IV. NOSSA JUSTIÇA
"Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus . . .
justiça" I Cor 1:30; II Cor 5:21
Definição
Para vermos melhor essa beleza de Cristo é necessário,
primeiramente, entendermos o que é a justiça de Deus. Ela não deve ser
confundida com a justificação, a ação de ser aceito legalmente diante de Deus.
A justificação é resultado da justiça de Deus. A justiça de Deus é a sua
bondade. A justiça é definida como retidão, eqüidade e virtude. Como é vista a
virtude de Deus? Como é vista a sua retidão e a sua eqüidade? Através da sua
bondade.
Exemplo
Um exemplo da justiça de Deus visto como bondade é o
Salmo 33:5. Por Deus amar a justiça e o juízo a terra está cheia de
manifestações de tal justiça. A justiça é vista na Sua bondade. Examine a
criação e você verá a bondade de Deus. Contemple o equilíbrio na posição dos
planetas em relação ao sol, os animais predadores e as presas, a quantidade de
terra seca em relação a água, etc. Tudo o que Deus fez na terra revela a sua
bondade, a sua justiça.
Moisés pediu que Deus mostrasse a ele a sua glória em
Êxodo 33:13-19. Quando Deus falou que passaria diante dele foi a sua bondade
que passou diante de Moisés. Nesse mesmo contexto Deus menciona que Ele terá
misericórdia de quem Ele tiver misericórdia e terá compaixão de quem Ele
compadecer. Quando Deus, então, mostrou a sua bondade a Moisés, Moisés clamou
com exclamações de louvor à ações de misericórdia , piedade, longanimidade,
beneficência e verdade de Deus (Êx 34:6,7). Quando Deus mostrar a sua justiça,
veremos ações de bondade, pois a retidão de Deus é a sua bondade. Por Deus ser
magnificamente bom, Ele é impulsionado a fazer atos justos. Veja esta
bondade/justiça também em Oséias 3:5; Rom. 11:22 e Tito 3:4.
Resultado
O homem não tem justiça própria pois está contaminado
pelo pecado e não existe nada de bom nele (Rom 3:12). As suas ações mostram
isto claramente (Rom 1:18,21; 3:10-18). O que o homem tem é a sua própria auto
justiça. O homem faz boas ações porque ele as consideram boas e o homem que
quer ser bom vive de acordo com os pensamentos de homens bons. Diante de homens
bons o homem bom é aceito, mas diante de Deus, nenhum homem tem justiça/bondade
alguma (Ecl. 7:20).
A justiça de Deus fez com que Cristo levasse as nossas
transgressões e iniquidades, sofrendo o nosso castigo para que nós, os
pecadores, pudéssemos ser sarados, salvos, lavados e justos diante dEle (Isa
53:4,5; II Cor 5:21).
"Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por
nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus." II Coríntios 5:21
Na salvação, Cristo é o Meio pelo qual a justiça de
Deus opera em nós, os pecadores. Quando Deus, na sua santidade e retidão, vê o
pecador confiando no sacrifício de Cristo, Ele o abençoa tanto quanto fosse Seu
próprio Filho. Cristo é a nossa justiça (I Cor 1:30). Deus vendo a obra
salvadora aplicada no homem por Cristo não vê mais razão para o condenar mas sim
o abençoar especialmente. Que benção é termos a Cristo como a nossa justiça!
Tendo a Cristo como a nossa justiça:
A. Somos Adotados e Aceitos por Deus - Efés 1:5,6
A adoção é a ação voluntária e legal de aceitar a uma
criança como filho dedicando a ela todos os privilégios que o mesmo merece.
O que muda conosco quando somos adotados por Deus é a
nossa posição. Sempre fomos criaturas de Deus. Em Cristo nos tornamos criaturas
salvas. Sendo criaturas salvas nós nos tornamos, em Cristo, filhos de Deus (Gal
4:1-7). Cristo sendo a nossa justiça não teremos mais erros, imperfeições e
pecados diante de Deus. Ele nos vê como limpos e justificados. Além disso, com
Cristo sendo nossa justiça, Deus nos vê como filhos e isso já é uma benção
maior do que sermos vistos como somente criaturas salvas, "Amados, agora
somos filhos de Deus" (I João 3:2).
Na adoção grandes bênçãos acontecem.
1. Transformados, de filhos da ira (Efés 2:3) para
filhos de Deus (I João 3:1,2)
2. Transportados de longe para perto (Efés 2:13)
3. Transformados de família do maligno para a família
de Deus (Efés 2:19)
O Tempo de Adoção
A adoção de cada filho já estava na mente eterna de
Deus antes da fundação do mundo (Efés 1:4) mas começou em nós atualmente por
Jesus Cristo (Gál 3:26; Efés 1:5) e só estará completa na segunda vinda de
Cristo (Rom 8:23; II Cor 5:10).
Na adoção há provas internas e externas para o filho
1. Guiados pelo Espírito: Rom 8:4,14; Gál 5:18
2. Confiamos em Deus: Gál 4:5,6
3. Temos acesso a Deus: Efés 3:12
4. Temos amor: I João 2:9-11; 5:1
5. Somos obedientes: I João 5:1-3
Você tem estas provas na sua vida? Se você for filho
de Deus ande como filho até estar face a face com o Pai.
B. Temos um lugar reservado no céu - João 14:1-6
Tendo Cristo como a nossa justiça, nós nos tornamos
filhos e aceitáveis a Deus. Nada mais nos desqualifica para estarmos juntos de
Deus no céu eternamente. Sendo justo diante de Deus há toda razão para estar na
presença de Deus para sempre. É isso o que aconteceu em Cristo. Há um lugar reservado
no céu para os filhos em Cristo (João 14:1-6). Jesus ora para que os Seus
estejam com Ele (João 17:24). A glorificação é certa para os filhos (Rom 8:17;
I João 3:2,3).
Tendo Cristo como a nossa justiça, temos uma nova
natureza, espiritual, que é eterna. Temos de Deus para nós uma habitação eterna
(II Cor 5:1-3) a qual habitaremos com o Senhor (II Cor 5:8). Esse lugar eterno
e espiritual é o que Abraão viu pela fé (Heb 11:10, 14-16).
Antes que você pense demais nas bênçãos dos céus, não
se esqueça de suas responsabilidades aqui na terra. Os filhos não só têm lugar
no céu mas também as obras que são feitas aqui na terra. O lugar eterno e
futuro é para os discípulos que servem a Cristo (Lu 14:26-33).
Há um lugar chamado céu. Este lugar é:
1. desejado - II Cor 5:2,6-8
2. eterno - Heb 11:10; Apoc 22:5
3. futuro - Heb 13:14 · na presença de Deus
- Fil. 1:23; Apoc 3:21; 22:4
4. permanente - I Tess 4:16-18; Apoc 3:12
5. real - II Cor 5:6-8; Apoc 21:10-17; 22:1,2
Cristo é a sua justiça? Se for, há um lugar reservado
para você lá no céu. sirva o seu Senhor agora na terra para "ser-lhe
agradáveis, quer presentes, quer ausentes." (II Cor 5:9).
C. Somos tratados como filhos - Rom 8:17
Sem Cristo como a nossa justiça, Deus nos tratava de
acordo com aquilo que éramos: inimigos dEle (Rom 6,7). A ira de Deus permanecia
sobre nós (João 3;36) e tínhamos o "espírito de escravidão" com o
qual estávamos em temor (Rom 8:15). Em misericórdia geral Deus deu nos vida,
saúde, família, bênçãos gerais e oportunidades para ouvirmos a Palavra da
salvação. Nessa condição, se morrêssemos, teríamos lastimavelmente a agonia do
eterno lago de fogo nos esperando, pois teríamos vividos sem nos arrepender dos
pecados que de Deus nos separavam. Não teríamos nenhuma justiça suficiente para
entrarmos no céu.
Quando Cristo transforma nossa justiça pelo
arrependimento dos pecados e pela fé no Seu sacrifício e vitória, Deus nos
trata como filhos. Agora, em amor particular, Deus age a cada instante em
nossas vidas. Como filhos de Deus por Cristo, e não somente como criaturas
dEle, entramos na realidade de termos grandiosas e preciosas promessas e
bênçãos (II Ped 1:2-4).
Como filhos, com Cristo sendo a nossa justiça, Deus se
compadece de nós como um pai se compadece de seus filhos lembrando-se que a
nossa estrutura é pó (Sal 103:13-14; 78: 38-39), guiando a cada um dos seus
filhos como ovelhas e amados do Seu rebanho (Sal 78:52; 79:13; 95:7; 100:3).
Como filhos, Deus opera em nossas vidas para
transformá-las em glória a Ele. Antes de termos a Cristo como a nossa justiça
éramos filhos da desobediência e das trevas (Efés 1:1,2), vivendo apenas para
os nossos interesses que nos levam para destruição e morte (Rom 6:23). Agora
sendo filhos, Deus dirige as nossas vidas para que elas dêem glória ao Seu
Santo Nome. Operando assim Ele nos dirige para que estejamos mais à
conformidade da imagem de Cristo (Rom 8:29) e isso com o objetivo fazer com que
tudo o que passa em nossas vidas coopere para o nosso bem e a Sua glória (Rom
8:28). Até mesmo as tribulações e os transtornos na nossa existência Deus os
faz para que sejamos aperfeiçoados, confirmados, fortificados e fortalecidos (I
Ped 5:10-11) para a Sua glória.
Como filhos, Deus nos dá maior atenção para o nosso
crescimento. O que, segundo a sabedoria do homem, seria bom para nós, Deus não
vê como sendo tão bom assim. O que ele quer será o melhor para nós. Deus nos
corrige para o nosso próprio bem, para o nosso melhor conhecimento, para sermos
perfeitamente abençoados. O filho precisa confiar que o pai sabe o que é melhor
e isso para o seu bem (Prov. 3:11-12). Se estamos nos encontrando a sós, sem
correção, então não somos filhos. A correção de Deus, então, torna-se uma
prova, na relação de filho, de amor e de conforto (Heb 12:5-11).
"Que filho há a quem o pai não corrija? - Hebreus
12:7
Como está a sua vida? Está sendo tratado como filho,
levado em amor particular para se conformar mais à imagem de Cristo, ou esta
sendo tratado como o inimigo de Deus só conhecendo a sua misericórdia geral?
Confie em Cristo, arrependa-se dos seus pecados. Assim você nascerá como filho
na família de Deus e será tratado como filho, filho de Deus.
D. Podemos saber o que é reto - I Cor 2:15; I João
5:20, "nos deu entendimento"
Quando estávamos estabelecendo a nossa própria justiça
(Rom 10:3) ou ignorando a necessidade de qualquer justiça (Lu 11:34-35,
andávamos em trevas), andávamos de acordo com o nosso próprio entendimento. O
Rei da nossa vida era a nossa carne (I João 2:16,17). O conselheiro da nossa
carne era o nosso coração. A carne só quis pecado (Rom 7:8,17-18), e o coração
só sabia engano (Jer 17:9). Tendo a carne satisfeita, segundo o nosso coração
enganoso, nos satisfazemos completamente.
Quando Deus, em misericórdia, nos vivificou com
Cristo, foi implantado em nós o "entendimento para conhecermos o que é
verdadeiro" ( I João 5:20). Tendo a Cristo, como a nossa justiça, não
dependemos mais da nossa esperteza. Temos a "mente de Cristo"(I Cor
2:16) e "o Espírito que provém de Deus" (I Cor 2:12). Com este novo
entendimento podemos discernir bem a tudo, espiritualmente. O nosso Rei mudou,
e o conselheiro também. Agora o Rei é a nova natureza e o conselheiro é o
Espírito Santo operando pela Palavra de Deus em nós.
Tendo o novo entendimento uma mudança tremenda se
operou em nós. Os velhos hábitos e costumes (da carne) entraram em choque com
este novo entendimento (de Deus). As amizades anteriores (do mundo) não
preencheram a alegria como antes. E graças a Deus que tudo não fica da mesma
forma. A luz é melhor que as trevas; a esperança é melhor que o desespero.
Sendo novos, temos uma nova natureza. Tendo uma nova natureza, queremos viver
diferentemente. O nosso novo querer pode ser realizado, pois agora sabemos o
que é reto. O Espírito de Deus está presente em nós nos guiando em toda a
verdade (João 16:13). Podemos tomar novas decisões com o novo entendimento dado
por Deus. A força para essa nova natureza viver em nós é dada por Deus pois Ele
vêm viver em nós na pessoa do Espírito Santo (II Cor 6:16-18; I João 4:4).
Os efeitos de se obter este novo entendimento:
1. O amor verdadeiro toma o lugar do amor a si próprio
2. O conforto e a paz tomam o lugar da confusão
3. A longanimidade toma o lugar da impaciência da
língua e das reações
4. A benignidade toma o lugar antes ocupado pela
malícia
5. A fé toma o lugar da confiança na carne
6. A paciência toma o lugar de brigas e de discursos
não adequados
7. A temperança toma o lugar dos apetites desordenados
emocionais da rebelião e do egoísmo
8. As boas obras reformam as obras más que noutro
tempo andamos
Gal 5:22, "fruto do Espírito" Efés 2:3-10,
"somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras"
Mas, tendo tudo novo em nós por Cristo, não quer dizer
que o velho Rei da carne e o conselheiro, coração enganoso, morreram. Enquanto
estamos nessa carne, o velho Rei vive e quer sempre reinar como antes. Há uma
batalha constante agora. O novo Rei é maior que o velho, e o novo conselheiro
da verdade é mais potente que o engano.
Podemos saber o que é reto tendo a Cristo como a nossa
justiça. Podemos todas as coisas em Cristo que nos fortalece (Fil. 4:13). Essa
é uma beleza, estarmos em Cristo, tendo a Ele como a nossa justiça. Cristo já é
a sua justiça? Pare de estabelecer a sua própria justiça e confie na obra de
Cristo pelos pecadores. Assim, conforme a Bíblia, Ele torna-se a sua justiça
diante de Deus e você começa a saber o que é reto.
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