Tanto a bíblia, como a Torah começam com a letra Bet בּ, empregada na primeira palavra das escrituras, Bereshit בְּרֵאשִׁי , 'no princípio'.
Bet significa [bayit בית , 'casa']. A idéia de casa é um conceito básico que está presente em três níveis, tanto no material, como no da alma e da espiritualidade.
No nível material, casa é referida como a construção que experimentamos passar muitas horas da nossa vida, como quando voltamos do trabalho, da escola ou da igreja.
Esse é o mais básico sentido da palavra, que quer dizer prédio ou construção.
Nós estudamos, nos divertimos, trabalhamos ou
vivemos em algum tipo de prédio, seja em uma casa baixa, de um andar
apenas ou de vários. Casa aqui traz esse
significado implícito que compreende toda a realidade física, concreta e
palpável.
No nível da alma, o corpo é a casa da alma. Todas
as pessoas vivem essa experiência, mesmo que não acreditem, de terem
suas almas habitando dentro de si
mesmos.
E no nível espiritual, toda a criação é uma 'casa'
intimamente relacionada à habitação divina. Isso explica o porquê das
escrituras serem iniciadas com a
letra Bet (casa), pois da perspectiva de Deus, o mundo e o universo
inteiro constituem a sua morada.
Veja que a palavra Bereshit 'no princípio' pode ser quebrada em outras duas, Bayit בית 'casa' e Rosh רֹאשׁ 'cabeça'. Ao que parece querer
transmitir uma grande verdade, Deus é o 'cabeça' da criação, que realiza nesta realidade e neste universo a sua 'casa'.
O Tabernáculo no Centro das Doze Tribos de Israel.
E é enigmático as razões e os motivos que Deus
teria para desejar uma habitação em um nível mais baixo, como a que este
mundo físico representa. Mas somos
ensinados pela sua palavra que este mundo foi criado para que o ser
humano pudesse existir.
Assim, na verdade, esse desejo de Deus por habitar
essa realidade mais baixa, seria motivada na sua soberana vontade de
encontrar a sua veradeira casa, aquela
que Deus amou, e que ama habitar, e hoje sabemos que o Senhor realiza a
sua morada em nosso coração e em nossa alma, à quem devemos construir a
nós mesmos como sua casa santa.
O Tabernáculo [do hebraico משכן, mishkan, "residencia" ou "lugar de habitação"]
seria assim o primeiro passo, ainda que provisório e
representativo, para que o Altísssimo, quem está presente na mais alta e
poderosa luz, pudesse realizar o seu ardente desejo de habitar junto ao
humilde e ao quebrantado de
coração.
Naquela tenda, Deus desceu para acampar juntamente
com seu povo. Desta forma, os Hebreus puderam ver a auto-revelação de
Deus, pois o modo como Ele se fazia
presente mostrava e remetia à sua vontade de não ser somente uma
divindade, mas muito mais além, de se fazer amigo dos homens.
Neste sentido, essa é a mensagem central da
bíblia. Quando nós lemos a Torah, os livros de Moisés, podemos perceber a
história de Deus visitando o homem, que
culmina com o Senhor acampando juntamente com o homem no deserto, em um
tabernáculo desenhado e projetado para manifestar o seu propósito, poder
e a glória da sua divina presença.
O Novo Testamento, de forma semelhante, traz essa
brilhante narrativa que descreve como Deus 'acampou' definitivamente com
o ser humano.
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." João 1:1
"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade." João 1:14
O fato é que Deus criou o homem para um profundo
relacionamento de amizade e comunhão, e Ele não desistirá até que esta
comunhão seja restaurada totalmente,
não apenas no mundo físico, mas também no plano espiritual, nos céus por
toda a eternidade.
"Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer." João 15:15
Assim, o Tabernáculo representava dois fatos
importantes na vida dos filhos de Israel. Representava a presença de
Deus no meio do seu povo, a quem Ele havia
chamado da escravidão do Egito, sendo fixado no centro do acampamento.
E também tipificava o meio pelo qual o homem
pecador poderia se aproximar de Deus, que noutro tempo era inacessível,
pois o ser humano não sobreviveria à sua
santíssima glória e a sua inefável majestade.
O Tabernáculo foi objeto de ensinamento para os
filhos de Israel por aproximadamente quinhentos anos, desde Moisés até
Davi. Foi só no reino de Salomão que
ele foi substituído por uma construção mais duradoura, o grande Templo
de Salomão.
E neste estudo vamos ver melhor esta tipificação
de Jesus, pois o simbolismo do tabernáculo encontra o seu cumprimento em
Jesus Cristo. Ele é o Sacerdote,
o Altar e o Sacrifício.
O Estabelecimento do Tabernáculo
Quando Surgiu
Os filhos de Jacó, que foram peregrinos na terra
de Canaã, se tornaram o povo redimido por Deus, segundo a promessa feita
aos patriarcas Abraão e Isaque. E eles
estavam saindo do Egito pela mão forte do Senhor, sendo libertos da
escravidão. E para que Deus pudesse morar no meio deles, teriam que
atravessar o Mar Vermelho para que a redenção
fosse completada.
Deus costumava visitar a Adão no Jardim do Éden, e
se comunicou aparecendo aos patriarcas da nação israelita, porém até
que Ele tivesse redimido o seu povo
para fora do Egito, nada é revelado sobre a construção de um santuário
para que Ele pudesse habitar.
O Tabernáculo era a prova de uma redenção,
alcançada pela compra através do poder. Uma promessa de que não só os
israelitas ficariam abrigados e protegidos
debaixo do sangue do cordeiro aspergido no altar. E eles atravessaram o
Mar Vermelho pelas mãos que detêm o poder e a autoridade.
O Local
O Tabernáculo não foi erguido no Egito, nem
previamente em Canaã, mas sim no meio do deserto. E há uma mensagem
muito importante neste fato. O Egito, a certa
altura da história, passou a representar a terra da idolatria, do pecado
e da escravidão. Por isso, lá não havia lugar para a habitação do
Senhor.
Devido ao simbolismo da presença de quem
representava, o Tabernáculo também não poderia ter sido construído
anteriormente na terra prometida.
O Tabernáculo foi erigido específicamente para o
povo que estava peregrinando no deserto, com o Egito atrás deles, e a
terra de Canaã, a terra prometida à sua
frente. Esse ensinamento é tremendo e está intimamente relacionado à
nossa vida como peregrinos neste mundo, enquanto fazemos o nosso caminho
para a Canaã celestial.
Essa nossa existência é o nosso 'deserto' à caminho da 'terra prometida' por Jesus, a habitação celeste.
O Tabernáculo, enquanto estava no deserto, sempre
foi montado sobre a areia, e não havia piso ou algo que cobrisse o solo,
fazendo com que o sacerdote ficasse com
seus pés em contado direto com a areia do deserto. Isto era para
lembrá-los que eles estavam em uma jornada e não tinham chegado ao
destino final.
Esta é uma outra lição profunda de que o nosso
destino, o nosso descanso não é neste mundo. Temos por destino uma alta e
elevada pátria, coisa que muitos não
podem compreender. É algo que está na dimensão espiritual.
O lugar Santo e o Santo dos Santos
O Propósito do Tabernáculo
Por quase quinhentos anos o Tabernáculo serviu
como o lugar para que Deus habitasse no meio do povo de Israel e como
local onde os seus filhos pudessem
ter comunhão com Ele. Por toda a história de Israel, o povo teve uma
tendência a se envolver com a idolatria.
Mesmo em tempos de idolatria, o Tabernáculo
permaneceu como uma testemunha silenciosa, que lembrava visualmente ao
povo da aliança do verdadeiro e único Deus.
Ele ajudou a manter Israel longe do culto aos ídolos, que era praticado
pelos povos ao redor, enquanto estavam peregrinando pelo deserto.
Embora o Tabernáculo tenha tornado possível a
acessibilidade à Deus pelos israelitas, era somente permitido uma
aproximação com o devido temor e santidade. A estrutura
e o serviço do Tabernáculo mostrava ao pecador como ele deveria chegar
diante da santidade de Deus, para o servir, adorar e oferecer o
sacrifício pelos pecados.
Cada aspecto do Tabernáculo, como o altar de
bronze onde eram oferecidos os sacrifícios pelos pecados, e até a figura
do sumo sacerdote, quem ofertava o sangue
sacrificial no propiciatório, apontava para o plano da redenção do
homem, traçado por Deus.
O povo só poderia se aproximar de Deus através do
sangue expiatório e de um sacerdócio intercessor. Ambos são figuras
belíssimas que se tipificam no ministério
de Jesus, que deixou a sua habitação celeste para morar com o seu povo.
Em Cristo nós temos o Sumo Sacerdote e o perfeito
sangue para expiação dos pecados de todos aqueles que o reconhecem e que
Nele confiam.
Local Central do Culto
O Tabernáculo era o ponto central da comunidade e
da vida dos filhos de Israel. As doze tribos acampavam em torno de seus
quatro lados. No lado esquerdo, habitavam
aproximadamente 186 mil pessoas das tribos de Issacar, Judá e Zebulom.
No norte estavam 157 mil das tribos de Aser, Dan e Naftali.
No lado direito residiam 108 mil pessoas das
tribos de Manassés, Efraim e Benjamim. Ao sul estavam 151.400 das tribos
de Simeão, Ruben e Gade. Sem contar Moisés,
Arão e os Levitas que eram aproximadamente 22.300 pessoas alocadas em
todos os quatros lados do Tabernáculo.
O número de homens acima dos 20 anos, sem incluir
os Levitas, era de 603.550. Incluindo as mulheres e crianças, o número
de pessoas acampadas ao redor do
Tabernáculo girava em torno de 2 milhões e meio a 3 milhões. E com os
animais que os Israelitas trouxeram do Egito, fazia desse um acampamento
gigantesco no meio do deserto.
As Medidas do Tabernáculo
O átrio exterior media 45,72m de comprimento por
22,86m de largura, fechado por uma cortina de linho fino trançado de
22,28m de altura. O seu portão estava
localizado no lado oriental do átrio e media 9,14m de largura.
A cortina de linho fino trançado era sustentada por 60 pilares feitos de madeira de acácia coberta com bronze.
O Tabernáculo, propriamente dito, tinha 13,71m de
comprimento por 4,57m de largura e 4,57m de altura. E estava dividido em
duas seções, o lugar santo
(4,57m de largura x 9,14m de comprimento), e o santo dos santos (4,57m x
4,57m).
O Altar de Bronze
O altar de bronze estava localizado no átrio
externo, próximo ao portão, logo à frente do Tabernáculo. Os sacrifícios
eram oferecidos neste altar, e o sangue
dos animais ofertados era derramado pelos pecados do povo.
O altar de bronze tipificava a obra redentora de
Jesus Cristo na cruz em nosso favor, onde todos aqueles que crêem no seu
sangue derramado são justificados e
recebem a remissão de seus pecados. Assim como era impossível para os
filhos de Israel entrar na presença de Deus sem sacrificar primeiro no
altar de bronze, igualmente hoje em dia é
impossível se chegar a Deus sem invocar primeiro a graça redentora do
sacrifício eterno de Jesus na cruz.
O Altar de Bronze no Átrio Exterior.
A Pia de Bronze
A pia de bronze também ficava no átrio exterior,
entre o altar de bronze e o Tabernáculo. A pia era de uso exclusivo dos
sacerdotes, que tinham que se lavar
antes de entrarem no Tabernáculo. Enquanto se lavavam na pia de bronze,
podiam ver seus rostos refletidos em espelhos. Era um lembrete de como
Deus os via.
A pia falava de Jesus, como aquele que nos
santifica. Somos lembrados de que Cristo nos santifica pela lavagem dos
nossos pecados, através da água viva que
é a sua palavra.
"Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra" Efésios 5:26
Depois de se lavar na pia, o sacerdote andava
alguns passos e entrava no lugar santo, onde poderia conversar com Deus,
em um relacionamento de profunda amizade.
Deus gosta de gente. Deus ama o ser humano e deseja ter essa amizade,
esse relacionamento com todos nós.
A Pia de Bronze Onde os Sacerdotes se Lavavam.
O Lugar Santo
A Mesa dos Pães da Proposição
O lugar santo continha três tipos de móveis, que
simbolizavam o nosso relacionamento com o Senhor. A mesa dos pães da
proposição ficava no lado direito do lugar
santo. Havia 12 pães da proposição sobre a mesa, representando as 12
tribos de Israel.
Os pães da proposição tipificavam Jesus. Ele é o
pão que desceu do céu, e todo aquele que comer desse pão, que é o seu
corpo, partido na cruz, tem a vida eterna.
O pão da vida sustenta a vida espiritual de todos aqueles que Dele se
alimentam. Estes já passaram da morte para a vida.
"Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo." João 6:51
A Menorá מנורה Candelabro de Ouro
No lado esquerdo do lugar santo estava a menorá
(do hebraico מנורה menorah, "lâmpada, candelabro"), um candelabro de
ouro batido com sete braços, que falava
de Jesus como a luz do mundo. A luz da vida é a mesma que deu forma ao
mundo no princípio e que iluminará a Jerusalém celestial, nosso novo
lar, eternamente.
"Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida." João 8:12
O Altar de Incenso
O altar de incenso ficava no lugar santo, bem em
frente do véu que o separava do local santíssimo. Brasas retiradas do
altar de bronze eram colocadas sobre o
altar de incenso, sobre o qual era derramado um suave incenso
diariamente. A fumaça, que subia do incenso sobre as brasas,
representava as orações do povo de Deus.
"Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde." Salmos 141:2
O Véu Que Separava
O pesado véu que estava entre o lugar santo e o
santo dos santos, separava o Deus santíssimo de um povo vil e pecador.
Porém com a morte de Jesus na cruz do
calvário, o véu foi rasgado de alto a baixo, abrindo o caminho direto a
Deus, através do sangue derramado de Cristo.
Assim, pelo sangue de Jesus, podemos chegar diante do trono da graça, do qual recebemos o perdão e a misericórdia.
Um Véu Espesso Separava o Lugar Santo do Santo dos Santos.
O Santo dos Santos
Logo ao passar pelo véu, adentrando o santo dos
santos, podia-se contemplar a arca da aliança, uma caixa retangular
coberta de ouro por dentro e por fora. No
topo da arca havia dois querubins, um de frente para o outro, olhando
para baixo em direção ao propiciatório, com suas asas estendidas para
cima.
Era no propiciatório que o sumo sacerdote aspergia
o sangue, do cordeiro sacrificial, com seu dedo por sete vezes, no dia
da expiação. A fumaça que vinha da
queima do incenso ocultava o sacerdote de ver 'a face de Deus', para que
não perecesse ali mesmo.
Todo o povo esperava do lado de fora do
Tabernáculo, ansiosamente para saber se o sumo sacerdote reapareceria,
pois este era o sinal de que Deus havia aceitado
o sangue da expiação e que os pecados foram cobertos por mais um ano.
A Igreja é Prefigurada no Tabernáculo
O Tabernáculo era também a figura tipificada da igreja e dos discípulos de Jesus em todos os tempos da história.
"No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito." Efésios 2:21-22
A palavra 'templo' empregada nos versículos acima,
não se refere às paredes de uma construção, mas sim ao santuário
interior, o santo dos santos. Hoje em dia,
Deus não habita em estruturas físicas, mas Deus mora no corpo
espiritual, nas pessoas que constituem o corpo místico de Cristo, a que
chamamos de 'igreja'.
O Tabernáculo era um lugar santo e separado para
Deus. E nós, templos verdadeiros e reais de Deus, também fomos separados
para o servir e o adorar. Deus habita
em cada um de nós, na pessoa do seu Santo Espírito, que encontra em nós o
seu templo, a sua casa.
O povo de Israel nunca teve esse privilégio.
Somento o sumo sacerdote podia entrar uma vez ao ano no santo dos santos
para poder estar na presença de Deus.
Enquanto que nós podemos sentir a Sua doce e suave presença
constantemente em nossas vidas.
"Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?" 1 Coríntios 6:19fonte:www.rudecruz.com