A TRAJETÓRIA DE
UM SONHADOR
Às vezes Deus de fato conduz seus filhos ao sofrimento. Mas
isso sempre acontece para que, por meio do sofrimento, ele possa produzir um bem
maior.
A HISTÓRIA DE JOSÉ É UMA PEÇA FUNDAMENTAL NA SAGA DOS PATRIARCAS.
1) Abraão é apresentado na Bíblia como um
exemplo de fé.
2) A história de Isaque, seu filho, revela o
caráter provedor de Deus.
3) Jacó, neto de Abraão, demonstra como Deus
faz suas escolhas, baseado apenas na sua própria misericórdia, e não no mérito
humano.
4) Na história de José, somos conduzidos a um
elemento fundamental, através do qual Deus levou adiante as promessas da
aliança: a FIDELIDADE.
José é um dos maiores exemplos de fidelidade, no Antigo
Testamento. Além, é claro, da tão visível fidelidade de Deus.
VISÃO PANORÂMICA DA HISTÓRIA DE
JOSÉ.
José, cujo nome provavelmente significa "que
Deus acrescente", era o décimo primeiro filho do patriarca
Jacó. Seu nome reflete o papel de sua vida na nação de Israel: ele foi o agente
de Deus na preservação e na prosperidade de seu povo no Egito, durante o
período de fome na terra de Canaã. Essa prosperidade levou os hebreus à
condição de nação, 400 anos mais tarde, no Êxodo.
VEJAMOS UM ESBOÇO DA BIOGRAFIA
DESSE IRREPREENSÍVEL SERVO DE DEUS:
Gên. 30.22-24: José
nasceu, quando Jacó, seu pai, ainda trabalhava para Labão, seu sogro. Foi o
primeiro filho de Raquel, a mulher a quem Jacó amava. Sua mãe lhe deu esse
nome, como expressão do seu desejo de ter outro filho - o que aconteceu no
nascimento de Benjamim.
Gên. 37.2,3: José era
responsável por ajudar seus irmãos (Gade, Aser, Dã e Naftali) a pastorearem os
rebanhos de Jacó, seu pai; além de ser responsável por prestar relatórios do
procedimento deles, enquanto trabalhavam.
Gên. 37.9-11: José
contou a seus irmãos e se pai os sonhos que descreviam seu futuro domínio sobre
toda a sua família, inclusive sobre Jacó. Isso aumentou o ódio dos seus irmãos
contra ele.
Gên. 37.12-36: Os
irmãos de José armaram uma cilada contra ele, prendendo-o, atirando-o em um
poço e vendendo o irmão por vinte peças de prata aos ismaelitas (também
chamados de midianitas), como se fosse um escravo. Estes, por sua vez,
venderam-no a um "oficial do faraó e capitão da guarda" chamado
Potifar.
Gên. 39: A mulher do
seu senhor Potifar, depois de inutilmente tentar seduzir José, acusou-o de
tentativa de estupro. Essa acusação levou-o à prisão. Agora, além de escravo,
José era um prisioneiro - sem direitos e sem liberdade. Contudo, o autor de Gênesis diz: "Mas o Senhor
estava com ele e o tratou com bondade" (v. 21).
Gên. 40: José
interpretou os sonhos de dois prisioneiros especiais - o copeiro-chefe e o
padeiro-chefe, funcionários importantes do faraó, que estavam presos devido a
alguma acusação contra eles. Com a interpretação dos seus sonhos, José previu o
veredicto de faraó sobre eles: o copeiro-chefe seria libertado e restaurado à
sua antiga posição e o padeiro-chefe seria condenado à morte.
Gên. 41.1-36: Dois
anos depois o faraó teve dois sonhos, que o deixaram extremamente perturbado. O
copeiro-chefe lembrou-se da habilidade de José para interpretar sonhos. Este,
por sua vez, decifrou os sonhos do faraó e foi nomeado governador do Egito.
Gên. 41.37-57: O
governo de José foi um sucesso. Durante os sete anos de fartura no Egito, José
arrecadou impostos e armazenou mantimentos mais que suficientes para abastecer
todo o país durante os próximos sete anos de seca. Quando a fome já havia se
espalhado por toda a terra, vinha gente de todas as regiões ao Egito, para
comprar trigo de José (vv.
56,57).
Gên. 42-44: Os irmãos
de José desceram ao Egito, em busca de alimentos que pudessem comprar (42.1-3). Antes de revelar sua real identidade aos seus
irmãos, José articulou uma série de situações para testar o caráter deles.
Gên. 45: José revelou
a verdade aos seus irmãos, perdoou-os e mandou que eles buscassem Jacó, seu
pai, para fugirem da fome que afligia Canaã e viverem como hóspedes especiais
do faraó, em uma região fértil do Egito, chamada Gósen.
Gên. 46-50: Os
descendentes de Israel passaram a viver no Egito, onde ficariam pelos próximos
400 anos e se multiplicariam - de uma família de cerca de 70 pessoas, se
transformariam numa nação com mais de um milhão de pessoas.
Gên. 48: Antes de
morrer, Jacó adotou os dois filhos de José (Manassés e Efraim), tornando-os
participantes da herança dos seus próprios filhos. Essa bênção, que tinha o
poder de um testamento profético, transformou-os em patriarcas de duas tribos,
das doze de Israel (v. 5)
- o que, por sua vez, conferiu a José a bênção dobrada da primogenitura, um
direito natural do seu irmão mais velho, Rubén.
Gên. 50.22-26: José
morreu no Egito, depois de passar mais de noventa anos da sua vida longe da
terra prometida. Contudo, ele jamais abriu mão da certeza de que Deus um dia,
finalmente, cumpriria a promessa de entregar Canaã nas mãos dos seus irmãos, os
herdeiros naturais da aliança que Deus fizera com Abraão (vv. 24,25).
ESTA É, SEM
DÚVIDA NENHUMA, UMA DAS MAIS BELAS HISTÓRIAS DO ANTIGO TESTAMENTO, POR INÚMERAS
RAZÕES.
Primeiro, porque José foi quem abriu o caminho para que
Israel fosse morar no Egito, onde se transformou em uma poderosa nação.
Segundo, porque o personagem de José é um tipo que prefigura o caráter e a
história de Jesus, o Salvador. E terceiro, porque José se constitui um exemplo
de fidelidade inigualável em todo o Antigo Testamento.
LIÇÕES SOBRE A VIDA DE JOSÉ
A história de José é muito mais que o simples retrato de um
homem de grande caráter e de fé admirável.
É também um marco decisivo na história do povo escolhido de
Deus e um modelo de conduta para todos quantos desejam sinceramente ser fiéis
ao Senhor.
1. Deus faz o bem, por meio de tragédias e
sofrimentos.
A verdade de Rom. 8: 28 é
facilmente comprovada pelo estudo da vida de José. Inúmeras coisas ruins que
aconteceram a ele, foram transformadas em coisas boas, e revelaram-se como
providências divinas, conduzindo Israel pelos caminhos do amor protetor de
Deus.
EXEMPLOS:
a) José foi vendido como escravo;
Deus o abençoou e ele foi promovido a um cargo de confiança, na casa de um
importante oficial do faraó e capitão da guarda.
b) José foi falsamente acusado de estupro;
Deus o abençoou e ele conheceu pessoas muito influentes na prisão.
c) O Egito foi afligido por sete anos de seca;
Deus utilizou esse tempo para confirmar a habilidade que José tinha para lidar
com dificuldades.
Estes são apenas alguns dos exemplos da providência divina,
realizando seus propósitos, por meio de situações de extrema dificuldade.
Existem outros inúmeros exemplos bíblicos que comprovam esse método de Deus de
converter o mal em bem (Gên. 50.20).
2. O coração do homem é provado nas dificuldades que tem de enfrentar.
Tiago diz que devemos nos sentir alegres, quando temos de
passar por provações, pois estas cumprem o propósito que Deus tem de
desenvolver nosso caráter e fazer-nos amadurecer (Tiago 1: 2-4).
Pedro diz que não devemos ficar desapontados, quando somos afligidos por algum
sofrimento, pois é justamente por meio do sofrimento que a nossa fé é provada (1Pedro 4.12).
Todas as situações de dificuldade que sobrevieram a José
estavam carregadas de propósitos divinos, como:
1) Conduzir o povo de Israel para uma terra
onde eles pudessem ser protegidos e preservados;
2) Servir de testemunho da soberania de Deus
entre aqueles que não faziam parte da aliança feita com Abraão;
3) E salvar os povos de outras regiões,
livrando-os de morrer de fome.
Mas é evidente que José desconhecia cada um destes
propósitos.
A única coisa que José sabia era que devia continuar fiel a
Deus, qualquer que fosse a sua situação (Gên. 39.9).
3. A providência divina inclui até os pecados que os outros cometem
contra nós.
Por duas vezes, pelo menos, a vida de José
foi drasticamente mudada por força do ódio e da mentira de outras pessoas.
PRIMEIRO, aos dezessete anos de idade, José foi atacado por
seus irmãos e vendido como escravo. Isso marcou radicalmente a sua história.
SEGUNDO, por resistir às investidas da "mulher do
chefe", José foi preso, acusado de tentativa de estupro. Mais tarde,
sabemos que a mão de Deus estava por trás dessas duas conspirações.
É evidente que o fato desses pecados contribuírem com a
vontade e o propósito de Deus, não isenta da culpa aqueles que os provocaram.
No entanto, é motivo suficiente para nos livrar dos sentimentos de mágoa e
ódio, que podem, muito facilmente, serem abrigados em nosso coração (Efe. 4.31; Heb. 12.15).
Por duas vezes José reconheceu que essa confiança era uma
razão mais que suficiente para que ele perdoasse seus irmãos (Gên. 45.8; 50.20).
José sabia que as ações protetoras de Deus também visavam
preservar a vida daqueles que o traíram (Gên. 45.7).
Portanto, a sua atitude deveria ser de cooperar com o
propósito que Deus tinha de salvar e proteger seus irmãos (Gên. 50.21).
Estas são apenas algumas, das inúmeras lições que podemos
aprender com o estudo da história desse personagem bíblico, cuja biografia
ocupa a terça parte do livro de Gênesis.
José foi um personagem tão importante e de caráter tão
nobre, que a maioria dos estudantes da Bíblia reconhecem em José e em sua
missão muitos paralelismos com a vida e a missão de Jesus. Por exemplo:
Ambos foram rejeitados por seus irmãos;
Ambos foram vendidos por prata, como escravos;
Sofreram em países estrangeiros, pelo bem dos que o afligiam;
Demonstraram extrema capacidade de praticar o perdão. Por
tudo isso, José é muito mais que um personagem a ser estudado. Ele é um servo
de Deus, que deve ser imitado, cujas virtudes devem ser perseguidas por todos
os cristãos de hoje.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
1) Em sua opinião, por que é tão difícil
demonstrar fidelidade em situações de extrema dificuldade?
2) De todas as virtudes de José, qual faria
mais diferença em sua vida, hoje?
3) Você concorda que Deus faz o bem, por meio
de tragédias e sofrimentos?
4) Você já comprovou isso alguma vez em sua
experiência pessoal?
5) Quais compromissos práticos você acredita
que precisa firmar com Deus, diante das lições e das aplicações extraídas desse
estudo da vida de José?
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