"...ora,
o medo produz tormento..." (1 Jo 4.18b)
Medo de ser
rejeitado, medo de ficar sozinho, medo do escuro, medo de perder o controle,
medo de perder o amado, medo de mortos, medo de vivos, medo de feitiço, medo de
mau-olhado, medo de ouvir as verdades, medo de enxergar as verdades, medo de
decidir, medo de ser livre, medo de casar, medo de "não casar", medo
de ter doenças, medo de ser feliz, medo de ser infeliz, medo julgamento do
outro, medo do julgamento de Deus... medo...medo....medo.
O medo
repercute no equilíbrio da saúde e provoca inúmeras alterações no corpo.
Vejamos algumas delas:
1. Cérebro:
os estímulos amedrontadores enviam um sinal ao hipotálamo, para que seja
intensificada a produção de adrenalina, noradrenalina e acetilcolina. Em uma
fração de segundo, a descarga dessas substâncias causa alterações no
funcionamento de diversas partes do corpo.
2. Olhos: a
química do medo faz com que as pupilas se dilatem. Isso diminui a capacidade de
a pessoa reparar nos detalhes que a cercam.
3. Coração e
pulmões: o aumento do nível de adrenalina eleva os batimentos cardíacos. O fato
de o coração bater acelerado exige maior oxigenação daí por que a respiração
se torna mais curta, ofegante.
4. Estômago:
muitas pessoas, em situações de medo, sentem dor na região estomacal devido ao
aumento na produção de acetilcolina.
Pode ocorrer
também excesso de suores, contraturas musculares, dores na nuca e ombros,
cefaléia, diarréia, mãos frias, manifestações de gastrite, que poderão
agravar-se dependendo da freqüência.
A palavra
"medo" aparece inúmeras vezes na Bíblia. É um dos primeiros
sentimentos desenvolvidos na vida do ser humano. Ele pode ser um mecanismo útil
na sobrevivência, mas a sua presença constante e excessiva em nossa vida pode
causar um afastamento social, retraimento, desenvolver ansiedade, isolamento,
excesso de preocupação e um comportamento rígido.
Deus se
preocupa com as consequências que o medo traz na vida do cristão. O seu
resultado é devastador - "o medo produz tormento", afirma João. Ser
um atormentado significa não ter paz, é não dormir bem, é não viver bem, é
ficar paralisado, é ser incapaz de reagir, de interagir, de confiar....
A primeira
vez que aparece a palavra medo na Bíblia é logo no início do livro de Gênesis,
quando Adão, depois de ter pecado, foge e se esconde de Deus entre as árvores
do jardim. O Senhor o procura e chama: "Onde estás?". E Adão não
podendo mais se esconder, responde: "Ouvi a tua voz no jardim e tive
MEDO" (Gn 3.10).
O medo nos
põe em fuga, mentimos, por medo da verdade, nos escondemos de nós mesmos e dos
outros, perdemos a alegria, a espontaneidade. O medo traz uma vida de
sobressaltos, e uma sensação onipresente de que "algo ruim vai
acontecer"....
Os discípulos
tiveram medo em muitas ocasiões. Jesus dizia: "Não temais", e
completava - "homens de pequena fé". Porque Jesus relacionava o
tamanho da fé dos discípulos com o medo? Certamente para nos ensinar que uma
das raízes do medo é a insipiência de nossa fé.
Talvez a
parte da Bíblia em que Deus mais insiste na fé e na coragem foi quando Josué
estava para assumir a liderança do povo de Israel. Moisés havia morrido, e ele,
Josué, era o seu sucessor. Com certeza Josué teve medo - senão o Senhor não
precisava se preocupar em exortá-lo à confiança e à coragem. E Deus insistiu:
"Assim como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te
desampararei" (Js 1.5).
Quantas vezes
tememos porque esquecemos a promessa de que Deus nunca e jamais nos
desamparará, nem nos deixará lutando sozinhos. E o Senhor prossegue: "Tão
somente sê forte e mui corajoso... não tenha medo nem te espantes, porque o
Senhor teu Deus é contigo por onde quer que andares".
A presença de
Deus junto a nós é que vai nos dar a segurança, porém a decisão de "ser
forte e corajoso" é nossa. E por uma razão muito simples - Deus não pode
fazer isso por nós.
João afirma
em sua primeira epístola que "no amor não existe medo, pois o perfeito
amor lança fora o medo" (1 Jo 4.18). Isso significa que quanto mais me
encho com o amor que vem de Deus, não sobra espaço para medo algum. Deduzimos
daí que o medo ocupa os espaços vazios que deixamos em nossa alma, e a sua
tendência é expandir, crescer e nos dominar. A única forma de impedir que isso
aconteça é permitindo que o amor esteja no centro de nossa vida, seja a nossa
maneira de viver. E quando isso acontece, ele lança fora o medo.
O crente não
pode ser vítima de seus medos, e muito menos ser dominado por eles. Há cristãos
que não têm uma vida plena porque se esconderam e se fecharam em si, com medo
de tudo, vendo o Mal em tudo, e esquecendo que a Bondade e a Presença de Deus
estão junto a nós todos os dias de nossa vida.
Encha-se de
AMOR e estarás lançando fora o medo, e o tormento.
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