domingo, 6 de outubro de 2013

A CRUZ DE CRISTO

  Tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.” (Jo 19,17-18).

Aconteceu no ano de  32 d.C. Três homens foram crucificados. Dos três, dois eram ladrões, e todos sabiam porque foram crucificados – eram salteadores, assassinos, os piores da sociedade. Mas quem era a terceira pessoa? Ninguém sabia com certeza. Os sacerdotes tinham pedido a morte daquele homem. Mas por que? Ele ensinou as multidões e elas afirmam – “Nunca homem algum falou assim como este homem.” (Jo 7,46). Ele curou muitos leprosos, ressuscitou o irmão de Marta e Maria, um homem chamado lázaro, e multiplicou Paes e peixes para alimentar multidões.
No caminho do local do julgamento ao lugar da crucificação, para as mulheres que choravam, Aquele Homem disse – “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos.” (Lc 32,28). Como Ele sofreu! Mas não houve nenhuma palavra de reclamação. Soldados romanos o humilharam, colocaram uma cora de espinho na sua cabeça e deram-lhe bofetadas – “E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lhe sobre a cabeça, e lhe vestiram um manto de púrpura; e chegando-se a ele, diziam: Salve, rei dos judeus! e davam-lhe bofetadas.” (Jo 19,2-3). Como Ele sofreu! Depois... o crucificaram – no chão foi colocado sobre o madeiro e bateram grandes pregos nas mãos e nos pés dAquele Homem. Todos que presenciaram a cena ficaram espantados com a reação – “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Então repartiram as vestes dele, deitando sortes sobre elas.” (Lc 23,34). Quem poderia orar assim, se não uma pessoa divina?
Depois Aquele Homem foi levantado, e Pilatos escreveu um título que foi colocado no cimo da cruz – “JESUS O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.” (Jo 19,19). Assim foi a morte de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

I – O FATO DA CRUZ.
Quando lemos o Novo Testamento, notamos que há um fato predominante em quase todos os livros.

1 – Nos quatros Evangelhos.
É notável que o ministério de Cristo é revelado de maneira breve, mas os acontecimentos relacionados com a ultima semana de Sua vida, culminando com a morte, ocupam uma quarta parte dos Evangelhos de Mateus e Marcos, uma terça de Lucas e a metade de João. Quantas vezes nos relatos dos evangelistas há referencias à morte de Jesus! A cruz era o ponto central.

a)      João Batista – quando João Batista estava andando com dois dos seus discípulos, de repente, Jesus se aproxima e João exclama – “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (Jo 1,9). João podia ter dito – “Eis meu primo” – mas não! Para qualquer judeu que lembrava do acontecimento histórico da salvação do povo de Israel das mãos de Faraó, através da morte sacrificial e substitutiva do cordeiro sem mácula, a afirmação de João era plena de significação.

b)     Nicodemos – a clássica afirmação se acha no fim da entrevista com aquele homem religioso que precisava ter a experiência do novo nascimento, quando Jesus explicou o processo da salvação – “E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado;  para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna.” (Jo 3,14-15).

c)      Santa Ceia – quando Jesus instituiu a cerimônia da Santa Ceia para ser lembrado para sempre – “fazei isto em memória de mim.” (1Cor 11,24); ver também (Lc 22,19-20) – o simbolismo do pão e vinho representava seu corpo quebrado e seu sangue derramado na cruz. A cruz do Calvário era o motivo da Sua vinda a este mundo – “Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mc 10,45). Por isso, a cruz se tornou o símbolo da Igreja.

2 – Primeira literatura cristã.
As cartas às igrejas e indivíduos são cheias de referencias à cruz de Cristo. Paulo declarou – “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras.” (1Cor 15,3). Os apóstolos pregaram – “nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” (Cor 1,23-24).
3 – No último livro do N.T.
No Apocalipse notamos a centralidade da cruz. Quando chegarmos no céu, o grande hino que entoaremos, junto com milhões e milhões de pessoas será – “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.” (Ap 5,12).
“No Calvário se ergueu uma cruz contra o céu, como emblema de afronta e de dor.mas eu amo essa cruz, foi ali que Jesus deu a vida por mim, pecador” (Anônimo).
II – A COMPANHIA DA CRUZ.
Cristo não morreu sozinho. Lucas relata – “Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram, a ele e também aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.” (Lc 23,33)., e João acrescenta – “...e Jesus no meio.” (Jo 19,18) – no lugar de destaque.
Mas não é possível! Jesus, um Homem puro, no meio de malfeitores, assassinos, ladrões...! Que coisa diabólica! Mas Jesus não protestou, mesmo quando um dos malfeitores blasfemou. Jesus estava pronto a associar-Se com aqueles homens para salvar pelo menos um deles. Um foi salvo e o outro perdido – Lc 23,39-43.  Este é o grande fato do Evangelho – alguns aceitam e outros rejeitam.
Mas há outros aspectos nesse grande mistério:

1 – Cristo não foi obrigado a morrer – foi um ato voluntário – “Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la.” (Jo 10,18).

2 – Cristo não devia ter morrido – Ele vivei sem pecado – “Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós.” (2Cor 5,21). Morte é o resultado do pecado. E Ele, que não conheceu o pecado, “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Is 53,5).

III – O SIGNIFICADO DA CRUZ.
Qual é o significado da morte de Cristo na cruz a dois mil anos para nós, hoje, no século XXI?
Alguns acham que a morte de Cristo foi um exemplo de martírio. Outros que foram exemplo de sacrifício próprio. Mas a razão da morte de Cristo é muito mais do que isso. A agonia no Getsêmani – “Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão.” (Lc 22,42.44) e o grito de desespero em alta voz dizendo – “Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27,46) mostram que havia mais  do que sofrimento físico. Naquele momento, Jesus Cristo estava “levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” (1Pe 2,24). Não podemos  entender a cruz sem compreender o fato do pecado. Foi o pecado, seu e meu, que pregou Cristo na cruz é a resposta divina ao problema do pecado.

CONCLUINDO

O que a principio parece ter sido uma grande injustiça, violência sem precedentes, se mostra, ao melhor compreendermos toda a história da Cruz de Cristo, como a solução para o maior problema que o ser humano enfrentou, enfrenta e enfrentará: a morte, o afastamento eterno da presença de Deus Pai, o sofrimento sem igual à espera de todos. A Cruz de Cristo, obra redentora preparada por Deus, declarando da maneira mais desprendida o seu amor por nós, pecadores, nos choca, ao mesmo tempo em que mostra quanto devemos ser gratos, à medida que compreendemos a relevância de ato de tão grande vulto em nosso favor. Esse cuidado misericordioso de Deus deve provocar nossa gratidão, mas também uma reação de atitude positiva, de fé, de amor a Cristo, de obediência aos preceitos da Palavra, pois se O amamos devemos guardar Seus mandamentos – “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.” (Jo 14,15).

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