Seu Pedro era um homem pobre.
Jardineiro ganhava a vida no trabalho diário com flores e
plantas.
Certo dia, ele se dirigia para casa quando encontrou no
caminho um homem prestes a ser assaltado.
De alma nobre e ânimo valente, logo foi em socorro do
desconhecido. Graças à sua interferência os dois ladrões fugiram sem causar
maiores danos físicos.
Reconhecido, o quase assaltado resolveu premiar o seu
salvador. Por ser um rico mercador e possuir muitas e ricas peças, tomou de uma
caixa amarela de couro lavrado e a deu ao jardineiro.
Seu Pedro foi rápido para casa. Mal podia conter sua
curiosidade. O que será que lhe teria dado o rico senhor? Como a caixa pesasse
ele pensou que poderiam ser muitas moedas de prata. Ao abrir a caixa para
conhecer as preciosidades que ela devia conter, ficou desiludido.
Era somente um castiçal. Um castiçal de metal escuro e
pesado.
Seu Pedro ficou muito aborrecido. Afinal, arriscara a vida
lutando contra os salteadores da estrada e ao final, somente ganhara aquilo.
O que ele faria com um castiçal?
Convencido do desvalor do presente, ele atirou o castiçal a
um canto. Abandonado, o objeto ficou rolando pela casa.
Toda vez que o jardineiro colocava sobre ele os olhos, mais
se amargurava lembrando do episódio.
Descuidadamente, o castiçal caiu no terreiro e ficou ao
relento alguns dias. De outra feita, serviu de calço para um móvel partido. Até
como martelo foi utilizado pelo seu dono.
Como as dificuldades da vida de Seu Pedro se avolumassem, ele
precisou sair daquela casa e foi morar em outras paragens. Levou consigo quase
tudo que possuía. Mas deixou sobre a mesa suja, o castiçal. Afinal, era uma
coisa imprestável!
Ora, aconteceu que na casa deixada por Seu Pedro, veio morar
um músico.
Descobrindo o castiçal em desleixo, teve logo a impressão de
que deveria ser uma peça curiosa. Tirou-lhe o pó e livrou-o das manchas que o
recobriam. Viu então que na base da peça haviam várias figuras. Um belo navio,
que parecia vencer as ondas e uma bailarina graciosa que dava a impressão de
dançar no meio de um lindo jardim.
Virando um pouco a peça, descobriu ainda um majestoso templo
com torres apontadas para o céu. E, finalmente, um corcel negro a galopar sobre
uma montanha de nuvens.
Quanta beleza! Imaginou logo o músico que o castiçal deveria
ser uma preciosidade. Tratou de mostrá-lo a várias pessoas, até conseguir que
um rico colecionador de peças raras o comprasse, por uma fortuna incalculável.
O que nas mãos de Seu Pedro, era uma
peça inútil se transformou em uma verdadeira preciosidade aos olhos
inteligentes de Leonardo.
Quantas pessoas existem no mundo que, à semelhança do
jardineiro, possuem ao seu lado tesouros incalculáveis mas cujos olhos não se
apercebem do que os rodeia.
A peça preciosa que Deus depositou nas nossas mãos pode ser
uma esposa dedicada, uma mãe extremosa, um filho, pais dedicados.
Haverá tesouro maior que o dos afetos que abençoam uma vida,
enchendo-a de alegrias?
Aproveite ao máximo os tesouros do tempo e da oportunidade, valorizando
o conhecimento pela sua bem dirigida aplicação.
Postado por Luis Augusto.
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