A Jesus, o Rei da glória,
Hinos de louvor cantai,
Aos Seus pés humildemente,
Se poder, pois exaltai.
Perdoados, resgatados,
Sua glória proclamai!
Contemplando Sua face,
Ó remidos, O adorai!
Dedicados, consagrados,
Sua fama publicai.
Oh! Louvai-O, exaltai-O,
Seu amor anunciai!
Henry John Guantlett
(1805-1876)
Jesus disse à mulher de Samaria: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o
Pai em espírito e verdade; porque o Pai
procura a tais que assim o adorem”. João 4:23.
De
acordo com o dicionário Expositório de Vine, a palavra grega que é traduzida
aqui como “procura” pode significar:
“Esforçar-se por obter ou desejar”, (Mateus 12: 46 – 47, Lucas 9: 9),
“Requerer, pedir ou exigir”, (Lucas 12: 48, 1
Coríntios 4: 2) e
“Informar-se, querer, perguntar e investigar”
(João 16: 19, Atos 9: 11).
Deus
procura os verdadeiros adoradores!
o Ele não está procurando pessoas que simplemente vão à igreja.
o Nem busca apenas pessoas para fazerem a limpeza da igreja ou cantarem no
coral.
o Nem simplesmente procura professores da Escola Dominical, pianistas ou
porteiros.
Não,
Deus está à procura de adoradores!
Os verdadeiros
adoradores são aqueles que adoram em espírito e em verdade. Eles se aproximam
de Deus para adorá-lO espiritualmente!
Mas
o que é adorar espiritualmente?
Primeiramente é
preciso que fique bem entendido que Jesus não estava falando sobre espiritismo nem espiritualismo.
Espiritismo é a crença de que os espíritos – isto é, espíritos de pessoas que
já morreram – podem ter contato com as pessoas que ainda estão vivas na terra.
Isto é condenado na Bíblia.
Em segundo lugar, a
adoração espiritual não é simplesmente uma adoração animada e espirituosa.
Talvez nem seja necessário dizer, que a verdadeira adoração nasce de um coração
fervoroso e cheio de devoção por Deus, e portanto normalmente manifesta fervor
em vez de indiferença – mas, ao mesmo tempo, entusiasmo e disposição jovial em
si mesmos não constituem adoração espiritual.
Em terceiro lugar, a
adoração espiritual não é para ser igualada com o falar em línguas, ter visões
ou ser batizado no Espírito Santo. Estes pensamento estão espalhados emtodas as
Igrejas por ai, e tem trazido muita frustação para vida de muitos crentes.
ADORAR
EM ESPÍRITO
Adorar o Pai “em espírito” ocorre quando o
espírito do homem (note o “e” minúsculo em João 4:23) fica em comunhão íntima
com Deus através do Espírito Santo. O problema neste ponto – segundo o
que afirmou Watchman Nee – é que muitos crentes ignoram a existência e modo de
agir do espírito humano. Alguns acham que o espírito deles é igual à mente ou
emoções. Achamos que não!
n A Bíblia sugere que a natureza do homem é composta de três partes –
corpo, alma e espírito.
VEJA 1ª Tessalonicenses 5:23.
n Cada homem tem um espírito.
VEJA Êxodo 35:21,
Deut. 2:30, Jó 32:8, Prov. 25:18, 1ª Cor. 2:11.
Os
teólogos, às vezes, se referem ao espírito humano como o elemento que está
cônscio de Deus. Como crentes, nosso espírito:
Ø Se regozija em Deus (Lucas 1:47),
Ø Ora (1 Cor. 14:14-15),
Ø Adora (João 4:23),
Ø Recebe o testemnunho de Deus (Rom. 8:16),
Ø E “…se ajunta com o Senhor” (1 Cor. 6:15-17).
Por outro lado, uma
pessoa descrente está morta espiritualmente e separada da vida de Deus e de
cada virtude piedosa. Isto não elimina a possibilidade de que um perdido possa
adorar espíritos maus, (Apocalipse 13:4) e talvez ser ajuntado a falsos deuses
(Números 25:3), mas tal adoração é do espírito caído e/ou demoníaco, em vez de
verdadeiramente espiritual.
Não há religião,
cultura, sistema de ética, nem lei que possa melhorar o espírito humano após a
queda. Uma pessoa perdida pode viver
em ansiedade, curiosidade, alegria, orgulho, pena, prazer, encantamento,
maravilha, vergonha, amor, remorso, desgraça – ou pode ser cheia de ideais,
imaginações, superstições, dúvidas, teorias, induções, deduções, descernimento
– ou talvez seja impelida pelo desejo de poder, riquezas, reconhecimento,
liberdade, posição, fama, elogio, conhecimento – levada a fazer decisões, a dar
opinião, a abraçar doutrinas e enfrentar dificuldades. Mas a regeneração nunca pode vir através de nada disso.
Sentir-se triste
pelo pecado, derramar lágrimas, fazer uma decisão não traz salvação. Todos os
nossos atos religiosos, nossa aceitação mental e nossa busca por coisas boas e
verdadeiras são atividades da alma, a
menos que sejamos nascidos de novo.
n O novo nascimento é um milagre da graça de Deus que age no interior de
cada ser humano – o espírito. Deus
dá a Seu povo um espírito novo (Ezequiel 36:26), que não pode pecar (1 João 3:9). Ao mesmo tempo, o Espírito
Santo vem habitar em nosso espírito regenerado.
VEJA Ez. 36:27,
Rom. 8:9, 1 Cor.6:19.
Adorar a Deus “em espírito” significa a adoração que nasce
da operação do Espírito Santo dentro da nova criação. É a adoração que o
Espírito Divino inspira dentro do espírito humano regenerado.
Mais uma vez, adorar
“em espírito” significa aquilo que é interior,
mental e espiritual. Deus não tem corpo visível nem partes físicas. Se Ele
fosse assim talvez se esperasse que O adorássemos com coisas materiais – mas
sendo Deus puramente espírito, Ele deve ser adorado em espírito.
Charles Spurgeon disse: “Não é adorando
a Deus com hinos e orações, ou se sentado em certo lugar, ou cobrindo o rosto
em certos momentos que nossa adoração se torna aceitável a Ele. A adoração
verdadeira está no coração que O reverencia, na alma que O obedece e na
natureza interior que chega à conformidade de Sua própria natureza, pela obra
do Seu Espírito em sua alma”. (O Púlpito Metropolitano, volume 12, página 333).
Completamente
oposta a adoração espiritual está a carnal – ou, como podemos dizer, aquela que
é pela força da carne e sob a direção da carne.
O
que queremos dizer ao nos referir à “carne” neste contexto?
Jesus disse: “O que é nascido da carne é carne”. João 3:6. Em outras
palavras, a carne assim mencionada se
refere ao total de tudo o que o homem é por natureza; é nossa condição por
nascimento. Tal carne é composta de corpo e alma – nossas disposições e
características e tendências herdadas – a qual é escrava do pecado,
tornando-nos também escravos.
E Deus a rejeita!
o Quer seja a carne no púlpito,
o Quer no banco da igreja,
o Quer na consagração,
o Quer na oração, no cantar,
o No ler a Bíblia,
o No realizar obras religiosas
o E nas boas obras...
Jesus disse que tudo o que pertence à carne “para nada aproveita’. João
6:63.
E isto é algo que os
crentes, e também os descrentes, não podem esquecer. Os crentes, com frequência,
tentam adorar a Deus através de meios carnais. Buscamos a perfeição através da
carne e intelecto humano. Veja Gálatas
3:3.
Tentamos conseguir
vitórias espirituais por aquilo que fazemos e com formas de religião física que
iniciamos. Assim a carne – numa forma que parece até boa – insinua-se no
aspecto mais santo e sagrado de nossa vida.
Adorar “em espírito” também se opõe ao que é externo e exige auxílio
humano. A adoração espiritual não precisa de nada que seja físico.
A adoração carnal,
por outro lado, revolve quase que completamente ao redor de coisas tais como:
Tempos e estações,
lugares e rituais,
Música de teclado e
coral vestido a rigor, torres de igreja e cruzes...
E muitas outras
coisas físicas.
Elas são erradas? Não necessariamente. Talvez algumas delas
tenham lugar como “expressões” de adoração – mas se forem exigidas, então tal
adoração deixa de ser espiritual. A adoração espiritual não exige nenhum
cenário físico nem condições em particular.
Então, a fim de adorar de maneira certa, temos que reconhecer a
insuficiência total de todas as coisas físicas e a incapacidade total da carne. Repetimos: “A carne
para nada aproveita”. João 6:63. Só uma pessoa na qual habita o Espírito Santo – um
crente verdadeiro – tem acesso por esse espírito ao Pai.
Veja Efésios 2:18. Que privilégio! No poder e sob a direção do Espírito Santo podemos
chegar com confiança ao Pai, através de Cristo.
ADORAR
EM VERDADE
Outra coisa que notamos no texto
bíblico é que a adoração que Deus procura é a que é “em verdade”. E isto fica de mãos
dadas com o adorar em espírito. Porque o Espírito Santo testifica com nosso
espírito como “o
espírito da verdade”. Veja João
14:16-17; 15:26; 16:13.
Isto descreve a
natureza do Espírito Santo – e enfatiza ainda mais a obra principal do Espírito
Santo na aplicação da verdade. É através do
Espírito divino que os crentes experimentam o poder da verdade revelada em seus corações.
O
que é esta verdade revelada?
A Bíblia. A Palavra
de Deus é a verdade. Veja João
17:17. A fim de adorar a Deus em verdade temos que
adorar em harmonia com as Escrituras.
O Espírito da
verdade nunca guiará na direção oposta à Palavra da verdade, e nos desviamos de
Deus cada vez que nos afastamos das Escrituras. Veja Mateus 22:29. Adoramos
de acordo com as Escrituras da verdade pelo poder do Espírito da verdade. Todas as outras formas de “adoração” devem
ser rejeitadas. O próprio Deus não as levará em consideração.
A Bíblia também
revela Jesus como “a Verdade”. Veja
João 14:6. A verdade não é encontrada num sistema filosófico, mas numa
Pessoa! Adorar “em verdade” é adorar o Pai
através do Filho. Isto é difícil para algumas pessoas aceitarem
– tais pessoas acreditam na mentira de que todos os chamados “evangelhos”
são igualmente bons e que todas as religiões são igualmente válidas. Por isso
dizem que nós, os crentes, somos severos porque ensinamos que Cristo Jesus é o
único caminho ao Pai. Elas não seguem o caminho de Deus nem creem na verdade de
Deus.
O Apóstolo Paulo
disse que não recebem “o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes
enviará a operação de erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados
todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade”. 2 Tessalonicenses 2:10-11.
Este é um pensamento
solene. Multidões de pessoas religiosas, no mundo inteiro, tentam todos os dias
adorar a Deus, mas é em vão – elas se aproximam com os lábios, mas o coração
está longe d’Ele.
Qualquer ensinamento
religioso que tenta depreciar a verdadeira adoração espiritual – e que tenta
tornar a cristandade em mero culto formal e cerimônia externa – não é aceito
por Deus e é indigno aos santos.
Só em espírito e em
verdade é que podemos nos aproximar do Pai através do Filho – não numa mera
formalidade, ou aceitação mental ou fingimento hipócrita, mas numa realidade
espiritual. E o Pai fica satisfeito com isso. Só assim Ele encontra o que
procura!
Autor: Pr Scott Guiley