ATOS 20: 20 Vocês também sabem que fiz tudo para
ajudar vocês, anunciando o evangelho e ensinando publicamente e nas casas.
Certo dia meu amigo me disse assim: “Eu tenho uma vida muito
corrida, mal tenho tempo para ir à igreja, como posso visitar meus irmãos?” Eu
respondi: Você deveria priorizar a visita à casa de seus irmãos. Se sobrar
tempo, é que você deveria à igreja. Ele ficou escandalizado.
Mas não deveria ficar escandalizado, pois a comunhão
espontânea, aquela que Cristo nos ensinou acontece nas casas, e não nos
templos. Ao visitar o irmão, podemos conhecer melhor suas necessidades e
alegrias.
É no lar que temos mais liberdade para conversar, brincar, e
compartilhar as bênçãos e as derrotas.
É nas casas que temos mais liberdade uns com os outros.
Nos templos, mal conseguimos cumprimentar o irmão, quando
conseguimos. A comunhão não existe ali, pois o contato é muito superficial.
Muitos nem sabem o nome do outro e, por causa disso, chamam simplesmente de
“irmão”.
Quando examinamos o Novo Testamento, prestando atenção para
o tipo de comunhão evidente na igreja, nos impressionamos com o lugar
proeminente que o lar ocupava. Muitas das atividades da igreja eram
centralizadas no lar.
Quando o Espírito Santo desceu com poder no dia de
Pentecostes, Ele não veio sobre algum lugar público onde os discípulos se
reuniam, mas Ele encheu toda casa onde estavam assentados (Atos 2:1-2).
Após este acontecimento tremendo os discípulos saíram para as ruas para falar à
multidão que se reunia. O lar continuou a desempenhar um papel proeminente na
vida da Igreja. Os cristãos se encontravam diariamente no templo mais
provavelmente para a atividade evangelística do que para a adoração. A adoração
e comunhão pareciam ser centralizadas mais no lar como está indicado pela
notação em Atos 2:46: “Todos os dias, unidos, se reuniam no pátio do Templo
(para evangelizar?). E nas suas casas partiam o pão e participavam das
refeições com alegria e humildade (para comunhão?)”.
Há outras incidências que atestam o fato de que era prática
comum reunir-se em casa.
A poderosa reunião de oração mencionada em Atos 4 foi indubitavelmente realizada no lar de alguma
pessoa: o lugar foi estremecido durante a oração e eles foram cheios do
Espírito Santo. Quando Pedro foi milagrosamente liberto da prisão com a ajuda
do anjo, ele imediatamente foi para a casa onde João Marcos morava e encontrou
um grupo reunido para oração (Atos 12:12).
Cornélio e sua família foram convertidos em uma reunião realizada em sua casa,
assim como também ocorreu com a família do carcereiro em Filipos.
Em todos os lugares por onde Paulo passou ele aproveitou a
oportunidade oferecida nas reuniões do "Sabat" nas sinagogas
judaicas. Através destes contatos muitos foram ganhos para o Senhor.
Entretanto, Paulo quase sempre era expulso das sinagogas porque a maioria dos
judeus se opunha aos seus ensinamentos.
O que fizeram os convertidos ao serem barrados nestes
lugares?
Eles se encontravam em suas próprias casas.
Atos 18:4-7 nos dá
uma pista. “E todos os sábados ele falava na sinagoga e procurava convencer os
judeus e os não judeus. Depois que Silas e Timóteo chegaram da província da Macedônia,
Paulo começou a dar todo o seu tempo para anunciar a mensagem. Ele afirmava aos
judeus que Jesus é o Messias. Mas alguns deles ficaram contra Paulo e o
xingaram. Então, em sinal de protesto, ele sacudiu o pó das suas roupas e
disse: — Se vocês se perderem, os culpados serão vocês mesmos. A
responsabilidade não será minha. De agora em diante vou anunciar a mensagem aos
não judeus. Então ele saiu de lá e foi morar na casa de um homem chamado Tício
Justo, um não judeu que adorava a Deus. A casa dele ficava ao lado da
sinagoga”.
Paulo continuou a pregar e falar publicamente onde quer que
fosse possível: nas sinagogas nos mercados, nos portões das cidades e qualquer
outro lugar onde ele poderia conseguir audiência. Este foi seu ministério
evangelístico contínuo. Mas ele também possuía um ministério de ensino para
novos cristãos quando estes se reuniam de casa em casa.
Seu ensinamento nos lares provavelmente não foi para
famílias individuais, mas destinado a pequenos grupos que se reuniam por toda
cidade.
Estas células foram chamadas de igrejas diversas vezes nas
escrituras.
Estas não eram
igrejas no sentido institucional organizado dos dias modernos, mas simplesmente
grupos de cristãos se reunindo em casas para a ceia do Senhor. Geralmente
quando falamos da igreja, imediatamente visualizamos uma congregação local
organizada com seu templo ou a igreja como uma denominação. Mas o sentido da
palavra igreja é simplesmente “assembleia”. É nesse sentido que Paulo utiliza o
termo "igreja" em várias instâncias.
“As igrejas da província da Ásia mandam saudações. Áquila e a
sua esposa Priscila e a igreja que se reúne na casa deles mandam saudações
cristãs a vocês”. (1 Coríntios 16:19)
“Mandamos saudações aos irmãos que moram em Laodicéia.
Saudações também para Ninfa e para a igreja que se reúne na casa dela”. (Colossenses 4:15)
“Eu, Paulo, prisioneiro por causa de Cristo
Jesus, junto com o irmão Timóteo, escrevo a você, Filemom, nosso amigo e
companheiro de trabalho, e à igreja que se reúne na sua casa”. (Filemon 1:1-2)
Tenho firme convicção de que a igreja perdeu algo que era extremamente
desejável quando se separou do lar e foi para o templo. Há algo básico para a
verdadeira comunhão que é difícil reproduzir em um templo em sua condição de
organização atual. Conforme já mencionei, a comunhão é espontânea. O lar
oferece uma atmosfera que conduz à espontaneidade. A comunhão em seu sentido
mais profundo é também muito pessoal.
A igreja típica não oferece no seu programa a relação
pessoal íntima entre cristãos que é obtida na atmosfera do lar. Pode ser que os
templos tenham que ajustar seus programas para permitir que os cristãos se
conheçam de uma maneira mais pessoal em seus lares.
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