domingo, 6 de outubro de 2013

OS ALTARES DE JACÓ

É muito significativo na Bíblia o uso de altares. No Primeiro Testamento eles foram levantados como fruto de uma experiência co Deus – Gn 12,7; 26,25; 33,20; 35,7; Ex 17,15; 24,2 – Tratava-se de lugar onde o homem se aproximava de Deus, mediante sacrifício e oração. Lugar aonde Deus vinha encontrar as necessidades humanas. O altar falava de comunicação entre Deus e o homem; igualmente, no altar o homem trazia suas oferendas ao Senhor.
No Segundo Testamento o altar é como uma consagração profunda e integral de nossas vidas a Deus – Rm 12,1-2. Fala de rendição, de compromisso profundo, de integração com a vontade de Deus e o sacrifício de Jesus – Hb 13,10; Ap 8,3.
Jacó levantou vários altares. Estudaremos quatro deles. Altares que eram como a marca de uma experiência maravilhosa de Deus.
I.                    O ALTAR DO ENCONTRO PESSOAL COM DEUS “BETEL” – Gn 28,10-22.
Jacó, como muitos, não tinha um conhecimento pessoal de Deus. Ele queria ser abençoado, mas ainda não conhecia o Deus abençoador. Em Betel, no entanto, ele conheceu seu Senhor. Jacó fugia dos homens, mas não foi capaz de fugir de Deus, que através de um sonho lhe mostrou uma escada – símbolo de Cristo, o único mediador entre Deus e o Homem - "Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem" (1Tm 2,5).
Ele se apresentou como o Deus de seus pais e por fim fez uma aliança pessoal com Jacó – Gn 28,13-17.
Jacó levantou o primeiro altar de sua vida – Gn 28,18-22 – e chamou-o Betel – casa de Deus.
O nosso primeiro altar é o altar de nossa conversão. É o momento onde nos rendemos completamente ao senhorio de Jesus onde descansamos o destino de nossa alma.
Jacó levantou com uma nova visão de Deus "E, cheio de pavor, ajuntou: “Quão terrível é este lugar! É nada menos que a casa de Deus; é aqui, a porta do céu.”" (Gn 28,17).
“28,10-22: O episódio mostra a essência da religião. Religião é a relação misteriosa entre Deus e o homem: embora transcendente e infinitamente santo, Deus está sempre em relação viva com as suas criaturas (escada, anjos). Nessa relação, o homem é incapaz de tomar a iniciativa; o máximo a que pode chegar é entregar-se (sono) para que Deus se manifeste gratuitamente (sonho) e revele o projeto que ele vai realizar na vida do homem (promessa: vv. 13-15). Toda e qualquer vida humana que esteja aberta e disponível, torna-se um santuário (Betel = casa de Deus), onde Deus se manifesta, criando vida e história. Cf. Jo 4,21-24.”– Bíblia pastoral
II.                  O ALTAR DA RECONCILIAÇÃO – “EL-DEUS” – Gn 33,1-10.20.
O segundo altar foi denominado “Deus” - "Levantou aí um altar, ao qual chamou El-Deus de Israel". (Gn 33,20). Ele foi levantado quando Jacó reconciliou-se com seu irmão - "Mas Esaú correu-lhe ao encontro e beijou-o; ele atirou-se ao seu pescoço e beijou-o; e puseram-se a chorar". (Gn 33,4).
Na comunhão há louvor; no ajuntamento dos santos sobre um aroma suave até Deus. “Quando o rosto do irmão foi como o rosto de Deus - ““ Oh, suplico-te, replicou Jacó, se ganhei teu favor, aceita este presente de minhas mãos; porque te contemplei como se contempla Deus, e me fizeste bom acolhimento”. (Gn 33,10), então um altar foi levantado. Se não mantivermos comunhão com irmãos, então o nosso altar a Deus fica desqualificado – Mt 5,23-26.
SALMOS [133] - Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desceu sobre a barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes; como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordenou a bênção, a vida para sempre.
33,1-20: “O encontro com o irmão é constrangedor para Jacó: consciente de sua própria culpa, ele procura se desvencilhar o quanto antes do irmão, mas recebe uma lição de generosidade, hospitalidade e fraternidade. Na casa de Labão, Jacó precisou usar as mesmas armas do explorador para se libertar; na luta misteriosa com Deus, ele aprendeu o próprio limite e que não se pode manipular a Deus; e no encontro com Esaú, recebe uma lição de fraternidade.” – Bíblia Pastoral.
III.                O ALTAR DA RENOVAÇÃO – “EL BETEL” – Gn 35,1-15.
Como vimos no capitulo anterior, Jacó estava com problemas familiares e sociais. Seus filhos haviam eliminado uma tribo – os siquemitas – e as nações queriam vinganças – Gn 34.
Jacó subiu a Betel e levantou ali um altar “EL-BETEL” – o Deus da casa de Deus - "Levantou aí um altar e deu a esse lugar o nome de El-Betel, porque foi aí que Deus lhe aparecera, quando fugia diante de seu irmão". (Gn 35,7).
Este é o altar do desespero da angustia, da dor profunda, da incapacidade de agir. É o altar de que ora como Ana – 1Sm 1,11-18; como Ezequias – 2Rs 19,14-19; como Davi Sl 51; como cada cristão – Fl 4,6-7.
Neste altar a aliança foi renovada – Gn 35,10-15, e Jacó conheceu melhor o Deus de Betel.
“35,1-15: O tom da narrativa é profundamente religioso: o próprio deslocamento de Jacó é descrito como se fosse uma procissão ou romaria e termina com uma teofania, isto é, manifestação de Deus. Quer salientar um dos lugares de culto para Israel: o futuro santuário de Betel, que se tornou o centro religioso das tribos do Norte, quando estas se separaram do reino do Sul, após a morte de Salomão (cf. 1Rs 12,26-33). O texto salienta que o Deus adorado em Betel é o mesmo Deus dos pais, o Deus da promessa.” – Bíblia Pastoral.
IV.                O ALTAR DA DIREÇÃO – “BERSABÉIA” – Gn 46,1-3.
Jacó descobriu que seu filho José estava vivo e queria que ele descesse ao Egito – Gn 45.16-28 – Jacó ficou ansioso por isto, mas não foi antes de conversar com Deus. Em vez de ir ao Egito foi a Bersabéia, levantou um altar, e só depois de ouvir o próprio Deus a direção, partiu para o Egito – Gn 46,1-6.
Que altar maravilhoso este de Bersabéia; buscar a direção de Deus mesmo que o coração chame para os braços de José. Ir com Deus é melhor - "Descerei contigo ao Egito, e eu mesmo te farei de novo subir de lá. José fechar-te-á os olhos.”" (Gn 46,4).
Moisés também levantou a Deus um altar assim – Ex 33,12-16.
Há mais segurança na nossa jornada cristã quando buscamos a vontade de Deus la leitura da Bíblia, na oração e no aconselhamento com cristãos maduros na fé. O altar de  Bersabéia se assemelha muito com o “sacrifício vivo” de Rm 12,1-2, que busca “a boa, perfeita e agradável vontade de Deus”.
Diante de tantos projetos que estão diante de nós, não nos esqueçamos de perguntar sempre – “Senhor, qual é a tua vontade? Qual caminho? Qual o projeto? Qual a vocação? Qual a direção”.
“Não sei por quais caminhos Deus nos conduz, ma conheço bem meu Guia” – Martinho Lutero.
“46,1-47,12: “Em seu final, o livro do Gênesis começa a preparar o acontecimento do êxodo. De fato, em Bersabéia, Deus anuncia a Jacó: «Eu descerei com você ao Egito e o farei voltar de lá» (v. 4). A região de Gessen fica no nordeste do Egito, e daí sairá futuramente o grupo que formará o núcleo central do povo da Aliança. Em 47,1-12 temos duas versões diferentes sobre a chegada da família de Jacó no Egito (vv. 1-6b e vv. 5b-12).” Bíblia Pastoral.”
CONCLUINDO
Betel, Deus, El-Betel e Bersabéia foram altares levantados por Jacó como fruto de experiências maravilhosas com Deus. Falam do encontro pessoal com Deus, da reconciliação com os irmãos, da renovação espiritual e da direção divina. Altares levantados por nós como fruto de uma entrega total ao Senhor. Sacrifício absoluto de o próprio ser é o verdadeiro culto que prestamos ao Senhor -  Rm 12,1-2.
O nosso privilegio em mantermos comunhão com Deus é enorme. Não é através de sacrifícios de animais que nos apresentamos diante de Deus, mas através de Jesus, o novo e vivo Caminho,que seu sangue nos garante acesso a Deus – Hb 10,19-25.

0 comentários:

Postar um comentário