por todo e sempre. Amém. Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados. (Efésios 3:20,21; 4:1).
3. Há uma mentalidade no meio da igreja que faz que os cristãos só se limitem a aceitar a religião como membros ocasionais, procurando somente usufruir o conforto espiritual que desejam de suas estruturas eclesiásticas.
Porém, sem um compromisso maior e sem querer buscar assumir uma identidade mais achegada àquilo que a Palavra de Deus demanda. A falta de renuncia inerente ao evangelho, a posição de comodidade distancia aos cristãos de se transformarem em verdadeiros discípulos e soldados de Cristo. Milhares de armaduras estão ainda na espera daqueles que as tomarão para lutar pelo reino do Senhor.
4. Existe um grande conflito em todo o universo, entre a potestade de Deus e a potestade de Satanás.
(Atos 26:18). É uma conflagração terrível da qual depende a vida de milhões de pessoas. Ninguém pode permanecer neutral nesta guerra. Por esta razão:

1. O soldado de Cristo deve aprender usar toda a armadura de Deus.
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possam estar firmes contras as astutas ciladas do diabo. (v.11)
Uma armadura jamais pode ser usada de forma incompleta. Um soldado armado só com uma parte dela fará inútil sua eficácia e ainda será um motivo de zombaria por parte do inimigo.
Esta armadura não é humana, é de Deus. Aquela que Ele mesmo usa, a que ao mesmo tempo providencia aos seus soldados do reino que batalham a guerra espiritual.
O soldado de Cristo deve estar ciente que não poderá ser vitorioso em nenhum conflito inerente à vida espiritual sem ter tomado esta provisão de Deus. Não poderá por si mesmo, com as suas próprias energias e capacidades suportar a natureza do combate espiritual, se não obedecer ao mandamento do seu Senhor para revestir-se dela. Reconhecer que precisamos da ajuda externa para vencer o manterá humilde e dependente de Deus. Um soldado autossuficiente e um soldado auto deficiente.
Revestir-se da armadura de Deus tem uma conotação plural. É uma chamada à Igreja, a todos os membros do Corpo de Cristo para estarem revestidos dela. É nesta unidade, na comunhão verdadeira é que podemos “estar firmes”. O soldado de Cristo não é um “Rambo” espiritual, nem um super-herói. Ele só tem sentido (como todo soldado tem) enquanto permaneça junto ao exercito de Deus. Este “estar firmes” é uma exortação militar que obriga aos soldados a permanecerem junto e aguentar os astutos ataques do diabo e suas forças de maldade. Um soldado firme colabora na firmeza dos outros que estão ao seu lado combatendo a mesma batalha.
2. O soldado de Cristo deve saber reconhecer a natureza do conflito e do inimigo.
Porque não temos que lutar contra o carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. (v.12)
A armadura de Deus é necessária porque existe um conflito, uma batalha que é impossível ser evitada. Este conflito é violento, permanente e extremamente mortal, superior a qualquer conflito humano, pois não uma guerra contra “o carne e o sangue”, mas contra os poderes do maligno, o adversário de Deus e de todos os que temos sido chamados como os seus filhos.
Com astutas ciladas. A estratégia do inimigo é semelhante à dum terrorista. Não é uma guerra convencional, é uma guerra de guerrilhas. Não vem de frente, usa de camuflagem para invadir ocultamente o nosso território. Porque o mesmo Satanás de transfigura em anjo de luz (2 Coríntios 11:14). O soldado de Cristo deve estar atento a tudo aquilo que entrando na esfera do evangelho e a comunhão cristã o deslumbre ou lhe entusiasme em demasia, enchendo-o de auto-satisfação, aí é que está o perigo. Estas “ciladas” são meios astutos, armadilhas, formas mentirosas de situações e circunstâncias que se aproximam diante do soldado que demandam cuidados e discernimento.
Não temos que lutar contra o carne e o sangue. Os inimigos são forças espirituais, invisíveis aos olhos humanos, somente descobertos com as lentes infravermelhas que o discernimento de Espírito da à igreja. Estes inimigos tentam tomar o lugar em que todas as bênçãos alcançadas em Cristo são dadas ao cristão: nos lugares celestiais. Desta forma Satanás tenta impedir que o soldado possa nutrir-se da sua fonte de provisão e assim perder todo o seu vigor espiritual.
Contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade. As forças de maldade são reconhecidas como entidades pessoais. Não são forças cósmicas, más vibrações, ou energias negativas etéreas que circulam pelo ar. São espíritos individualizados e denunciados, da maneira como o mesmo Satanás é denunciado nas Escrituras. São “inimigos”, não são simplesmente espíritos ocultos ou agentes com os quais podemos conviver sem que sejamos incomodados. O propósito de todos eles é tomar posse de regiões, povos e nações e sujeitar às pessoas à destruição e morte. O Senhor Jesus declarou qual és a intenção do diabo: matar, roubar e destruir. (João 10:10). Ainda que muitos cristãos acreditem que não falando destes, nem os incomodando poderão evitar seus malignos ataques, erram profundamente. Estes inimigos não descansam até conseguir destruir aos seus oponentes, e todos aqueles que somos de Cristo somos inimigos do diabo. O Senhor Jesus disse: Quem não é comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta; espalha. (Mateus 12:30). Necessitamos da armadura de Deus para vencê-los. Não existe de fazer com eles um “tratado de não agressão” com eles, pois a sua mesma natureza é maligna.
3. O soldado de Cristo deve saber reconhecer todas as partes da armadura de Deus.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. (v.13)
A chamada a tomar a armadura de Deus se repete para mostrar a urgência que revestir-se dela tem.
A estratégia do inimigo é declarada aqui de forma específica: ele prepara com astúcia “o dia mau”. É o momento onde as forças do inimigo, sejam por meio da provação ou a tentação tentará destruí-lo e acabar com a sua vida espiritual. Quando Satanás quis tentar ao Senhor Jesus no deserto, o Mestre nos ensinou como permanecer firmes em este dia de terrível crueldade, no dia mau. Por meio da Palavra derrotou o diabo, com a espada do Espírito cortou todo propósito de Satanás, cumprindo aquilo que foi dito nas Escrituras: Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo. (1 João 3:8). Ainda assim, faz parte do mandamento do Senhor que o soldado “permaneça firme”, pois o diabo não para na sua intenção maligna de prejudicá-lo. O mesmo texto de Lucas 4:13 nos disse que o diabo “ausentou-se dele por algum tempo” procurando de todas as formas afastar ao Senhor do seu divino propósito.
Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade. (v.14)
A expressão “estar firmes” é chave no texto, pois descreve a forma de contrapor os ataques das potestades malignas. Os soldados devem encorajar-se mutuamente para não esmorecer, pois a batalha é muito forte e desgastante.
“Cingidos os vossos lombos”. Esta ação deve se realizar de forma íntima e deliberada. O que seria para nós na atualidade a ordem de: “apertar-se os cintos” antes de enfrentar um momento de risco. A palavra de Deus nos adverte para que “não caiam as nossas calças” chegado o momento de encarar a luta espiritual.
A armadura deve ser vestida na ordem aqui descrita. Os antigos da época do Novo Testamento usavam túnicas largas. O cinto, por sua vez, servia para ajustar estas roupas ao corpo antes de revestir-se com a armadura, desta forma o soldado ficava com uma maior liberdade de movimento.
Espiritualmente falando, este cinto da verdade quando bem ajustado fará com que mentira e a hipocrisia não sejam motivo de embaraço para o soldado. A falta de integridade é um defeito que expõe o soldado para ser envergonhado em sua luta contra o mau. Por isso, o apóstolo Paulo aconselha ao seu filho espiritual Timóteo: Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra de verdade. (2 Timóteo 2:15). Assim como o cinto dá facilidade de movimentação a quem usá-lo, a verdade é como um cinto ao redor do caráter pessoal que outorga uma grande liberdade de ação para todos os relacionamentos pessoais. A mentira inabilita, a hipocrisia embaraça. O cinto bem ajustado proporciona uma postura correta, dá firmeza às convicções diante das falsas opiniões e da mentira”.
E vestida a couraça da justiça. Esta couraça é como um “segundo esqueleto” colocado no peito para dar proteção ao coração, o órgão vital, o local que o inimigo procura para dar a sua ferida mortal. É também o local em que a alma deposita seus sentimentos e as emoções. Muitos soldados enfraquecem por não saber se proteger nesta área. Conflitos relacionados com a instabilidade emocional, a imaturidade emocional, terminam por deteriorar a fortaleza espiritual. Brechas abertas nesta área fazem estragos na vida do soldado.
É uma “couraça de justiça”, pois o soldado deve se vestir das ações corretas. Irresponsabilidade e má conduta abrem nesta couraça brechas perigosas. Esta justiça se relaciona com um caráter que honra as leis do reino de Cristo (Mateus 5:6).
A justiça que nos é imputada pela obra de Cristo, (Romanos 3:21), é a couraça mais forte que um ser humano possa possuir. As hostes espirituais de maldade não podem destruir um soldado de Cristo. Um coração perdoado, limpo e justificado diante do Pai por meio do sangue de Jesus inabilita o poder de Satanás sobre todo homem.
E calçados os pés na preparação do evangelho da paz. Seria literalmente “calçar os sapatos”. O evangelho da paz são os sapatos do soldado de Cristo. Eles são a base, aquilo que dá sentido e propósito a seu caminhar pela vida, e também os que lhe permitem manter a calma em meio da contenda espiritual. A confiança de haver crido no Evangelho e ter alcançado salvação o faz competente para encarar qualquer desafio, (Salmo 126:6). O exército do Senhor deve preparar-se para anunciar a potencialidade do reino de Cristo.
A nossa guerra é pela paz. Lutamos contra todos que se opõem a proclamação de evangelho da reconciliação do homem para com Deus. O conceito da luta para o cristão é a favor da paz que o coração de todo homem alcança ao aceitar a mensagem da salvação. O Senhor quando comissionou aos seus discípulos lhes disse: E, em qualquer casa onde entrardes dizei primeiro: Paz seja nesta casa. (Lucas 10:5). O soldado de Cristo não é um agente de discórdia, ou um aparente defensor da religião sob o argumento da discussão. Pelo contrário, é um mensageiro de Boas Novas, as quais declaram aos homens que ainda sendo inimigos de Deus por causa dos seus pecados podem alcançar paz para com Deus (Romanos 8:1).
Tomando sobre tudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
O escudo (latín: scutum) é a nossa confiança em Deus, a qual deve ser colocada ‘sobre tudo’, ou seja, cobrindo tudo o que somos e as nossas experiências de vida. Esta proteção externa pode parecer pesada demais e difícil de ser tomada, porém o imenso benefício da defesa que nos proporciona faz que o soldado a tenha como imprescindível. Os “dardos inflamados” são as línguas dos maus, cujas palavras incrédulas e contrárias à palavra de Deus ficam ineficazes quando cair sobre o scutum de Deus. Também, um exército que sabe usar adequadamente os escudos (como os romanos) consegue grandes vitórias. A fé que trabalha em conjunto é uma forte defesa para o povo de Deus.
Tomai também o capacete da salvação. A salvação é o capacete espiritual que protege a cabeça do soldado. Esta parte da armadura é uma defesa vital, porque de uma cabeça sadia depende toda a saúde do corpo. As questões relacionadas ao modo de pensar, ao controle da razão e ao intelecto só podem ser ajustadas com o conhecimento da salvação que procede da ação reveladora do Senhor. É necessário ajustar o capacete para não cair, e isto é uma questão pessoal, pois cada um tem uma medida diferente para ser ajustada. Dessa forma o saber humano deve ser ajustado pela Palavra de Deus a qual é poderosa para atender à necessidade de cada cristão. Contudo, caso o capacete caia no meio da batalha, o soldado ficará sem proteção.
E a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Esta é a arma ofensiva do soldado de Cristo. É a parte da armadura cujo uso necessita de prática cotidiana. A disciplina e a prática farão que o soldado saiba usá-la com habilidade. A espada é uma extensão do braço, convertendo o corpo humano num elemento letal.
O cristão que vive uma vida espiritual na defensiva, procurando somente usufruir das benções enquanto espera o retorno do Senhor Jesus é uma imagem mesquinha que não representa a mesma natureza ofensiva do Evangelho. Para vestir a armadura, em primeiro lugar é necessário assumir a condição de soldado. Ver milhares de pessoas sendo destruídas pelo mal, sujeitas de uma forma terrível as intenções de Satanás, sem fazer nada, sem que aqueles que temos sido chamados para anunciar-lhes a mensagem que pode salvá-los, é uma injustiça! Doutrinas que ensinam este tipo de atitude fazem dos crentes indivíduos passivos, sem paixão pelo resgate dos perdidos, e não tem forma de explicar porque a armadura de Deus proporciona uma espada tão poderosa como é a Palavra de Deus para tê-la guardada nos museus religiosos como um objeto para ser admirado, porém não utilizado.
Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos (v.18). A oração é a última parte a ser vestida na armadura de Deus. Significa que o soldado já vestido adequadamente para a batalha espera as ordens do seu Senhor antes de combater. O soldado tem que receber ordens, pois ele não pode e não deve se mandar sozinho. Portanto, não depende do soldado elaborar a estratégia para a batalha. É uma grande benção ver soldados equipados pelo seu Senhor, mas também sendo dirigido pelo mesmo Senhor. A oração é o momento no qual o soldado está “de prontidão”, cuidando que o rebanho que acolhe a todos os santos esteja livre dos ataques do maligno.

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