quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Quem prolongará os Seus dias? (Uma Mensagem Sobre a Purificação da Boca, dos Ouvidos e dos Olhos)

Quando irrompeu o reavivamento em Jerusalém, um anjo falou com o apóstolo Filipe. Instruiu-o para que fosse para o deserto de Gaza, e lá Filipe encontrou um diplomata etíope assentado em seu carro. O homem estava lendo em voz alta o livro de Isaías. Então Filipe perguntou ao oficial: "Compreendes o que vens lendo?" (Atos 8:30).

Aparentemente, o diplomata estava preso à uma passagem que lhe deixava confuso. A passagem era Isaías 53:9-11: "Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito".

Até a esta passagem, o diplomata deve ter ficado entusiasmado lendo a profecia de Isaías. Ela descrevia um homem no futuro que devoraria a morte, enxugaria toda a lágrima, e removeria a reprimenda contra o Seu povo. Ele tiraria as trevas dos cegos, libertaria os cativos das prisões, e livraria as pessoas da cova e dos calabouços. Finalmente, este homem iria remir para Si um povo, guiando-os por um caminho que lhes era desconhecido. E Ele seria uma aliança para essas pessoas, levando-as à fontes de águas vivas.

Segundo Isaías, esse homem que viria teria o governo sobre Seus ombros. E estabeleceria um reino eterno, que nunca passaria. Os reis O reverenciariam, e príncipes se levantariam para adorá-Lo. Ele seria luz para os gentios, trazendo salvação para todos os cantos do mundo. E seria um Salvador eterno.

Tente imaginar o entusiasmo do etíope ao ler estas coisas maravilhosas. Evidentemente, esse diplomata estava com fome de Deus, ou não estaria lendo as escrituras. E agora a profecia de Isaías revelava a vinda de um rei eterno. Com tantas revelações, o pensamento do diplomata deve ter se formado: "Quem é esse homem maravilhoso?".

Porém, tinha ele acabado exatamente de ler sobre a glória e a grandeza desse homem que viria, quando tropeçou nas palavras de Isaías que o confundiram: "De sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes" (53:8). "Na sua humilhação, lhe negaram justiça; quem lhe poderá descrever a geração? Porque da terra a sua vida é tirada" (Atos 8:33). Por fim, o diplomata lê um verso que parecia contradizer essas coisas: "Verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos" (Isaías 53:10).

Tudo isso era tão confuso. O etíope volta-se para Filipe e pergunta: "Como poderei entender, se alguém não me explicar?" (Atos 8:31). Eis o que lhe estava confundindo: "Como um morto pode ver seus filhos? E como pode prolongar seus dias na terra? Isaías diz que tal homem será eliminado, morto e sepultado. Como ele poderia ter sobre si a boa vontade do Senhor nessas condições? Como seria sua descendência declarada ao mundo?".

Talvez ajude perguntarmos o que quer dizer a frase "Quem lhe poderá descrever a geração?". Em grego o sentido vem da raíz que significa "canalizar um ato". Em outras palavras: "Quem irá inteiramente dizer respeito (como parente) a este homem e a todos os Seus atos? Quem demonstrará amplamente ao mundo tudo a que Ele se refere? Quem manterá Sua lembrança viva?".

Nesse ponto, Filipe começa a abrir os olhos do etíope. Primeiro, "Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus" (Atos 8:35). Filipe explica ao diplomata: "O homem sobre o qual você está lendo já veio. O Seu nome é Jesus de Nazaré, e Ele é o Messias".

A seguir, Filipe explica Isaías 53:11: "Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito". Filipe diz ao diplomata basicamente: "O penoso trabalho de Cristo foi a Crucificação. É quando Ele foi cortado dentre os viventes e sepultado. Mas o Pai levantou-O dentre os mortos. E agora Ele está vivo em glória. Todo aquele que confessa o Seu nome e crê nEle se torna Seu filho. Na verdade, a posteridade de Cristo vive em todas as nações. É assim que a Sua vida é prolongada, através do Espírito Santo em Seus filhos. Agora você também pode ser um filho Seu".

Que novas incríveis aos ouvidos do etíope. Não é de se admirar que tenha ficado ansioso para pular do carro e ser batizado. "Respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Então, mandou parar o carro, ambos desceram à água, e Filipe batizou o eunuco" (Atos 8:37-38).

A Questão Para Nós é:
Como a Vida de Cristo é Prolongada em Nossa Geração?


Tenho de perguntar a mim mesmo: "Como prolongo a vida de Cristo? A minha própria vida é uma expressão plena de quem Ele é? Sou eu verdadeiramente um canal através do qual a vida de Jesus é desenvolvida? Será que o meu andar revela que Ele está vivo e ativo hoje?". Para responder essas perguntas, devo também perguntar: eu levo a sério a profecia de Isaías 53? Posso eu honestamente dizer que sou semente, descendência de Cristo, e que Ele está satisfeito pelo que vê em mim?

Quando falamos sobre prolongar a vida de Cristo, estamos nos referindo ao fluir de Sua vida em nós. Como manter esse fluxo, tal que o testemunho de Jesus possa se estender através de nós?

Atente para Provérbios 4:23: "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, pois dele procedem as saídas da vida". Prego com intensidade sobre a necessidade de se orar, jejuar e estudar as escrituras. Também pleiteio de Deus o favor de eu ter mais fome de buscá-Lo, de caminhar mais perto dEle, de uma maior paixão por Jesus. Mas Provérbios diz que temos de avaliar ítens ainda mais profundos do que estes. Esse versículo fala de questões do coração, de coisas ocultas e secretas que determinam o fluxo vital que emana de nós.

Veja, mesmo se eu orar durante mais horas, se jejuar com mais freqüência, e ler a Bíblia com mais diligência, ainda assim posso estar contaminado na mente. Pode haver bloqueios em meu coração que impedem o fluir da vida de Cristo em mim. E posso chegar a ser tão impuro a ponto de travar toda essa vida, com exceção de um pequeno gotejamento. Então estarei impedido de prolongar a Sua vida, de declarar plenamente a Sua geração.

Jesus nos diz claramente o que contamina uma pessoa: "Ouvi, e entendei: O que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai da boca, isto sim é o que contamina o homem" (Mateus 15:10-11). O que são estas questões do coração? Quais são os caminhos que poluem primeiro o nosso homem interior, e a seguir todo o nosso ser?

A Bíblia aponta para três questões: uma boca impura, ouvidos impuros e olhos impuros. Como servos do Senhor, não podemos permitir que algo prejudique o fluir da vida de Cristo em nós. Se sou a Sua linhagem, a Sua semente - escolhido para proclamar a Sua geração, para canalizar a Sua vida ressurrecta através do meu caminhar - então tenho de governar o meu coração e as minhas ações pela Sua palavra. E se alguma parte do meu homem interior for contaminada - a minha boca, os meus ouvidos ou olhos - então a minha vida exterior e o meu testemunho serão prejudicados.

1. Uma Boca Impura

Mais uma vez, voltamos a Isaías 53 para um retrato de quem Jesus é, e daquilo que se relaciona com Ele. Esse capítulo diz o seguinte sobre Ele: "Nem dolo algum se achou em sua boca" (53:9).

Como manifestamos Cristo nessa particular questão do coração? Esse ponto é referido nos dois Testamentos. Tiago adverte a igreja: "Ora, a língua é fogo; é mundo de iniqüidade; a língua está situada entre os membros do nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno" (Tiago 3:6).

Lemos advertência semelhante em Isaías: "Então, clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso" (58:9). Em hebraico, injurioso aqui quer dizer rude, irreverente, desrespeitoso

Isaías está fazendo uma declaração tremenda. A razão precisa pela qual oramos, jejuamos e estudamos a palavra de Deus é sermos ouvidos nos céus. Mas o Senhor inclui um enorme "se" a isso. Declara: "Se você quer que Eu o ouça das alturas, então terá de olhar para as suas questões do coração. Sim, Eu lhe ouvirei - se você parar de apontar o dedo para os outros, se parar de falar deles de maneira desrespeitosa".

É um grande pecado aos olhos de Deus falarmos de uma maneira que suje a reputação de outro. Provérbios nos diz: "Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro". Uma boa reputação é um tesouro cuidadosamente construído com o tempo. Contudo, posso rapidamente destruir o tesouro de qualquer pessoa com uma única palavra de difamação da minha boca.

Ora, não temos a ousadia de roubar o relógio de ouro de alguém, ou a sua conta bancária. Mesmo assim, Deus declara claramente que caluniar o nome de uma pessoa é um roubo da pior espécie. E podemos fazer isso através das maneiras mais sutis: apontando um dedo acusador, questionando o caráter, passando boatos e fofocas. Em verdade, três das palavras mais danosas que podemos dizer são "Você soube que?...". A simples sugestão da pergunta rouba da pessoa algo de valor. E contamina a nossa própria boca.

Muitos dentro da casa de Deus não têm levado a Sua palavra a sério nesta área. O Salmo 50 explica detalhadamente tanto o pecado da contaminação da boca, quanto as suas conseqüências:

"Soltas a tua boca para o mal, e a tua língua trama enganos. Sentas-te para falar contra o teu irmão e difamas o filho de tua mãe. Tens feito estas cousas, e eu me calei; pensavas que eu era teu igual; mas eu te argüirei e porei tudo à tua vista. Considerai, pois, nisto, vós que vos esqueceis de Deus, para que não vos despedace, sem haver quem vos livre. O que me ofereceu sacrifício de ações de graças, esse me glorificará; e ao que prepara o seu caminho, dar-lhe-ei que veja a salvação de Deus" (Salmo 50: 19-23).

Então, por que fazemos isso? Por que não temos temor e reverência pela palavra de Deus neste assunto? Por que falamos com tanta facilidade dos outros com palavras vãs? Por que continuamos usando palavras sem nenhum cuidado, com uma língua descontrolada? Este Salmo nos diz o porque: "Pensavas que eu era teu igual".

Para simplificar: fazemos Deus parecer conosco. Nós torcemos e amoldamos a Sua palavra para que reflita nossa própria tendência para julgar externamente uma pessoa. E ignoramos o hábito de Deus no considerar os pontos ocultos e profundos do coração de outrem.

Ora, o Senhor está nos dizendo aqui no Salmo 50: "Vou te reprovar, porque quero que coloques esse assunto em ordem. Tens de enxergar a tua impureza da maneira que Eu a vejo: como maligna e perniciosa, como um sério perigo para a tua alma".

Como ministro do Senhor, desejo que a vida de Cristo possa fluir de minhas pregações. E como marido, pai e avô, quero que ela flua de mim livremente à minha família. Então, a nascente da vida de Cristo em mim não pode ser contaminda. Não posso permitir nenhum envenenamento da fonte, e nenhum bloqueio que prejudique o seu livre fluxo em mim.

Mas tenho de tornar isso uma decisão consciente da minha parte. Tenho de continuamente clamar ao Santo Espírito: "Senhor, convença-me toda vez que eu me contaminar". Davi assumiu esse tipo de determinação. Ele registra: "Iniqüidade nenhuma encontras em mim" (Salmo 17:3). "Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios" (141:3).

Você pode se perguntar: "Será que é possível controlar realmente a língua, se dispor a não pecar com a boca?". Davi responde com esse testemunho: "Eu disse: Guardarei os meus caminhos para não delinquir com a minha língua; enfrearei a minha boca enquanto o ímpio estiver diante de mim" (39:1). Ele está dizendo basicamente: "Toda vez que monto um cavalo, tenho de pôr um freio em sua boca. E assim como faço com o cavalo, tenho de fazer com a minha língua".

2. Ouvidos Impuros

Como proclamar a geração de Jesus em relação a este ponto? Como eu prolongo a Sua vida no tocante a guardar os meus ouvidos da impureza?

Novamente, Isaías fala do exemplo de Cristo: "O Senhor Deus me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os eruditos. O Senhor Deus me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde, não me retraí" (Isaías 50: 4-5).

Note o último versículo: Jesus era despertado cada manhã pelo Espírito Santo. E o Espírito sintonizava os ouvidos de Cristo para ouvir a palavra do Pai. Quando Jesus testifica "e eu não fui rebelde, não me retraí", está dizendo: "quando Eu estava na terra, aprendi o que deveria dizer, fazer e ouvir. E nunca me retraí quanto a isso". Segundo Paulo, Jesus aprendeu a obediência através dos sofrimentos. Agora Cristo está dizendo: "Tudo aquilo que o Pai me mandou fazer, Eu fiz. Aceitei a palavra dEle, não importando as conseqüências".

Amado, eu preciso deste tipo de despertamento espiritual todos os dias. Tenho de ser lembrado pelo Espírito Santo: "David, feche teus ouvidos a todos os tipos de calúnia, mexericos e sujeira. Evite ser contaminado".

Os próprios discípulos de Jesus tinham ouvidos impuros. Uma ocasião, Ele lhes disse: "Fixai nos vossos ouvidos as seguintes palavras: o Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens" (Lucas 9:44). Ele estava dizendo, em outras palavras: "Prestem muita atenção, pois estou prestes a lhes dar uma importante revelação. Eu vou ser crucificado. Então, que isto penetre bem fundo em seus ouvidos. Trata-se de uma coisa que vocês precisam saber".

Jesus nunca havia sido tão enfático com os discípulos. Ele nunca tinha dito: "Fixem em seus ouvidos essas palavras. Se vocês nunca ouviram nada que Eu disse, ouçam agora". Então, como eles reagiram a isso? As escrituras dizem: "Eles, porém, não entendiam isto" (9:45). Por que eles não conseguiam ouvir o que o Mestre estava lhes dizendo? Porque os seus ouvidos haviam se tornado impuros pelo interesse pessoal. Imediatamente lemos: "Levantou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior" (9:46).

Eis aqui prova positiva de que ouvidos impuros não conseguem receber as revelações profundas da palavra de Deus. Estes homens não podiam ouvir a voz de Jesus, mesmo estando Ele diante deles em carne e osso, falando-lhes normalmente. Pelo contrário, as escrituras dizem: "isto... foi-lhes encoberto para que o não compreendessem" (9:45). Tenho de perguntar: será que a experiência dos discípulos na Crucificação teria sido diferente se eles tivessem sido capazes de ouvir Jesus? Será que teriam fugido como fizeram? Ou teriam reagido diferente?

A verdade é: qualquer um que esteja absorvido em seus próprios interesses não consegue enxergar o fato real em relação a si. E se conseguisse enxergar, não o admitiria. É por isso que os discípulos não conseguiam ouvir o quê Jesus estava lhes dizendo. Eles estavam tão centralizados em si mesmos, com tanta vontade de elogiarem a si próprios, que não conseguiriam ouvir a voz de Cristo, ou de qualquer pessoa piedosa.

Eu não havia compreendido o quanto sou culpado deste terrível pecado até a recente série de pregações que fiz nas Ilhas Britânicas. Meu filho Gary, e eu, estávamos sendo levados de carro ao local de pregações por um pastor. Ele educadamente perguntou como estavam decorrendo os nossos cultos. Quando tentei responder, contudo, ele me interrompeu para falar de suas próprias pregações. Isso ocorreu várias vezes. À cada uma delas, ele me "passava na frente", com histórias de ter tido multidões maiores, e de ter visitado mais países do que eu.

Finalmente, fiquei tão aborrecido que me calei e o deixei falar. Nessa hora, olhei para Gary e virei os olhos. Pensei: "Como ele gosta de se exibir. Esse pastor não pára de falar".

Aí senti um cutucão do Espírito Santo. Ele me cochichou: "Pense por que você se aborreceu, David. É porque este homem não está lhe ouvindo. Você é quem queria estar falando. E agora, ouvindo as histórias dele, você quer se vangloriar do seu próprio ministério. Você pode ter parado de falar, mas tem um espírito de vanglória no coração".

E mais, eu havia tornado a minha boca impura. Note que eu não havia dito nada terrível sobre aquele homem. Na verdade, eu não havia proferido uma única palavra sobre ele. Contudo, simplesmente virando os olhos, eu o havia caluniado para o meu filho.

Posso pregar sobre santidade, posso mostrar os pecados da sociedade, posso ministrar sobre a vitória da Nova Aliança. Mas se permitir que meus ouvidos fiquem impuros - se eu bloquear outra pessoa concentrando-me em meus próprios interesses, se eu não conseguir ouvi-la com respeito - então a vida de Cristo não é prolongada em mim. Terei deixado de viver uma vida que satisfaça ao Senhor. E não estarei difundindo o fruto de Seu penoso trabalho.

3. Olhos Impuros
Mais uma vez voltamos à profecia de Isaías sobre Cristo. E esta passagem revela que Jesus possuia olhos puros, não contaminados: "Deleitar-se-á no temor do Senhor; não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos" (Isaías 11:3). A tradução literal aqui é: "Ele não julgará segundo a aparência diante dos Seus olhos; nem repreenderá segundo o que Seus ouvidos Lhe disserem". Resumindo, Cristo não vai julgar uma pessoa simplesmente olhando para ela, ou pelo que ouve sobre ela.

Amado, Deus está chegando ao coração do assunto bem aqui. Naturalmente, sabemos que a pornografia torna os olhos impuros, assim como muitos filmes e programas de TV. Em verdade, poderíamos listar um enorme catálogo de coisas que contaminam os olhos. Mas há um ponto mais profundo e oculto, com o qual temos de tratar. E trata-se do "julgamento mental".

Eu pergunto: por que não consideramos o julgamento mental que fazemos sobre os outros como sendo um pecado sério? Muitas vezes quando encontramos alguém, nós imediatamente "o medimos". Após breves olhadas e breve troca de palavras, achamos que conseguimos medir acuradamente esta pessoa. E imediatamente julgamos o seu caráter pelo pouco que vimos e ouvimos.

Nem dá para eu dizer quantas vezes tenho feito isso com as pessoas. Encontro alguém e penso: "O meu espírito não está me dando um bom testemunho sobre tal pessoa. Ela não consegue me olhar nos olhos. Não dá para eu especificar já, mas alguma coisa não está certa com ela". E confio em meu julgamento interior com se fosse infalível.

Pior, os nossos rápidos julgamentos sobre as pessoas estão muitas vezes contaminados por relatos malévolos da parte de outrem. Uma palavra desrespeitosa fica plantada em nossa mente, e ela traz a tonalidade de tudo que pensamos sobre alguém que ainda nem vimos. Então, quando ficamos na presença desta pessoa, a terrível palavra que ouvimos volta correndo à nossa mente. E "medimos" a pessoa segundo o que nos foi contado.

Durante a minha visita à Grã-Bretanha, um pastor bem intencionado me puxou de lado e cochichou: "Você vai encontrar um homem muito rico no próximo culto. Quero previni-lo que ele se acha o dono da igreja porque dá muito dinheiro. Como resultado, ele afastou muita gente boa".

Eu me permiti ser contaminado por essa palavra. E quando encontrei o homem rico, mal lhe dei atenção. Nem lhe dei chance, porque já lhe havia julgado pelo que tinha ouvido.

Me arrependi disso. Mas ao longo dos anos tenho sido culpado por este pecado, vez após outra. Secretamente tenho julgado milhares de homens e mulheres a partir de opiniões mentais rápidas formadas sobre eles de imediato. Algumas vezes, até recusei ou rompi relações com pessoas devido a julgamentos rápidos.

Julguei um ministro dessa maneira quando estive na Grã Bretanha. Assim que começou a adoração para o início do culto, o pastor pulou da cadeira e correu por entre os bancos rejubilando-se. O meu primeiro pensamento foi "Esse homem está querendo aparecer. Está agindo na carne". Então o pastor ajudante se inclinou e cochichou para mim: "Pastor David, o senhor sabe por que ele está fazendo isso? É porque ele tem uma consciência limpa. Ele é um homem feliz".

Eu havia permitido que a minha visão literal prejudicasse a minha visão espiritual. E isso contaminou os meus olhos. Jesus adverte especificamente sobre esse pecado: "Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça" (Jo. 7:24).

Há pouco tempo encontrei um ministro que conheço há anos. Toda vez que o encontrava no passado eu comentava com minha esposa: "Esse homem é tão vazio, tão aparecido. Não sei como Deus pode abençoá-lo". Aí reencontrei esse mesmo homem após o Espírito Santo ter tratado comigo quanto ao julgamento mental em relação aos outros. Desta vez, o Espírito me disse: "Ame-o. Se aquiete e ouça-o. A seguir ore com ele".

Obedeci. Amei aquele homem, ouvi-o falar, e após isso peguei sua mão e orei. Assim que nos separamos, uma coisa estranha aconteceu comigo: fui atingido pela dor. Um terror passou através de mim - o terror do que eu houvera feito a esse homem durante anos. Enxerguei a extrema pecaminosidade da minha impureza.

Davi exorta: "Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Libertador meu" (Salmo 19:14). O apóstolo Paulo acrescenta essa perspectiva: "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, conforme a necessidade, para que beneficie aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus" (Ef. 4:31-31; 29-30).

Prezado santo, inexiste pessoa lendo esta mensagem que seja santa demais para não guardá-la e mudar. Quanto a mim, sinto a dor de Deus quanto à maneira pela qual mal julguei as pessoas em todos estes anos, de maneira consciente ou não. Insisto em que você clame junto com o meu coração:

"Ó Senhor, por que eu não estava pronto para ouvir isso antes? Por que não tratei com isso antes? Desejo proclamar o Teu evangelho, declarar a Tua geração. Por favor Jesus, perdoa-me. Purifica a minha boca impura, os meus ouvidos e os meus olhos impuros. E me dê um coração renovado. Não quero que coisa alguma impeça a minha vida de ser uma manifestação plena de quem Tu és".

Possa o Senhor ouvir o nosso clamor e se mover rapidamente para nos refazer. Ele nos dará força para que nos afastemos de falar o mal, ouvir o mal e de julgar pela mente. Então seremos mais capazes para prolongar os dias do nosso Senhor. 
 
 
Autor: David Wilkerson

A Irracionalidade da Fé

Quando Deus diz à humanidade: "Creia", Ele pede algo que está totalmente além da razão. A fé é inteiramente ilógica. A sua própria definição tem a ver com algo irracional. Pense nisso: a carta de Hebreus diz que a fé é a substância de algo que se espera, a prova que se não vê. Somos informados, em resumo, de que "inexiste uma substância tangível. Inexiste prova absolutamente alguma". Mesmo assim somos orientados a crer. Dá para você pensar numa exigência mais irracional do que essa? Ela diz simplesmente: "Aceite isso sem provas. Confie no invisível". Está totalmente além da lógica.

Estou focalizando esse assunto por uma razão importante. Nesse momento, por todo o mundo, multidões de crentes estão se dobrando ao desencorajamento. O povo de Deus está passando por provações, lutas, sofrimento, e todo tipo de caos. O fato é que todos continuaremos a enfrentar desencorajamentos nessa vida. Contudo, creio que se compreendermos a natureza da fé - a sua natureza ilógica e irracional, encontraremos a ajuda que precisamos para prosseguir.

Veja a fé que foi exigida de Noé. Ele viveu numa geração que havia se desgovernado inteiramente. Não dá nem para começar a se imaginar a malignidade dos tempos em que esse homem viveu: violência e assassinatos crescentes. Gigantes geraram homens "valentes". Uma impiedade indescritível havia se disseminado com licenciosidade. A situação dos humanos ficou tão terrível, que Deus não suportou mais. Finalmente, disse: "Chega! O homem está destruindo a si próprio. Isso tem de parar".

Ele disse a Noé: "Destruirei toda a carne. Mas preservarei a você e sua família. Então, quero que construa uma arca, Noé. E quero que você junte nela todas as espécies animais, em casais. Enquanto você estiver fazendo isso, darei aos habitantes da terra 120 anos de misericórdia. Aí então enviarei uma chuva que não parará por 40 dias e noites. Haverá um grande dilúvio, que eliminará todo ser vivente". Deus então prosseguiu dando a Noé as dimensões da grande arca - o comprimento, largura e profundidade - em grandes detalhes.

Imagine o assombro de Noé ao tentar entender isso. Deus iria enviar um cataclisma, que destruiria toda a terra. Ainda assim, tudo que foi dito para Noé em relação a tal assunto foram estas breves palavras dos céus. Ele simplesmente deveria aceitar isso pela fé, sem receber mais nenhuma orientação por 120 anos.

Pense no quê a fé estava exigindo de Noé. Ele recebeu a tarefa gigantesca de construir uma enorme arca. E enquanto isso, teria de viver num mundo violento e perigoso. Ele estava cercado de gigantes, criminosos, céticos, todos observando cada passo dele. Tenho certeza de que zombaram de Noé enquanto ele enfadonhamente trabalhava na arca ao longo dos anos. E, endurecidos pela violência, provavelmente ameaçaram matá-lo. Porém a fé exigia que Noé conservasse seu coração "temente a Deus" (v. Hebreus 11:7). Ele tinha de continuar crendo, enquanto o mundo todo ao redor dele dançava, farreava e mergulhava na sensualidade.

Basicamente, Deus havia dito a ele: "Você deve crer na Minha Palavra, Noé. Estou pedindo que Me obedeça, sem desculpas. Se em algum momento começar a duvidar, ou tiver vontade de desistir, você terá de confiar no que lhe disse. Não lhe darei nenhuma prova, apenas a Minha promessa. Você deve agir baseado unicamente nisso".

Um quadro totalmente ilógico. Certamente às vezes Noé se frustrava, tanto externa como interiormente. Quantos dias ficou desencorajado? De quanto em quanto tempo se perguntou "Isso é uma besteira. Como posso saber que era a voz de Deus?". Mas Noé fez como Deus mandou. Continuou confiando na palavra que recebeu, por mais de um século. E por sua obediência, dizem as escrituras, Noé "se tornou herdeiro da justiça que vem da fé" (v. Hebreus 11:7).

Veja Abraão. Deus disse a esse homem: "Levante-se, saia, e deixe a sua terra". Certamente ele ficou imaginando: "Mas para onde, Senhor?". Deus respondeu simplesmente: "Não vou dizer. Apenas vá".

Isso não era lógico. Era uma exigência totalmente não razoável para qualquer ser pensante. Vou ilustrar perguntando à qualquer esposa cristã: o que aconteceria se o seu marido chegasse em casa um dia, e dissesse: "Arrume as malas, amor - nós vamos mudar". É claro, você iria querer saber por que, ou para onde, ou como. Mas a única resposta que ele lhe dá é: "Não sei. Eu só sei que Deus mandou fazer isso". Inexiste correspondência racional a esse tipo de exigência. Ela simplesmente não é lógica.

Contudo essa foi exatamente a direção ilógica que Abraão seguiu. "Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia" (Hebreus 11:8). Abraão fez as malas da família e saiu, sem saber onde acabaria a viagem. A única coisa que sabia era a breve palavra que Deus havia lhe dado: " Vá, Abraão, e Eu estarei contigo. Nenhum mal chegará a ti". A fé exigia que Abraão agisse baseado em nada além desta promessa.

Em uma noite estrelada, Deus diz a Abraão: "Olhe para o céu. Está vendo as inúmeras estrelas? Conte-as se puder. Essa será a quantidade de descendentes que você terá" (v. Gênesis 15:5). Abraão deve ter abanado a cabeça diante disso. Ele era velho então, bem como sua esposa, Sara. Há muito havia passado o tempo da possibilidade de terem um filho. Contudo aqui ele recebe a promessa de que se tornaria o pai de muitas nações. E a única evidência que possuía para prosseguir era uma palavra dos céus: “Eu sou o Senhor" (Gênesis 15:7).

Mas Abraão obedeceu. E a Bíblia diz o mesmo em relação a ele que diz de Noé: "Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça" (15:6). De novo, vemos uma cena ilógica. Mesmo assim a fé de um homem é traduzida para justiça.

Veja os filhos de Israel. Pense nas situações de provação às quais foram levados por Deus. Ele os livrou das garras do faraó no Egito só para se verem encurralados no mar Vermelho. Os israelitas ficaram cercados pelas montanhas por dois lados, com o exército do faraó rapidamente caindo sobre eles por trás. Era uma situação desesperadora, sem nenhuma saída humana. O coração do povo deve ter se agitado ao ouvir o ribombar dos carros do faraó, e vendo o pó levantado pelos cavalos.

Mesmo conhecendo o desdobramento desta cena, a minha carne quer argumentar com Deus: "Não parece justo, Senhor. Que tremendo trauma para as famílias e seus filhos. Eles ficaram presos lá, sem barcos ou jangadas, se perguntando o que fazer. Deus, uma noite o Senhor matou todos os primogênitos do Egito. Por que não matou todos esses soldados no deserto? É irracional, com todas aquelas crianças chorando, e os homens e mulheres tremendo de medo. Eles tinham Lhe obedecido - mesmo assim o Senhor permitiu que isso lhes sobreviesse. Por que levá-los a passar por isso?".

Não há como escapar deste fato: Deus os levou à essa situação. E a cena inteira é totalmente ilógica, completamente irracional. Deus simplesmente esperava que eles cressem na palavra que já havia lhes dado: "Vou pegá-los em meus braços e carregá-los através do deserto. Nenhum inimigo prosperará contra vocês, pois estarei consigo. Vocês simplesmente se aquietem e vejam a salvação do Senhor".

Eu lhe pergunto: quantos de nós hoje não ficaríamos lá com medo e chorando, como os israelitas fizeram? Se formos honestos, sabemos que é exatamente assim que reagimos agora, na maioria de nossas crises. A situação dos nossos corações não é similar a deles?

Simplificando, a fé é muito exigente. Ela exige que uma vez tendo ouvido a Palavra de Deus, a obedeçamos, sem nenhuma outra evidência ou prova para nos dirigir. Não importa o quão grandes os nossos obstáculos possam ser, o quanto as nossas circunstâncias sejam impossíveis. Devemos crer em Sua Palavra e agir baseados nela, sem nenhuma outra prova para ir em frente. Deus diz: "A única coisa que você necessita é da Minha promessa".

Creio Que Nada Mudou
Desde o Tempo em Que Estes Patriarcas Viveram

Tal como cada uma das gerações que nos antecederam, também nos perguntamos: "Senhor, por que estou enfrentando este teste? Está além da minha compreensão. O Senhor permitiu tantas coisas em minha vida que não fazem sentido. Por que não há explicação para o que estou enfrentando? Por que a minha alma está tão angustiada, cheia de provações tão grandes?".

Ouça-me mais uma vez: as exigências da fé são totalmente irracionais à humanidade. Assim, como o Senhor responde aos nossos gritos? Ele envia a Sua Palavra, lembrando-nos de Suas promessas. E Ele diz: "Simplesmente Me obedeça. Confie na Minha Palavra para você". Ele não aceita nenhuma desculpa, nenhuma desobediência - não importa o quão impossível possam parecer as nossas circunstâncias.

Por favor não me entenda mal. O nosso Deus é um Pai amoroso. E não permite que o Seu povo sofra indiscriminadamente, sem nenhuma razão. Sabemos que Ele tem ao Seu dispor o poder e a disposição para fazer com que todos os problemas e as dores sejam removidos. Ele pode simplesmente pronunciar uma palavra, e nos livrar de toda prova e luta.

Contudo, o fato é o seguinte: Deus não vai nos mostrar como ou quando irá cumprir as Suas promessas para conosco. Por que? Porque Ele não nos deve nenhuma explicação, uma vez já tendo nos dado a resposta. Ele nos deu tudo o que precisamos para vida e piedade em Seu Filho, Jesus Cristo. Ele é a única coisa que necessitamos para toda situação que a vida nos lança. E Deus vai se manter na Palavra que já revelou: "Você tem a Minha Palavra ao seu alcance. As Minhas promessas são sim e amém para todos os que crêem. Então, descanse na Minha palavra. Creia nela e a obedeça".

A Bíblia nos diz que Israel "provocou" a Deus dez vezes no deserto. O quê foram essas provocações? Foram dez situações quando os israelitas enfrentaram grandes provações. Vez após outra o povo foi colocado em circunstâncias que pareciam impossíveis. Talvez você às vezes tenha se perguntado, como eu, "Senhor, por que tantos testes?".

Em cada exemplo, Deus estava buscando promover em Seu povo um vislumbre de fé; estava procurando só uma pequena medida sobre a qual Ele pudesse edificar. Veja, o Senhor queria dar ao mundo um testemunho de Sua fidelidade ao Seu povo. E Israel era para ser esse testemunho. Deus estava dizendo, basicamente: "Quando levo o Meu povo à situações difíceis, espero que eles ajam baseados nas Minhas promessas para com eles. A Minha Palavra é vida a todo que crê. E quero essa mensagem pregada e demonstrada a um mundo perdido e que está à morte".

Essa Palavra já estava disponível a Israel. Deus lhes havia dito: "Vou lhes tirar da aflição, para uma terra onde jorra leite e mel. Ninguém conseguirá lhes enfrentar. O EU SOU estará com vocês. E nenhuma promessa Minha falhará". O mesmo se aplica ao povo de Deus hoje. Enquanto a terra existir, as Suas promessas permanecem as mesmas: "Eu lhes tirarei das aflições. Confiem no grande EU SOU".

É por isso que o Deus de extrema paciência não tem paciência com a incredulidade de Seus filhos. Hebreus diz: "Havendo-a alguns ouvido, o provocaram" (Heb. 3:16). O quê ouviram? Eles tinham ouvido a Palavra de Deus: promessas de proteção, orientação e bondade. Mas ao invés de confiarem nessa Palavra, se concentraram nas situações desesperadoras. E permitiram que a incredulidade se apossasse de seus corações. Deus respondeu dizendo: "Jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso" (Heb. 3:11).

Essas pessoas queriam algo racional. Queriam se firmar em algo que pudessem ver, sentir e tocar. Queriam que Deus lhes detalhasse o trajeto que as aguardava à frente. Mas isso não é fé. Fé significa dizer: "Deus me fez uma promessa. E vou viver e morrer por essa promessa. Não importa o que será necessário para me apropriar dela. Estou arriscando tudo, toda a minha vida - por Sua Palavra para mim".

Hebreus pergunta: "Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não foi porventura com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes? E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade" (Heb. 3:17-19).

O fato é que todas as provações de Israel passaram. E Deus fielmente livrou-os de cada uma delas. Ainda assim os mesmos israelitas que experimentaram a bondade de Deus acabaram mortos no deserto. Por que? Toda vez que vinha uma luta, eles murmuravam reclamando - e se endureciam, recusando a crer.

E você? Você nesse instante está numa situação de terror como Israel estava? Você está sem esperança, vazio, despojado de tudo? A todos os que estiverem enfrentando uma luta angustiante, eu digo: as suas provações também passarão. Então, o que Deus espera de você agora, em meio a tudo que está acontecendo?

Talvez você esteja sofrendo, se angustiando com uma situação que parece não ter fim. Você está cabisbaixo, mais desencorajado do que jamais esteve na vida. Os seus amigos podem estar dizendo: "Não chore e não se lastime. Isso não é mostrar fé". Mas não é assim. A verdade é que se você tem fé, será capaz de chorar. Não dá para evitar a dor. Em verdade, há poder de cura em suas lágrimas. O seu lamento não tem nada a ver com ter ou não confiança na Palavra de Deus.

Às vezes, você pode se perguntar: "Senhor, o quê fiz de errado? Que pecado cometi? Será que isso é o Teu julgamento sobre mim?". Você pode até sentir vontade de confrontá-Lo, dizendo: "Por que o Senhor deixou isso acontecer? O que fiz para que o Senhor permitisse isso?". Posso lhe dizer: Deus lhe dá tempo para estes questionamentos. Ele permite que a sua carne tenha os seus acessos de raiva.

Aí, finalmente, o Senhor chega até você e diz: "Você teve o direito de sentir todas essas emoções. Mas não tem razão em Me acusar ou em duvidar de Mim. Eu lhe dei uma promessa. Na verdade, lhe dei tudo de que necessita. E você deve se apropriar dessa promessa agora. Se o fizer, a Minha Palavra se transformará em vida para você. Lhe trará cura maior do que a de qualquer remédio, mais poderosa do que qualquer mar de lágrimas".

Por Toda a Bíblia,
Encontramos Homens e Mulheres de Deus
Que Atravessaram Profundos Tremores na Alma e no Espírito

Vez após outra o salmista inquire: "Por que a minha alma está abatida? Me sinto inútil e abandonado. Há tanta inquietação dentro de mim. Por que, Senhor? Por que me sinto tão fraco na aflição?". Estas perguntas falam em nome de multidões de pessoas que têm amado e servido a Deus.

Veja o piedoso Elias, por exemplo. O vemos embaixo de uma árvore de zimbro, suplicando que Deus o mate. Ele está tão deprimido, que chega a ponto de querer desistir da própria vida. Também encontramos o justo Jeremias afundado no desespero. O profeta grita: "Deus, o Senhor me enganou. Me mandou profetizar todas essas coisas, mas nenhuma delas aconteceu. Nada fiz toda a minha vida senão buscá-Lo. E é assim que o Senhor me paga? A partir de agora não mencionarei mais o Seu nome".

Cada um destes servos sofreu um ataque temporário de incredulidade. Mas o Senhor entendeu a sua condição nas horas de confusão e dúvida. E após um período, sempre lhes indicou uma saída. Em meio às suas aflições, o Espírito Santo acendeu luz para eles. E as escrituras registram as suas experiências para nós.

Veja o testemunho de Jeremias sobre como ele saiu do buraco: "Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração" (Jeremias 15:16). Também Davi testifica: “Guardei a tua palavra". E Elias diz: "Veio a mim a tua palavra". Certa hora, todos esses servos recordaram-se da Palavra do Senhor. E ela se transformou na alegria e no júbilo de suas vidas, puxando-os para fora do abismo e me coloquei no lugar do servo.

A verdade é que durante todo o tempo que estas pessoas estavam lutando, o Senhor estava sentado ao lado, aguardando. Ele ouviu o seu choro, a dor, suas angústias. E após ter passado um certo tempo, lhes disse: “Você já chorou. Já experimentou o sofrimento e a dúvida. Agora quero que confie em Mim. Poderia você voltar para a Minha Palavra? Poderia se apropriar da promessa que fiz para você? Se fizer isso, a Minha Palavra irá tomar conta de você".

Não importa como chegamos à nossa terrível situação. Algumas vezes é obra do Senhor, levando-nos ao nosso limite. Às vezes é o inimigo nos atacando, como fez com Jó. Às vezes é a nossa carne, seja através de tentação, ou por meio de sofrimento mental ou físico. O fato é que não importa como foi que chegamos àquela situação. O que importa é como saímos dela. E inexiste outro caminho senão pela Palavra de Deus.

O Espírito Santo é fiel em nos falar. Ele faz com que saibamos quando chega a hora de deixarmos de lado as nossas dúvidas e questionamentos. Se não fizermos isso - se nos recusarmos a voltar a confiar na Palavra de Deus, permitindo que as Suas promessas se tornem mais uma vez a alegria de nossas vidas - a incredulidade se instalará. E se solidificará como concreto. Chegando a esse ponto, cairemos num abismo do qual poderemos nunca sair. Então, cada um de nossos pensamentos em relação a Deus será de dureza e acusação, ao invés de confiança. E a Sua ira é contra todo aquele que abandona a confiança em Sua Palavra.

No Novo Testamento, Encontramos o Que Deve Ser a
Exigência Mais Irracional da Fé Que Deus Já Fez à Humanidade


Por séculos, os judeus haviam procurado o Messias que viria. Acreditavam que o Salvador de Israel seria um rei em majestade e poder para governar em Jerusalém. Seria um libertador poderoso, comandando um exército invencível. E romperia o jugo que Roma havia colocado sobre Israel. E então superaria qualquer outro poder sobre a face da terra.

Dá para imaginar a expectativa que todo judeu tinha para a vinda deste Salvador? Ele iria acabar com todas as enfermidades, remover toda a dor, libertar os pobres da pobreza, e dar às pessoas tudo o que os seus corações desejavam. Ele tornaria Israel um grande povo e uma próspera nação. E faria tudo isso com incrível demonstração de força.

E então? Foi assim que o Messias chegou? Não, sabemos que não. Ele nasceu num estábulo, em meio a tantos lugares onde poderia ter nascido. E a história do Seu nascimento é o aspecto mais ilógico e irracional de todos. Esse Messias não teve pai terreno; foi concebido imaculadamente pelo Espírito Santo, e carregado no ventre de uma virgem. A Sua chegada não foi anunciada por trombetas poderosas, mas por um velho sacerdote e uma profetiza anciã. Eles simplesmente declararam: "Ele é o esperado de Israel. Creiam nEle, pois Ele é Deus".

De quem estavam falando, exatamente? De um humilde nazareno, um carpinteiro. Quando Jesus entrou em cena, as pessoas disseram: "Espere aí. Nós conhecemos os pais dEle". Alguém até poderia ter dito: "José uma vez O trouxe à nossa casa para ajudar a consertar a mesa". Como se poderia esperar que alguém cresse que um homem desses era o Messias? Isso seria totalmente irracional.

Jesus não anunciou o Seu senhorio com um poderoso exército. Ele apareceu só com doze discípulos iletrados, da classe trabalhadora. Estes não eram estudados na grande teologia. Eram pescadores, trabalhadores avulsos, gente do comércio. E Jesus não era diferente. Então, como alguém poderia aceitar que Ele fosse uma autoridade na palavra de Deus? Todos sabiam que os reais líderes de Israel assentavam-se aos pés de Gamaliel, prendendo com o mais proeminente intelectual da época . Enquanto isso, esse filho de carpinteiro ensinava nos desertos e à beira do mar. A Sua platéia era feita de viúvas, leprosos, prostitutas. E Ele dizia a todos eles: "Sou Deus na forma humana. Creiam em Mim".

Imagine a reação que todo líder religioso deve ter tido: “Esse homem chega às sinagogas declarando que é o Messias. Diz que foi enviado por Deus. Mas não tem nascimento e nem linhagem real. Não tem nem onde reclinar a cabeça. Invade o templo e expulsa todos os nossos comerciantes. E chama o templo de 'casa do Meu Pai'. Mas Ele não explica de onde recebe essa autoridade. Em verdade, sustenta que Ele é o templo de Deus. Diz que existia antes de Abraão."

"Ele diz que é a água viva, que é o pão dos céus, homem e Deus a mesmo tempo. E aí usa uma linguagem esquisita, dizendo para comermos do Seu corpo, e bebermos do Seu sangue. Diz que se O vemos, vemos o Pai. Mas que se não cremos nEle, então não cremos em Deus. Mas, que autoridade tem para sustentar tudo isso? É apenas a palavra dEle. Ele simplesmente chega e fala: 'Confiem em Mim'".

Imagine esses líderes ouvindo Jesus dizer: "Quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna" (João. 5:24). Eles protestaram, dizendo a Cristo: "Tu testificas de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro" (8:13). Jesus responde a eles com ainda uma outra explicação não razoável: "Está...escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou" (8:17-18).

Finalmente, Jesus coloca todo o assunto sob uma perspectiva. Ele lhes diz: "Por que não entendeis a minha linguagem? por não poderdes ouvir a minha palavra" (8:43). Ele estava dizendo: "Vocês não conseguem me compreender porque não ouvem a Minha Palavra". O mesmo é verdade em relação a todo crente de hoje. Tudo se resume a um ponto: confiar na Palavra de Deus. Unicamente a Sua Palavra é a nossa vida e esperança.

Até o Dia de Hoje
Deus Está Impaciente Com a Incredulidade do Seu Povo

Vivemos no período da maior revelação do evangelho na história. Há mais pregadores, mais livros, mais saturação evangélica pela mídia do que nunca. Contudo nunca houve mais angústia, aflição e perturbação mental entre o povo de Deus. Os pastores de hoje programam os sermões só para pegar as pessoas, e ajudá-las a tratar do desespero. Pregam sobre o amor e a paciência de Deus. Lembram-nos que Ele compreende os nossos tempos de desencorajamento. Ouvimos: "Fique firme, forte. Até Jesus sentiu-se abandonado pelo Pai".

Não há nada errado nisso. Eu mesmo prego essas verdades. Contudo creio que existe ainda uma razão pela qual vemos tão pouca vitória e libertação: incredulidade. O fato é que Deus tem falado com grande clareza nestes últimos dias. E é isso o que tem dito: "Já lhes dei uma Palavra. Está terminada e completa. Agora, baseiem-se nela".

Que ninguém lhe diga que estamos experimentando fome da Palavra de Deus. A verdade é: estamos experimentando fome de ouvir a Palavra de Deus, e de obedecê-la. Por que? Fé é tão irracional. E a fé nunca nos vem pela lógica ou pela razão. Paulo declara simplesmente: "A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Rom. 10:17). Essa é a única maneira pela qual a verdadeira fé algum dia se elevará no coração de qualquer crente. Ela vem pelo ouvir - ou seja, crer, confiar e agir baseado em - a Palavra de Deus.

Quero encerrar com uma conversa imaginária entre o Senhor e um cristão desencorajado:

-O cristão: "Deus, estou afundado e sem coragem. O Senhor prometeu que não permitiria que eu carregasse qualquer carga que fosse pesada demais sem que me permitisse um escape. Mas nesse exato momento estou aniquilado. Que pelo menos o Senhor pudesse me dizer do que se trata tudo isso".

-O Senhor: "Eu te dou a Minha palavra". "Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas...Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão. Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento. Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho" (Salmo 32:6-8).
-O cristão: "Senhor, me sinto tão fraco. A minha força está quase no fim; a minha mente está inundada de medo e dúvidas. Não vejo saída. O futuro me parece sem chance".

-O Senhor: "Eu te dou a Minha palavra". "Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia, para livrar-lhes a alma da morte, e, no tempo da fome, conservar-lhes a vida. Nossa alma espera no Senhor, nosso auxílio e escudo" (Salmo 33:18-20).

-O cristão: "Senhor, às vezes sinto que devo Lhe ter ofendido. Essa provação de agora seria então um tipo de julgamento? Será que algum dia isso vai acabar?".

-O Senhor: "Eu te dou a Minha palavra". "Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações. O anjo acampa-se ao redor dos que o temem e os livra. Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia..."

"Os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor... Clamam os justos, e o Senhor os escuta e os livra de todas as suas tribulações... Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas os livra...O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam nenhum será condenado" (Salmo 34:6-8,15,17,19,22).

Em apenas três Salmos, recebemos o suficiente da Palavra de Deus para expulsar toda incredulidade. Insisto com você agora: ouça-a, confie nela, obedeça-a. E finalmente, repouse nela. Esse será o nosso testemunho do nosso fiel Deus, em meio à toda provação e aflição. 
 
 
Autor: David Wilkerson

Reivindicando o Poder Que Está em Cristo

Ao passar as Suas últimas horas com os discípulos, Jesus lhes diz: "Em verdade, em verdade vos digo, se pedirdes alguma cousa ao Pai, ele vo-la concederá em meu nome" (João 16:23). E então acrescenta: "Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa" (16:24).

Que declaração incrível. A cena se desenvolve e Cristo avisa Seus seguidores de que está partindo, e que não os veria por um curto tempo.
Ainda assim, no mesmo esforço de voz lhes assegura que tinham acesso à toda bênção dos céus. Tudo que teriam de fazer era pedir em Seu nome.

Ora, a maioria dos comentadores bíblicos diz que tal promessa não se aplicava aos discípulos ainda. Sustentam que os discípulos não podiam pedir nada no nome de Cristo enquanto Ele não deixasse a terra, e fosse estar na presença do Pai.

Mas as escrituras sugerem diferente. O exemplo mais claro é o do desconhecido que operou obras poderosas no nome de Jesus. Os discípulos tentaram parar esse homem porque ele não era do seu círculo. João comunica a Jesus: "Mestre, vimos um homem que, em teu nome, expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não seguia conosco" (Marcos 9:38).

Como Jesus respondeu a isso? "Jesus respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e, logo a seguir, possa falar mal de mim. Pois quem não é contra nós é por nós" (9:39-40). Cristo reconheceu o homem como sendo "comigo, do nosso lado".

Tal pessoa não era do círculo íntimo de Jesus, contudo mesmo assim era capaz de realizar milagres em nome do Senhor. Ao fazê-lo, declarava que todo o poder estava no nome de Cristo. Que coisa impressionante. Esse homem não gozava de intimidade pessoal com Jesus, como os doze. E nem tinha as grandes revelações que os discípulos tinham. Ele provavelmente era apenas um dentre as multidões a quem Jesus ensinou do alto dos montes, ou junto ao mar.

Mas tal homem obviamente era um apaixonado por Jesus. Por que? Porque se apropriou das promessas de Cristo, e agiu sobre elas. E milagres aconteceram. Ele também deveria ser um homem de oração e jejum. Afinal de contas, Jesus apontou que os demônios são expelidos só com oração e jejum.

Nesse aspecto, esse homem desconhecido se põe em total contraste com os discípulos de Jesus. Os doze haviam aprendido pessoalmente com Jesus a bater (à porta), buscar, pedir as coisas de Deus. Aprenderam em primeira mão que todas as bênçãos do Pai - toda a graça, o poder e a força - são encontradas em Jesus. E tinham ouvido Jesus dizendo às multidões: "Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma cousa em meu nome, eu o farei" (João 14:12-14).

Cá estava pelo menos um homem que seguiu as palavras de Jesus. Ele reivindicou a promessa de Jesus, e a sua fé foi honrada por Deus. Ele tinha a expectativa de o Senhor realizar milagres através dele, tudo em nome de Jesus Cristo. É por isso que Jesus agora diz a João e aos outros: "Até agora, vocês nada pediram em Meu nome. Então, peçam e receberão. E a sua alegria será completa" (v. 16:24). Ele estava dizendo: "Peçam já. Não fiquem esperando chegar uma outra hora. E não tentem esclarecer isso teologicamente. Entendam: o Meu nome tem poder sobre o diabo. E vocês têm esse poder, porque estão em Mim. Peçam, e o Pai o fará".

Em Face de Todo o Poder e de Todos os Recursos Que Temos em Cristo,
a Maioria dos Crentes Não Tem Pedido Quase Nada em Seu Nome

As palavras de Cristo aos discípulos me convencem: "Nada tendes pedido em meu nome" (João 16:24). Quando leio isso, ouço o Senhor cochichando: "David, você não tem reivindicado o poder que lhe deixei disponível. Você simplesmente precisa pedir em Meu nome".

Cá está o que creio entristeça mais o coração de Deus do que todos os pecados da carne juntos. O nosso Senhor é afligido pela crescente falta de fé em Suas promessas... pelas dúvidas cada vez maiores quanto a se Ele responde as orações ou não... e por um povo que reivindica cada vez menos o poder que está em Cristo.

O mundo jamais conheceu uma época mais necessitada. Contudo há menos petições do que nunca em nome de Jesus. Com o passar do tempo, os cristãos estão pedindo cada vez menos do Senhor. Estão com medo de darem um passo à frente, geralmente devido à incredulidade. Por isso pedem pouco ou nada em Seu nome.

Devo fazer a minha própria confissão. Tal como os discípulos, eu oro, jejuo, desfruto de intimidade com Cristo. Amo devorar a palavra de Deus, e me agarrar a Ele em oração. Mas me pergunto: qual o significado dessas coisas, se não produzirem fé em meu sublime Senhor? Eu me maravilho diante da majestade, da glória e do poder de Deus. Mas será que ajo em cima disso? Tenho íntima comunhão com o Senhor. Mas será que o meu tempo com Ele me fortalece da autoridade divina, me deixa ávido por reivindicar todo o poder em Seu nome?

É impressionante o quão fielmente a igreja se refere ao nome de Cristo. Nós o louvamos, o bendizemos, cantamos do "poder que opera maravilhas no bendito nome do Senhor". Tememos esse nome, nos glorificamos nele, gostamos de ouvi-lo citado. Mas não nos apropriamos do poder que está em Seu nome. Não o reivindicamos, nem agimos a partir dele.

E por que não? Por que todo crente não impõe as mãos sobre os doentes e reivindica o poder curador que está no nome de Cristo? Por que não intercedemos em Seu nome pelo despertamento espiritual de nossos filhos, familiares, amigos? Por que Satanás recebe tão pouca oposição de nós?
Será que alguma vez foi da vontade de Deus permitir que o inimigo destruísse nossos lares e casamentos?

A Bíblia diz que nestes últimos tempos, o diabo cairá sobre a humanidade "cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta" (Apocalipse 12:12). A minha pergunta é: esse diabo furioso encontrará uma igreja passiva, manquitolando? Será que encontrará um povo fiel que exalta o nome de Cristo, mas que não resiste ao inimigo pelo poder que está nesse nome? Encontrará ele um povo de Deus que desistirá facilmente, dizendo: "Cheguei ao máximo que eu podia chegar. Agora sou obrigado a ficar assim até que o Senhor volte"?

Não, nunca! Não temos de aceitar o que o diabo está dando. Não temos de ceder a seus ataques, ter medo dele, ou temer o futuro. Nas últimas semanas tenho fervido por dentro com ira santa contra Satanás e os seus poderes. A leitura das palavras de Jesus incendiaram a minha alma me fazendo levantar e dizer: "Chega, diabo. Vou contra você com todo o poder em nome de Jesus. Estou lhe avisando. Você pode convocar as hordas do inferno, porque vou resistir a cada um de seus ataques. E a palavra de Deus diz que você fugirá".

Satanás pode tentar trazer um dilúvio de aflições para dentro da minha vida. Ele pode atacar a minha família e os meus queridos. Mas cada dilúvio demoníaco será enfrentado por uma liberação do poder de Cristo.
O inimigo pode mandar demônio atrás de demônio. Mas cada um deles se chocará contra a inabalável parede que é o todo-poderoso nome de Jesus Cristo.

Temos de Remover Todos os Limites Que Colocamos em Deus

Isso é ilustrado de maneira muito vívida em Atos 3. No versículo 1, Pedro e João iam para o templo orar. Isso era seu hábito diário. E todos os dias, eles passavam por um homem que se assentava à porta do templo mendigando. O homem era coxo de nascença.

Mas esse dia seria diferente de todos os outros. Desta vez, quando os apóstolos viram o mendigo, uma raiva santa caiu sobre eles. Eles viram que Satanás permanecia sem ser desafiado na vida daquele homem por muito tempo. Estava na hora de homens de Deus cheios do Espírito se apropriarem do poder em nome de Cristo.

"Pedro, fitando-o, juntamente com João, disse: Olha para nós...Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou" (Atos 3: 4,6). Pedro estava dizendo: "Possuímos algo muito melhor do que todo ouro e toda prata do mundo. O que nós temos é muito maior do que todos os médicos e remédios da terra. Estou falando do poder que está no nome de Jesus Cristo. Nós o temos, e o damos a você".

E assim, Pedro diz: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda! E, tomando-o pela mão direita, o levantou...de um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus" (3: 6-8).

A multidão vendo isso ficou assombrada. Perguntaram aos apóstolos o que estava acontecendo. Pedro explicou: "Pela fé em o nome de Jesus, é que esse mesmo nome fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós" (3:16). Pedro estava basicamente dizendo: "Vocês conhecem esse homem há anos, e sabem que ele nasceu coxo. E agora querem saber como ele é capaz de pular e dançar. É por causa do nome de Jesus Cristo. É pelo poder no nome de Cristo que este homem foi curado, e por nenhum outro nome".

Note a expressão que Pedro usa para descrever o novo estado do homem: "saúde perfeita". Não importa o quanto a nossa luta pareça terrível ou desesperadora. Deus nos forneceu "saúde perfeita" em meio à ela. E essa saúde perfeita - concedida através do nome de Jesus Cristo - vai repelir todo dardo do inimigo.

Quando os oficiais do templo ouviram o que tinha acontecido, prenderam Pedro e João. E no dia seguinte, levaram os discípulos a julgamento. O sumo sacerdote exige que respondam "com que poder ou em nome de quem fizestes isto?" (4:7). Mais uma vez Pedro declara: "Tomai conhecimento, vós todos e todo o povo de Israel, de que, em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, sim, em seu nome é que este está curado perante vós" (4:10).

Eu lhe pergunto: como esses homens simples e humildes foram capazes de falar com tanta ousadia, com tanta confiança? Foi porque Pedro e João haviam removido todos os limites em Deus. Eles estavam dizendo em essência: "Não vamos limitar o Santo de Israel em nenhuma situação".

Eles pronunciaram fé prevalecente em relação à vida do aleijado. E nunca poderiam ter feito isso a menos que verdadeiramente cressem nas palavras de Jesus: "Se pedirdes alguma cousa ao Pai, ele vo-la concederá em meu nome" (João 16:23). Os discípulos sabiam que quando Jesus disse "alguma cousa" Ele estava tornando a promessa ilimitada. Cristo estava dizendo, "Todas as coisas que pedirem ao Pai em Meu nome, Ele lhes dará".

Devemos seguir o exemplo de Pedro e de João. Nós também devemos crer que todas as coisas são possíveis. E devemos remover todos os limites que colocamos em Deus para operar em nossas vidas.

Reivindicar o Poder no Nome de Cristo
Não é Uma Verdade Teológica Complicada e Oculta

Em minha biblioteca há livros escritos unicamente sobre o assunto do nome de Jesus. Os autores os escreveram para ajudar os crentes a entender as profundas implicações ocultas no nome de Cristo. Porém a maioria destes livros é tão "profunda", que não alcança a mente dos leitores.

Acredito que a verdade a ser conhecida sobre o nome de Jesus é tão simples, que uma criança poderia entendê-la. É simplesmente essa: quando fazemos nossas petições em nome de Jesus, devemos estar plenamente persuadidos de que é como se o próprio Jesus estivesse pedindo ao Pai. Como pode ser isso? pergunta-se. Explico.

Sabemos que o Pai amou o Filho. Ele falou com Jesus e O ensinou durante Seu tempo na terra. E Deus não somente ouviu como também respondeu todo pedido que Seu Filho fez. Jesus testifica isso, dizendo, "Ele sempre me ouve". Encurtando, o Pai nunca negou pedido algum ao Filho.

Hoje, todos os que crêem em Jesus estão revestidos de Sua filiação (ao Pai). E o Pai celestial nos recebe tão intimamente quanto recebe o Seu próprio Filho. Por que? É por causa de nossa união espiritual com Cristo. Através de Sua crucificação e ressurreição, Jesus nos tornou um com o Pai. "A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós...eu neles, e tu em mim" (João 17:21,23).

Simplificando, agora somos uma família - um com o Pai, e um com o Filho. Fomos adotados, com os plenos direitos de herança que todo filho possui. Isso quer dizer que todo o poder e todos os recursos do céu se tornaram disponíveis a nós, através de Cristo.

E, porque estamos revestidos da filiação de Cristo - herdeiros com Ele, co-participantes de Sua herança - sabemos que os nossos pedidos também são ouvidos pelo Pai. E Ele responde nossos pedidos, assim como respondeu aos do Filho.

Que autoridade inacreditável nós recebemos na oração. Como, exatamente, usamos essa autoridade? Através do nome do próprio Cristo. Veja, quando pusemos a nossa fé em Jesus, Ele nos deu o Seu nome. O Seu sacrifício nos capacita a dizer: "Sou de Cristo, estou n'Ele, sou um com Ele".
Então, surpreendentemente, Jesus recebeu o nosso nome. Como nosso sumo sacerdote, Ele o escreveu na palma da Sua mão. E então o nosso nome está registrado no céu, sob o Seu glorioso nome.

Você pode ver porque a expressão "em nome de Jesus" não é apenas uma fórmula impessoal. Antes, é uma posição literal que temos com Jesus. E esta posição é reconhecida pelo Pai. Jesus nos diz: "Naquele dia, pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei ao Pai por vós. Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de Deus" (João 16:26-27).

Eis porque Jesus nos ordena a orar em Seu nome. Ele está dizendo: "Toda vez que você pede em Meu nome, o seu pedido tem a mesma força e efeito com o Pai quanto se Eu estivesse pedindo". Em outras palavras, é como se a nossa oração estivesse sendo pronunciada pelo próprio Jesus diante do trono de Deus. Igualmente, quando impomos as mãos sobre os enfermos e oramos, Deus nos vê como se Jesus estivesse impondo as mãos sobre esses doentes para levá-los à cura.

É por isso também que devemos ir ousadamente ao trono da graça: para receber. Devemos orar confiantemente: "Pai, estou diante de Ti, escolhido em Cristo para ir e dar fruto. Agora faço amplamente a minha petição, para que a minha alegria possa ser completa".

Ouço Muitos Cristãos dizendo: "Eu Pedi em Nome de Jesus,
Mas Minhas Orações Não Foram Respondidas"

Esses crentes declaram: "Tentei clamar o poder em nome de Jesus. Mas isso simplesmente não funcionou para mim". Há muitas razões pelas quais não recebemos respostas à nossas orações. Podemos ter permitido algum pecado em nossa vida, algo que contamina a nossa união com Cristo. Isso se torna um bloqueio que detém o fluxo de bênçãos da parte dEle. E Ele não responderá nossas orações enquanto não abandonarmos o pecado.

Ou, talvez o bloqueio seja devido à mornidão, ou a um coração dividido em relação às coisas de Deus. Talvez estejamos sendo sufocados pela dúvida, que corta a nossa ligação com o poder em Cristo. Tiago previne: "Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma cousa" (Tiago 1:6,7).

Recebi uma carta a pouco de uma viúva cuja filha adolescente está afundada em pecado. Essa mãe diz que a filha foi no passado uma crente fiel, mas agora está presa às drogas e morando com o namorado. Por que essa queda terrível? O pai da garota teve câncer, e ela orou "Deus, não deixe meu pai morrer". Quando o pai faleceu, a menina fugiu o mais longe que podia do Senhor. Ela disse à mãe: "Dei uma chance a Deus. Eu orei com fé, em nome de Jesus. Mas Ele deixou papai morrer".

Uma vez sentei-me ao lado de uma senhora em um avião, e ela estava em lágrimas. Disse-lhe que era ministro, e perguntei se eu podia ajudar. Ela respondeu, "Acabei de enterrar o meu pai. Ele era um homem tão bom, a pessoa mais amorosa que já conheci. Orei pedindo que Deus o deixasse viver. Me diga, como que um Deus amoroso pode deixar que um homem bom como o meu pai morra? Não quero falar sobre Deus de jeito nenhum".

O nosso ministério recebe dezenas de cartas contendo histórias iguais a essa. Vez após outra, lemos palavras nesse sentido: "Orei com fé, crendo em Deus. Mas Ele não me ouviu. Esperei e esperei, mas Ele nunca respondeu. Não dá pra dizer que a oração funciona. Como posso render minha vida a Deus se Ele não responde minha oração?".

Talvez você se identifique com esses sentimentos. Você pode olhar para o passado numa situação quando orou com determinação e fidelidade - talvez pela cura de um ente querido, ou por um problema pessoal. Mas não veio resposta alguma. Você concluiu: "Deus não responde as orações. Se Ele chegou a ouvir a minha prece, eu não fiquei sabendo - porque Ele não fez o que pedi".

Talvez você não esteja bravo com Deus. Mas perdeu a confiança. Alguma coisa faz com que você não submeta o seu coração inteiramente a Ele. E assim parou de orar. Você não goza mais da plenitude das Suas bênçãos.

Tiago deixa claro: "O que tem dúvida não recebe nada de Deus". A palavra que Tiago usa para "o que duvida" significa não resolvido. A verdade é que quando essas pessoas fazem suas petições, elas põem Deus sob julgamento. No coração elas dizem: "Senhor, se me responder, vou Lhe servir. Lhe darei tudo se o Senhor responder pelo menos essa oração. Mas se não responder, vou viver minha própria vida".

Mas Deus não será subornado. Ele conhece os nossos corações, e sabe quando não estamos resolvidos em nosso comprometimento com o Seu Filho. Ele reserva o poder que está em Cristo para aqueles que se submeteram a Jesus inteiramente.

João 14 contém duas promessas grandiosas. Na primeira, Jesus declara: "Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma cousa em meu nome, eu o farei" (João 14:12-14). Jesus deixa a coisa simples no último versículo: "Peça qualquer coisa em Meu nome, e Eu o farei para você".

Dois versos adiante, Jesus promete: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros" (14:16-18). Aqui Cristo está dizendo: "Vos darei o Espírito da Verdade. E o poder dEle habitará em vós".

Essas promessas de Jesus são incríveis. Mas veja o versículo que está entre elas: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (14:15). Por que essa declaração aparece aqui? Cristo está nos dizendo: "Há uma questão de obediência conectada à estas promessas". Resumindo, ambas as promessas têm a ver com a guarda e a obediência à palavra de Deus. Elas foram dadas para serem cumpridas, com nada nos impedindo de reivindicar o poder que está em Cristo.

Estou Convencido de Que Pedir Pouco ou Nada em Nome de Jesus
É Uma Reprimenda a Ele

Ano após ano, muitos cristãos buscam cada vez menos. No fim, se fixam na salvação de Cristo apenas. Não têm nenhuma expectativa senão a de chegar ao céu algum dia.

Eu lhe pergunto: você chegou ao fim do seu Cristo? Você espera alguma coisa além de ser salvo pelo Seu poder e Sua graça? O seu Cristo acaba assim que Ele lhe fornece a capacidade para agüentar mais um dia? Ele acaba para você naquele momento de uma paz ou alegria ocasional, numa vida vivida na maior parte sob o assédio de Satanás?

Todas estas passagens da palavra de Deus me convencem de que o "meu" Jesus não é maior do que os meus pedidos. E, tristemente, muitos crentes fazem Cristo parecer insignificante e sem poder devido à sua incredulidade. Amado, não quero que o meu Cristo seja limitado. Pelo contrário, desejo que todos os demônios do inferno saibam o quanto o meu Deus é grande pela grandeza dos meus pedidos. Eu quero mais daquilo que provém do meu Cristo. Quero que Ele seja maior do que nunca em minha vida.

Eis a fé real: ela leva em conta todos os problemas e dores do povo de Deus por todo o mundo, toda situação de desespero, todas as viúvas, órfãos e idosos crentes que lutam pela sobrevivência. A fé coloca todas estas coisas tristes numa balança, e a observa descer. Mas aí a fé coloca Cristo no outro lado da balança. E se rejubila ao ver como Ele sobrepuja todos os pecados e aflições deste mundo.

Deus jamais pretendeu deixar que o diabo conquistasse os nossos corações e lares. Antes, Ele pretende que façamos uma declaração em alto e bom som. Devemos tomar a nossa posição em Cristo, e gritar: "Em nome de Jesus Cristo!". Está na hora de todo crente se levantar e declarar: "Chega de viver todo este tempo com medo. Em nome de Jesus Cristo não vou mais ter medo da morte, do homem ou do diabo. Quero que o mundo veja a insuperável magnificência do meu Cristo, pela grandeza dos meus pedidos. O meu Deus manda que eu peça abundantemente, e eu pedirei. Não há nada que seja difícil demais para Ele!".

Eu insisto: apodere-se da palavra de Deus, e creia que Jesus fez estas promessas para você. Elas são as armas da sua guerra, armas que são poderosas através dEle. E se tornarão poderosas em suas mãos quando você se apropriar delas e as reivindicar.
 
 
Autor: David Wilkerson