(Mateus 13.3-9) “E
falou-lhe de muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador
saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do
caminho, e vieram as aves, e comeram-na; E outra parte caiu em
pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não
tinha terra funda; Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não
tinha raiz. E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e
sufocaram-na. E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a
sessenta e outro a trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”
Os
pais foram convidados a vir à escola para dialogar sobre seus filhos.
Certo pai explicou, com seu jeito humilde, que ele, devido à sua
profissão (era representante comercial) não tinha muito tempo para falar
com o filho, nem vê-lo, durante a semana. Saía para trabalhar muito
cedo, quando seu filho ainda estava dormindo. Ao retornar do serviço, já
era muito tarde. E, o garoto não estava mais acordado. Explicou, ainda,
que não havia jeito… Ele tinha de trabalhar para prover o sustento da
família. Mas, contou também que isso o deixava angustiado. Por não ter
tempo para o filho, tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites ao
chegar em casa. E, para que o filho soubesse da sua presença, dava um nó
na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia todas as noites quando
ia beijá-lo. Quando o filho acordava, vendo o nó, sabia, então, que o
pai tinha estado ali e o havia beijado.
O
nó era o meio de comunicação entre eles. A diretora da escola ficou
surpresa e emocionada quando constatou que o filho desse pai era um dos
“melhores” alunos da escola.
Tal
fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras das pessoas se fazerem
presentes, de se comunicarem com os outros. Aquele pai encontrou a sua,
que era simples e eficiente. E, o mais importante é que o filho
percebia, através do “nó afetivo”, o que o pai estava lhe dizendo. Por
vezes, nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos o
principal, que é a comunicação através do sentimento.
Simples
gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele
filho, muito mais que presentes ou desculpas vazias.
É
válido que nos preocupemos com as pessoas, mas é mais importante que
elas saibam, que elas sintam isso. Para que haja a comunicação é preciso
que as pessoas “ouçam” a linguagem do nosso coração, pois, em matéria
de afeto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.
É
por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor
de cabeça, o arranhão no joelho, o medo do escuro. Enfim, as pessoas
podem não entender o significado de muitas palavras, mas sabem registrar
um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja apenas um nó. Um nó cheio
de afeto e carinho.
A primeira lição deixo aos pais.
Vivemos num mundo extremamente agitado. É trabalho, estudo… São muitos compromissos. O mundo nos envolve com seus afazeres.
A
igreja pode acelerar essa correria. É algo semelhante à parábola do
semeador no que se refere à sementinha que caiu em meio aos espinhos.
Ela foi sufocada, perdendo a sua força. Facilmente isso pode acontecer
conosco.
Perdemos
a clareza sobre a importância das coisas. Tudo é importante, mas
existem diferentes escalas de valores, diferentes prioridades. A família
sempre deve ocupar o segundo lugar.
O lugar mais alto cabe ao nosso Deus. Na parábola a semente é a Palavra de Deus. A minha história apresenta como semente sufocada o amor.
Quando
deixamos de amar a Deus acima de tudo, quando deixamos de amar aos
nossos queridos, podemos estar entronizando nosso trabalho, ou nossos
bens, ou até mesmo podemos nos tornar pessoas egoístas, cujo centro é a
nossa própria pessoa. A velha história do… Eu sou o bom! Por isso, mesmo
em meio à correria, não se esqueça do Senhor Deus e de sua família.
Pequenos
gestos para com a esposa (o) e filhos são necessários e trazem um bom
tempero à vida. Por isso, seja criativo e invente seus “nós afetivos”.
A segunda lição deixo aos filhos.
A
vida dos filhos hoje está tão agitada quanto à dos pais. Por vezes, o
filho se fecha em seu espaço, tornando-se cego com respeito a Deus e aos
seus familiares. Cria um mundinho próprio, deixando de perceber os
pequenos fatos familiares que acontecem à sua volta, os quais por vezes
são carregados de afetividade.
Devo
dizer que não existe família perfeita, mas também nenhuma família é um
inferno. Aos filhos que não enxergam as pequenas atitudes amorosas que
perpassam o ambiente familiar, indico como caminho ir ao encontro de
Jesus, como aconteceu com Bartimeu, dizendo: Jesus! Eu quero tornar a
ver.
Deus tem a capacidade de curar nossa cegueira espiritual. Ele é a luz.
A terceira lição deixo à comunidade como um todo.
Dou
um passo adiante, passando a falar de nossa família maior na fé. Todos
nós temos um único Deus, que é Pai. Por vezes me vejo na situação de
chefe querendo determinar o que Deus deve ou não fazer. Faço de Deus um
empregado e quero que tudo aconteça segundo minha vontade.
O
que difere do Pai Nosso, onde Jesus ensina: Seja feita a tua vontade…
Esperamos grandes milagres. Esperamos que todos os nossos pedidos sejam
atendidos. Na verdade, se pararmos e observamos com atenção o mundo que
nos cerca, veremos “muitos pequenos nós afetivos” que Deus prepara por
nós. São bênçãos diárias e cotidianas que escapam de nossos olhos. Os
judeus esperavam e esperam um “grande messias”. Jesus veio montado num
jumentinho. O profeta Elias esperava revelação no fogo e terremoto, Deus
apareceu na leve brisa. É lindo.
Ver
a Deus nas pequenas coisas é um exercício diário. Deus se revela e quer
se revelar. Deus quer colocar em nosso coração um espírito de gratidão.
Por isso, aprenda a parar e observar. Aprenda a dizer: Eu quero ver!
Aprenda a agradecer.
Por
fim, vale dizer que, na história, a professora constatou que o menino
que recebia o “nó afetivo” de seu pai destacava-se dos demais. Ele tinha
maior capacidade para aprender e conviver. Se você viver na presença de
Deus, você será uma pessoa melhor e mais útil à sociedade. Cristão e
bom cidadão!
Deus abençoe sua vida.
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